Gosto muito dos (poucos) pubs onde já estive em Londres. Gosto das comidas ligeiras e do ambiente simpático e informal.
Como é verão e a covid espreita sem ser vista, escolhemos um pub numa zona arborizada e ficámos na esplanada, como convém. Perto das mesas de madeira e sem toalha, pequenos recantos coloriam-se de flores.
À entrada do restaurante, um funcionário ia organizando as chegadas. Era brasileiro e estava sem máscara, tal como todos os colegas que lá trabalhavam. Naturalmente, abeiravam-se dos clientes, registavam os pedidos, traziam a comida, etc sempre sem máscara e à distância do antes covid. Confesso que me fez confusão.
Na viagem de ida para o pub, como a distância era bastante longa e o percurso seria quase sempre a subir, preferi ir de uber. O motorista chegou sem máscara. Perguntámos se podia pôr a máscara. Não, respondeu, porque estava isento. Eu desconhecia a possibilidade de estar isento de máscara, pelo menos neste tipo de trabalho. Pedimos desculpa e chamámos outro carro, mas a uber cobrou o serviço não realizado. Tem, portanto, o direito à opção de usar ou não máscara, mas os utilizadores só têm a opção de aceitar o que vier.
Voltemos ao pub. Durante o almoço, chegámos à conclusão que a grande maioria das pessoas que lá estava já tinha feito anos mais de sessenta vezes. No entanto, o ambiente era leve e airoso. E bonito. Quase toda a gente tinha ar de quem estava ali desfrutando do mais que legítimo direito de viver a vida e não porque já não tem vida para viver.
O mesmo sentimento tive nos parques e nos cafés entre árvores e flores ao ar livre. A imagem com que se ficava por aquela amostra era que toda a gente vivia feliz, vivia bem e vivia acompanhada, independentemente da idade.
Mas, pelos vistos, não é bem assim. O que se via era apenas um bocadinho da realidade, belo e risonho por sinal. Há quase dez milhões de pessoas no Reino Unido que vivem sós, daí ter havido a necessidade de criar o Ministério da Solidão. E a solidão não atinge só os mais velhos, mas os diferentes grupos etários.
De facto, um par de dias ensolarados revela apenas uma nesga do céu e muitas nuvens escondem o resto. Sem deixar de ser belo, é claro, o pouco que está à vista.