segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Pingos


Espinafres e bombas


Como já estamos em setembro, quando me levanto e abro a janela, olho a cor do céu e o chão para ver se choveu. Porque o ano vai de seca e a chuva é precisa como água para a boca. Hoje via-se que tinha chovido, embora pouco.
Para além de ser bom para o ambiente, poupa-me trabalho a regar o quintal. E os espinafres ficam mais viçosos e verdinhos.
Eu sei que há problemas maiores do que gostar de ver o quintal regado, como as bombas destruidoras que têm sido lançadas da Coreia do Norte e não só. Pelo poder narcísico de loucos, que se julgam deuses.
E pensar que eles acedem às bombas com a facilidade como eu colho espinafres no meu quintal!

sábado, 2 de setembro de 2017

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

HAMPSTEAD - um filme cool!


 Quando vi anunciar o filme HAMPSTEAD, logo fiquei com curiosidade de o ver, porque é uma zona de Londres onde já fui várias vezes e de que gosto muito. Pelo enorme parque, pelas mansões com jardins floridos, pelos pubs antigos e confortáveis, pelas lojas pequeninas, pelas ruas estreitas com vasos coloridos à janela...
Deliciei-me a rever no filme, de Joel Hopkins, alguns desses espaços.
A história, em si, pareceu-me demasiado cor-de-rosa: uma mulher viúva (Diane Keaton), vive num bom mas degradado apartamento em Hampstead. Os dias são passados com atividades de voluntariado e a tentar resolver problemas financeiros. 
Um dia, do sótão, avista um homem (Brendan Gleeson) que vive numa barraca, numa zona do parque (Hampstead Heath), quase escondida pelo arvoredo. 
Conhecem-se, ela fica fascinada pelo estilo de vida daquele homem que optou por viver sozinho no local há dezassete anos e apaixonam-se.
Mais não digo, porque também não gosto que me contem o final dos filmes.
Agradou-me a vida em contacto sereno com a verdade da natureza, a ternura revelada pelo casal, mas apetece dizer que, na vida quotidiana, tudo seria bem diferente, embora saiba que a uma obra de arte não se deve pedir que retrate apenas a realidade.
Seja como for, o filme motivou-me a voltar a Hampstead e a Hampstead Heath.

Maravilhas de proximidade


quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Há mar e mar: sentir e cantar

"Meu querido mês de agosto"

Estas imagens são de Castro S. Paio, uma praia e grandes rochedos, entre Vila Chã e Angeiras.
Convida a uma bela caminhada até lá. Já a fiz várias vezes. Este ano, com uma das minhas filhas, saboreei belas  maresias e pedrarias, sentada numa pequena esplanada que lá existe. 
No cimo do castro, existe uma pequena capela rodeada de um grande adro. Aproximando-me dela e olhando as ondas, lembro-me sempre das Cantigas de Amigo, versos amorosamente escritos no princípio da nacionalidade, sendo D. Dinis um dos seus cultores.
Hoje chega ao fim o mês de agosto, mas, felizmente, estas belezas continuam. Talvez agora com um pouco mais de silêncio, aberto ao azul.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

E finalmente caiu a chuva

Agosto está quase no fim - a avaliar por muita coisa, incluindo as nuvens e as contas para pagar.
O tempo e talvez um pouco mais de recolhimento pedem leitura. Tenho-me atirado a livros de Elena Ferrante. Ontem, terminei um (A amiga genial) e hoje comecei o segundo volume (História do novo nome). Estou encantada e apetecia-me ler, ler, ler...
Como as obras remetem para os anos sessenta, verifico que as histórias,  que se passam em Itália e sobretudo em Nápoles, não eram assim tão diferentes das que vivíamos em Portugal, como a violência doméstica, a pobreza de muitos e a riqueza de alguns, o desejo de libertação e a queda noutros aprisionamentos...
E é fascinante o gosto pela leitura de algumas personagens, a rebeldia, a inteligência, a vontade de estudar e de saber...
Tudo numa escrita tão fluente e coloquial que parece que se está a assistir ao desenrolar dos factos de forma direta e sem artifícios. Escrever assim é um dom e significa ter trabalhado muito a linguagem e a observação do mundo.
Se não tivesse outras prioridades, reabria o livro e fechava-o só ao fim da tarde.
Não posso. Não se pode ter tudo.
Mas felizmente veio a chuva.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Adieu, Janne Moreau (1928/2017)


O GEBO E A SOMBRA - Trailer

Jeanne Moreau - Amor pelo Cinema

Jeanne Moreau - Le Tourbillon

Jeanne Moreau - Amor pela Música

domingo, 30 de julho de 2017

Um (bom) domingo tem música

Porque hoje é domingo

 

Domingo Irei

 

Domingo irei para as hortas na pessoa dos outros,
Contente da minha anonimidade.
Domingo serei feliz — eles, eles...
Domingo...
Hoje é quinta-feira da semana que não tem domingo...
Nenhum domingo. —
Nunca domingo. —
Mas sempre haverá alguém nas hortas no domingo que vem.
Assim passa a vida,
Sutil para quem sente,
Mais ou menos para quem pensa:
Haverá sempre alguém nas hortas ao domingo,
Não no nosso domingo,
Não no meu domingo,
Não no domingo...
Mas sempre haverá outros nas hortas e ao domingo!


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa 


Domingo à tarde - Seurat
Bailarines - Fernando Botero
Baying - Paula Rego

sábado, 29 de julho de 2017

Um dia de Sol no Furadouro


Um palheiro no Furadouro




Este é considerado o último palheiro (casa de pescadores) do Furadouro.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Dead Combo - Sem assobiar para o lado

Jacques Brel - Tous les ports

Adieu, Barbara!

Como se tivesse tempo de lá ficar

Ou são coisas urgentes a tratar, ou são afazeres que não se podem adiar, ou são pequenos consertos que têm de ser feitos, ou é o apoio necessário aos familiares mais velhos... os dias passam a voar. E se voam. 
E quase que nem há tempo para desfrutar um pouco do tempo, do sol e também do vento que, nos últimos dias, tem soprado às vezes quente (nada bom para os incêndios que não param), outras vezes bem fresco com a interferência da proximidade do mar.
Pois, tenho um livro que não avança, um trabalho que não desenvolve, o meu blogue onde não tenho vindo e que também me faz falta e vários etecetras que os seres comuns como eu e que tenham a vida comum como a minha bem conhecem.
E a propósito do blogue, é fascinante registar que vai havendo tempo para visualizações em diferentes países do mundo, para além de Portugal. Maravilha das novas tecnologias. 
Não conheço os rostos, não conheço as idades, sei apenas que estas simples mensagens são lidas perto e bem longe. E, da minha parte, é motivo para muita e serena alegria. E deixem-me dizer obrigada porque todas estas pequenas coisas me fazem feliz.
Mas lá está o relógio a dizer-me que está na hora de telefonar porque a tarefa é urgente.
Antes, porém, vou abrir a janela como se tivesse tempo de lá ficar.








sexta-feira, 21 de julho de 2017

E ainda não víamos a Glorinha à janela

Salvador Dali
Quando eu era miúda, viam-se mais pessoas à janela do que agora, pelo menos na minha aldeia. Muitas dessas janelas estão agora sem ninguém e não raramente em ruínas.
Quando as olho, parece que ainda vejo essas pessoas. Talvez recolhessem, com os olhos, motivos que lhes alimentavam mais gostosamente os dias: quem passava e com quem passava; palavras que o ar deixava ouvir; o que os vizinhos faziam e como faziam... E tudo regalava a vista como quando procuramos o mar para nos lubrificar a alma.
Algumas dessas pessoas - sobretudo mulheres - apoiavam os braços no peitoril das janelas e ali ficavam muito tempo quando a lida da casa o permitia e era preciso um pouco mais de ficção nas suas vidas.
Também havia homens à janela, embora fossem mais raros. Lembro-me de um que passava uma boa parte das manhãs de sábado à janela. Ajeitava-se aos peitoris, tal como as mulheres, e ia virando o rosto para a esquerda e para a direita, consoante as imagens que queria observar.
Outra mulher havia que - dizia ela - tinha de saber o que se passava para contar ao marido que trabalhava em casa e raramente saía. A janela era uma espécie de jornal local.
Era o tempo de canal quase único de televisão. E ainda não víamos a Glorinha, a da telenovela Gabriela, também à janela à procura de ver fora ou o que não podia encontrar dentro.
 Agora, o tempo não dá para ser passado à janela e as televisões substituem-nas com muitas imagens tão coloridas como ruidosas para quem está em casa.
Quando passo, sobretudo a pé, e ainda vejo alguém à janela, saúdo com um sorriso, como se o tempo não tivesse fronteiras.