A minha irmã chamava-se Leonor e muitas vezes sou confundida com ela, o que será natural, porque tínhamos idades muito aproximadas e muitas semelhanças físicas. O mais estranho é que às vezes me chamam Leonor, mesmo pessoas que não a conheceram.
Há umas semanas, chamaram-me dona Manuela, depois compreendi porquê: há outra pessoa na família com esse nome. Para dona Olga, como também me chamaram há dias, é que não encontrei explicação. Achei graça e passei à frente.
Já dona Dores, como acontece com frequência, aproxima-se mais e leva-me até a sorrir e a brincar com o nome que os meus pais e talvez padrinhos preferiram pôr-me traduzido e que, quando eu era menina e moça, de cabelo forte e preto e brincos de argolas, levava a que me perguntassem se eu era espanhola.
Ora, a confusão de nomes não me faz confusão. Às vezes é até divertido e não me faz perder a identidade. Do que não gosto mesmo nada é quando me chamam ó dona, como é hábito de algumas pessoas. Uma vez, um ex-vizinho dirigiu-se-me ó dona, a propósito de um assunto qualquer que tinha a ver com o quintal. Eu respondi-lhe, pondo a palavra no masculino e ele levou a mal!!!
Pronto, nesta tarde em que o meu computador marca 26 graus, mas no Sul e noutros países marcaria bem mais, lembrei-me deste fait divers, mas as altas temperaturas não o são, marcando que, afinal, somos donas e donos de muito pouco. E isso é um assunto cada vez mais sério.