Foi como se entrasse de novo naquela casa. De paredes velhas mas retocadas com paciência durante longuíssimos anos. De telhado com ninhos vigiados, para que não deteriorassem as telhas nem entupissem os canos.
Foi como se parasse no telheiro da casa e revisse os molhos de redondas cebolas penduradas e prateleiras cheias de batatas e alfaias antigas no chão térreo. Ah! E como se olhasse a coluna de granito, como um esteio, com vasos viçosos à sua volta, a segurar os barrotes grossos mas fragilizados do palheiro.
Foi como se encontrasse as habitantes da casa a regar as plantas pela fresca das manhãs, a descansar nas tardes de estio, em recolhimento dos dias invernosos.
Foi como se visse perto a cadela da casa que, a correr, amedrontava. Ou pressentisse o agitado pato brincalhão a querer roubar-me o pão, quando eu era criança. Ou os fofos coelhos. Ou as ninhadas amarelinhas de pintos seguindo a segura mãe galinha...
Foi como se sentisse de novo o cheiro dos vegetais acabados de colher e logo saboreasse alguns, mesmo crus.
Foi como se cada coisa daquela casa me trouxesse as mesmas emoções e sensações boas e diferentes.
Foi como se aquele sonho fosse uma visita feliz àquela casa. Ainda que breve.
Por vezes o visitar/recordar cria emoções inexplicáveis.
ResponderEliminar.
Saudações amigas
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Se cria. É como se agarrássemos um bocadinho o tempo e coisas boas que ele nos trouxe, embora ele fuja a correr.
EliminarUm dia feliz, Ricardo.
Boa tarde
ResponderEliminarO sonho foi bom e vai prevalecer como se fosse verdade.
JR
Bom dia.
EliminarSim, a verdade de cada um(a).
Um dia muito bom, Joaquim.
Será que se refere à velha casa em a Ver o Rio? Até me custa acreditar Maria Dolores...
ResponderEliminarUm pouco de ficção, realidade ou uma mistura das duas como quase tudo o que se cria? Parece um voltar à velha casa que guarda muitas recordações.
Boa noite.
Que bom, Joaquim, ter referido a casa de A Ver o Rio. Não, esta é outra. Nesta, ficaram mais pedaços da minha infância.
EliminarUm dia bem feliz.
Estas recordações fazem tão bem à alma!:)
ResponderEliminar-
Solto mil pensamentos coloridos ...
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Beijos, e uma excelente semana
Se fazem, Cidália. Acho que 'recordar não é viver', mas é bom.
EliminarUm beijinho
Boa noite. Esse texto nos faz lembrar dos lugares que passamos e nos trazem boas recordações.
ResponderEliminarBom dia, Luiz. E, felizmente, quase todos nós temos lugares da memória que são bons, ainda que não perfeitos, porque (quase) nada o é.
ResponderEliminarUm abraço
É bom quando se despertam sensações e emoções!!! 👏👏👏
ResponderEliminarAcho que todos passamos por isso em relação a espaços importantes na nossa infância.
ResponderEliminarObrigada e um beijinho
Já não sonho tão bonito. Mas não tenho grande memória de casas, lembro melhor espaços livres e gente; ou situações ocorridas; tal como nos filmes não oiço a música, nas situações não sei as casas onde ocorrem. Esse seu sonho é um encanto e está tão bem descrito que até julguei fosse nova história.
ResponderEliminarQuando garota pequena, nasciam-me feridas pelo corpo. Lembro-me delas e conservo algumas marcas. Certa vez estava junto à rede da capoeira (passava muito tempo a olhar as galinhas e os perús) e tinha um dedo desgraçado por uma ferida violácea, inchada e purulenta. Veio uma galinha sorrateira e bicou-ma. Foi uma berraria. A casa de minha avó floria por todo o lado. Mas no interior nunca vi um vaso ou sequer uma haste de flor. Cada pessoa é um mundo.
Sim, há lugares que nos ficam, mas pessoas também, felizmente. E até alguns animais, como a cadela e o pato que me assustava imenso, porque ia atrás de mim, sobretudo se tinha pão na mão. E também galinhas e coelhos. A tal galinha sorrateira é que foi mesmo de ficar na memória. Imagino a dor.
ResponderEliminarDesde miúda que estou habituada a ver flores e plantas nas casas, mas cada pessoa tem, de facto, as suas preferêncas e prioridades e tem direito a tê-las.
Ah, obrigada, Bea, pelas palavras simpáticas.
Uma noite bem descansada
Há locais que criam vivências na nossa memória que nunca mais se esquecem.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Bem verdade, querida Elvira.
ResponderEliminarUm abraço e muita saúde também