Quando eu era pequena, devido à grande religiosidade da minha mãe e, talvez, aos costumes da época, não fazíamos árvore de Natal em casa. Porém, nunca faltava o presépio que fazíamos sempre com musgo que íamos buscar ao "monte". O monte mais não era do que uma mata num terreno mais alto do que a nossa aldeia. Levávamos uma cestinha e, com as pequenas mãos, arrancávamos plaquinhas de musgo que grassava nas zonas mais frias e cobertas de árvores.
Fazer o presépio era uma tarefa do frio dezembro com as figurinhas que, de ano para ano, a minha mãe guardava numa caixa de sapatos; com a cabaninha onde colocávamos a estrelinha dourada de cartão; com os caminhos de saibro que alinhávamos sobre o musgo. Depois de concluído, começava o Natal.
O tempo não era largo em gastos nem em desperdícios. Depois da ceia de Natal, era a hora de pôr o sapatinho na chaminé para que o Menino Jesus lá deixasse o seu presentinho.
Era tanta a inocência que, uma vez, pareceu-me ver o Menino Jesus a depositar as prendinhas. E tinha caracóis, afirmava eu.
Devo ter sonhado porque o Natal também é sonho. Talvez por isso, agora, que simplifico o presépio e faço uma pequena árvore de Natal, é-me impossível não lembrar a infância.
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