sábado, 12 de abril de 2014

"Se à entrada não pedissem a poesia".


BENGALEIRO OU HORACIANAS

Físico o tractor quente arremessou
Contra as colheitas de ouro o breu de corvos
Trazendo a noite em ondas de onde andou
De foice afoita, a luz sugando a sorvos.
Modorrento, o vapor da chaminé,
Máquina de fazer nuvens, levando
Ondinas ao empíreo mar, rapé
Da paz entre titãs que ordenhando
Alheias colinas se houvessem mais
Desavindo. Van Gogh ou Fabergé:
Ovos de palha, gemas siderais
Chocados em estrelado canapé.
Entrar nesta pintura eu queria
Se à entrada não pedissem a poesia.


Daniel Jonas, in Sonótono, Cotovia, 2007


A propósito de um comentário, procurei alguma informação
sobre este poeta que nasceu no Porto, em 1973.
Partilho agora este poema.

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