sexta-feira, 18 de abril de 2014

ESCREVER contra a morte


 Há muitos muitos anos, li os Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez. O romance impressionou-me pelos enredos ao longo de várias gerações. Era difícil não conhecer alguém semelhante a uma qualquer personagem.

Este ano, no 10º ano de escolaridade, abordámos o conto "Surpresas de agosto", incluído na coletânea Doze Contos Peregrinos do mesmo autor.

A história começa assim:

"Chegámos a Arezzo pouco antes do meio-dia, e perdemos mais de duas horas à procura do castelo renascentista que o escritor venezuelano Miguel Otero Silva comprara naquele recanto idílico da campina toscana. Era um domingo de princípios de agosto, ardente e buliçoso, e não era fácil dar com alguém que soubesse fosse o que fosse no meio das ruas a abarrotar de turistas".

O final - não o transcrevo no intuito de aguçar a curiosidade de quem o não conhece - é inesperado e confirma o "realismo mágico", sabiamente manejado pelo escritor.
Recordo-me da reação de alguns alunos (muitas vezes dizemos que nada lhes agrada e nada os surpreende) de aberto espanto perante o final inesperado e nada convencional.

Os meios de comunicação social estão a divulgar a morte deste grande escritor que nasceu na Colômbia em 1927.

Morreu o homem mas a sua obra reitera a ideia que ESCREVER é também uma luta contra a morte.





2 comentários:

  1. Muito bom dia!
    Por causa (e ainda bem!) deste teu apontamento virtual, Dolores, fui (re)ler o conto referido. e descobri que o livro mora cá em casa (desde 1994), mas é um dos Garcia Márquez que não tinha lido. Li sete contos de uma só enfiada, começando pelo dito cujo (porque não se consegue parar.).

    São surpreendentes. Os finais são todos inesperados e há dois que, como dizer?, são incomodativos - "Só vim fazer um telefonema" e o "rasto do teu sangue na neve"! Um de um surrealismo feliz - A luz é como a água",,,
    Deste autor, que já nos deixou como autor há algum tempo, devido à doença que o foi levando, li esse grande livro de que tu falas, "Cem anos de Solidão", também "Crónica de uma Morte Anunciada", "Ninguém escreve ao Coronel" e "O Outono do Patriarca". E há por aqui mais dois para ler. Tenho de ler, sem falta, "O Amor em tempos de cólera". É pena que tenha partido, mas não viveu em vão: ficará sempre a obra que o torna imortal!

    bjinho e boa Páscoa!
    IA

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  2. Obrigada, IA

    Como sempre com grande atenção aos textos e aos autores.

    Reitero a ideia de que a imortalidade lhe virá da obra construída em vida.

    Um abraço e uma Páscoa feliz, também iluminada pelos livros que lês e que escreves.
    M.

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