quinta-feira, 17 de abril de 2014

Rosinha


Todos os dias, enquanto o marido dormia mais repousado, vinha fazer uma visita ao quarto 25. Chegava, saudava com palavras simples e sorridentes. “Então, Rosinha, está melhor?”

Rosinha olhava-a e tentava sorrir também, balbuciando, a custo, algumas palavras para retribuir a simpatia.

E ela dizia para a acompanhante de Rosinha: “Vou ficar cá até à próxima semana. O meu marido sente-se melhor assim. Chego-lhe mais vezes água e chamo a enfermeira quando é preciso”.

E virava-se para Rosinha e dizia: “Quando estiver boa, vem a minha casa tomar um chá. Afinal moramos perto”.

Ontem não veio. Nem no dia anterior tinha vindo. Perguntei.

Para esse quarto já tinha vindo outra pessoa.

3 comentários:

  1. demasiado familiar essas ausências.bah. beijos gordos

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  2. sim, eu sei querida ! assisti a tal em várias fases da vida. até na gravidez isso aconteceu na minha enfermaria. faz parte da vida essa ausência definitiva. eu penso que ajuda escrever sobre tal. prefiro do que contar a alguém. tu transmite muita serenidade eu sou mais do tipo cão raivoso.. muitos mimos. Estás a ser (és) uma pessoa excepcional em todo este contexto. mais mimos.

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