Sexta-feira de manhã, quem entrava na escola onde trabalho, não ficava indiferente aos livrinhos azuis que havia caídos no chão. Pareciam pequenas agendas, mas, olhando melhor, logo se dizia: olha, é o Novo Testamento!
Uns rapazinhos jogavam futebol com alguns; outros, divertidos, atiravam-nos ao ar....
Uns respondiam aos reparos dizendo que podiam fazer deles bola de futebol, porque não não os tinham pedido a ninguém; outros diziam que podiam fazer o que quisessem porque os livrinhos eram deles...
Um aluno do Secundário dizia, com ar jocoso, que a leitura do texto ia ser boa porque tinha o Novo Testamento na mão! Outro comentava que o Novo Testamento se podia estragar, mas o Velho não!
Pelo que se dizia, os livrinhos - com o Novo Testamento - tinham sido distribuídos, ao desbarato, à porta da Escola, onde chegaram num grande caixote.
Uma aluna dizia, com ar sensato, que tinha visto alunos sensatos a deixar os livrinhos na beira da janela e fazia o gesto para explicar melhor que ali já havia muitos, mas não tardaria que ficassem todos molhados com a chuva ou fossem empurrados pelo vento.
Em tempo de cortes e de míngua, custa ver livros estragados, sejam eles quais forem, para além dos diferentes sentidos que possam assumir.
Devido a tantos cortes e a tanta míngua quer-se cativar as almas, esvaziando rapidamente um caixote. Mas, apesar de os tempos irem difíceis, não será fácil assim! Mas como agora quase nada é fácil...
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