Há um ano que cultiva uma horta. Assim, não precisa de comprar as hortaliças para casa. Também sente que lhe faz bem, porque nem pensa na doença que a impediu de continuar a trabalhar fora, o que tanta falta lhe fez.
Trabalhar a terra alivia-lhe a mente e sempre gostou de colher o que ela própria tinha semeado. Como a chuva foi abundante durante o inverno, não deu vazão às ervas daninhas que cresciam, cresciam... Sabe, contudo, que sempre vem um dia com boas abertas ou até com sol. Aprendeu a não desesperar.
As favas já estão crescidas, o cebolo lá se vai desenvolvendo, as alfaces têm mais folhas, as batatas fazem-se notar....
Ah! E também trata das flores que vende. Os narcisos pintam a terra de amarelo, as tulipas mostram com quantas cores se reinventa a primavera...
Já tem clientes certas. Algumas vizinhas e também algumas amigas. A venda dos trabalhos de artesanato, das compotas, das flores e das hortaliças ajudam a pagar as contas da casa e as viagens diárias do filho que anda na Universidade do Minho. O dinheiro não chega para que ele viva fora de casa.
O marido emigrou porque aqui não via jeito de arranjar trabalho e a vida nunca mais se compunha. E mostrou, sorrindo, a colcha à amiga. Não achas que as cores são bonitas? Parece que dão vida e eu gosto das casas com vida. Aproveitei bocadinhos de pano, alguns já usados e gosto do efeito.
- Gostei muito da tua visita, disse ela na despedida. Toma estas bolachinhas. Duram um par de semanas. Fui eu que as fiz. Sabem sempre bem quando os amigos vêm a nossa casa.
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