segunda-feira, 30 de junho de 2025

Coisas de verão

 

Levantei-me cedo para regar o jardim e a horta, mas deixei a horta para logo à tardinha (gosto muito desta palavra). Desliguei a torneira porque, apesar de pouco passar das oito da manhã, já corava de calor e as moscas andavam, doidas ou aflitas, não sei,  em meu redor, o que detesto. Mas gosto de ver as plantas refrescadas, já que nós andamos cheios de calor. E a zona onde vivo nem se pode queixar muito, em relação a regiões que se tornaram tórridas por estes dias - muito difíceis para muitas pessoas. Para juntar a outras dificuldades.

Andava a regar e vi que na caixa do correio havia várias cartas: impostos que vou ter de pagar. Como faço sempre, é claro. E sempre penso e desejo: que sejam por uma boa causa, mas ao pensamento vem-me sempre também: porque é que tanta gente que ganha rios de dinheiro paga pouco ou até nem paga nada? Que raio é este desconcerto do mundo que se alarga pelo mundo fora e também no nosso país?! 

Nasci em julho. Há dois anos, também  em julho, tive de ser operada de urgência em Londres, onde estava em visita à minha filha, e para festejarmos, juntas, o meu aniversário. No ano passado, no mesmo mês, fiquei bastante doente e fui operada em agosto. Diz-se que não há duas sem três!!! Como agora há tanta coisa às avessas, espero que não!

No meu quintal, tenho ameixas quase maduras e limões que, de tão robustos, até caem ao chão. Em breve vou ter aqui em casa a minha neta que vive em Londres. Ela adora ir ao quintal colher o que houver e pôr numa cestinha. Ao vê-la, apetece-me sempre tirar-lhe fotografia, mas, mesmo que não o faça, a imagem bela fica-me na memória. 


Bom dia de verão: se possível com mais frescura e alguma maresia (outra palavra de que gosto muito).


segunda-feira, 23 de junho de 2025

Já chegou o São João


Já chegou o S. João,

Sem vontade de sorrir;

Deve estar preocupado

Com tanta guerra pra vir!


S. João, alegre e santo,

De tanta coisa és um ás;

Dá juízo a quem mal governa

Já que o mundo é incapaz!


Meu querido S. João,

Escreve nos manjericos 

Que a paz vai ser possível,

Mas, para longe os mafarricos!


quinta-feira, 19 de junho de 2025

Será possível ainda falar de coisas simples e boas?

 

Hoje levantei-me cedo. O tempo estava fresco e orvalhava, não bastante para regar as plantas. Liguei a água do poço e, daí a nada, estava a regar. Água abundante. Até quando será assim?

Enquanto regava, fui cortando as rosas velhas. Iam caindo junto da raiz - também um modo de fortalecer as vindouras.

Estendi roupa que sempre seco ao sol e ao vento. E reparei nas florzinhas pequeninas e azuis que renasceram. Uma amiga tinha-me dado o vaso há bastante tempo por causa dessas flores que, disse-lhe eu, me faziam lembrar Londres, onde as via em bonitos canteiros. Ela deve ter reparado que me ‘estava a fazer’ à planta e, como é simpática e generosa, deu-me o vaso.  Agora, de novo com as florzinhas bem mimosas, vou tirar uma foto e mandar-lhe. Deve ficar contente por ver que estimei o presente que me deu.

Enquanto escrevia este post,  fui participando num grupo de amigas do WhatsApp. E vários assuntos vieram à baila, como, por exemplo, o último livro de Mário Cláudio, em cujo título entra a palavra cruzeiro. E como as palavras são como as cerejas (tenho comido algumas bem boas!), veio à baila o gosto de fazer um cruzeiro. Eu, não, disse eu de imediato. Sobretudo em mares revoltos! Morreria de medo! O único que fiz foi há muitos anos - um pequeno cruzeiro no Báltico. Ficou-me na memória a serenidade daquele mar naquele fim de tarde. Ainda nem se falava dos horrores e medos por guerras que abalam regiões próximas e vão chegando, por diferentes formas, a todo o mundo.

Por tanta violência que parece aumentar em cada dia, interrogo-me se ainda tem cabimento falar das pequenas alegrias do dia a dia. A resposta é-me dada logo pelos meus botões: são cada vez mais necessárias para que o mundo não fique ainda mais triste!


domingo, 15 de junho de 2025

A roupa

 

Sobre o tema do título, posso dizer que cada vez gosto menos de comprar roupa. Falta-me paciência. Se é pela net, muitas vezes, o tamanho não coincide com o meu; se é na loja, fico cansada e cheia de calor nos provadores.

Por outro lado, abro o meu guarda-fatos e concluo que tenho a roupa de que preciso durante bastante tempo e para diferentes ocasiões. Para quê então acumular mais, gastar mais dinheiro, ocupar mais espaço em casa?

Seja como for, de tempos a tempos, as arrumações vão separando roupas que já não se quer. Fui juntando assim algumas num saco que hoje meti na mala do carro para depositar num contentor. Logo que via algum, parava o carro, tirava o saco e lá tentava rodar o dispositivo para o introduzir, mas nada, porque estava cheio. Ao quarto contentor por onde passei, nem parei o carro porque muitas peças de roupa saíam, avulsas, pelo contentor fora, sem qualquer cuidado ou arrumação.

Moral da história: o saco ficou na mala do carro, à espera de contentor com espaço para o receber e a roupa poder seguir um bom caminho.

Ah, ainda não disse, mas tentei dar essa roupa; agradeceram-me muito, mas a instituição já não tinha espaço para tanta roupa recebida.

Há uns anos, fiz voluntariado numa instituição de pessoas sem abrigo, que recebia todo o tipo de objetos para serem vendidos e, assim, ajudar pessoas em situação de muita necessidade básica. Pois bem, dado o seu volume, muita roupa era vendida ao desbarato e uma grande parte - a que tivesse alguma mazela - voltava para os sacos e ia para reciclar.

Por isso, o excesso de roupa é um problema cada vez maior e mais sério. Doada ou depositada nos contentores próprios, pode ser muito útil para muitas pessoas ou instituições, mas, pelas notícias conhecidas, muita roupa vai parar a países muito pobres, aumentando ainda mais o horror da poluição. 

Quando há moderação nas compras, sabe melhor comprar uma roupa nova, como o vestido para casamento que comprei e que já está na cruzeta - no cabide, como se diz mais para o sul do país.


quinta-feira, 12 de junho de 2025

‘Para pior já basta assim’


 Fui assinante do jornal Expresso durante um par de anos e continuo a ler este semanário. Habitualmente, a minha filha compra-o ao sábado e na semana seguinte vem até mim. E há, atualmente, o suplemento Ideias que não dispenso, sobretudo pelas crónicas.

Pois bem, cancelei a assinatura há coisa de um ano. Estava tão irritada que também queria deixar de receber o Expresso Curto, que recebo, sem pagar, todas as manhãs, e que acho muito bom.

Ora, o  que me levou ao cancelamento da assinatura do jornal foi o destaque - na minha opinião, é claro - que era dado a André Ventura. Ele era título gordo de primeira página, ele era fotos enormes, etc. Julgo não errar se disser que não havia edição do semanário em que o A.V. não fosse uma das principais figuras e notícias.  A favor ou contra, lá estava ele a marcar o seu território que lhe era dado nas páginas principais.

Acho que agora o jornal - que continua a ser de referência - já está mais moderado quanto a essa opção. E ainda bem, porque o tempo também traz ensinamentos. Espero que vários leitores tenham também reagido.

As televisões, porém, continuam a andar atrás do Sr Ventura. Logo que ele se aproxime de um microfone, lá estão as televisões. Um dos exemplos mais ridículos foi quando Ventura se sentiu mal na campanha eleitoral e as televisões, julgo que sem exceção, o seguiram incessantemente até às consultas no centro de saúde. Mesmo depois de se saber que a má disposição não era grave.

É que isto das audiências deve envolver muito dinheiro que as televisões não querem perder.

A comunicação social - fundamental para a informação e formação dos cidadãos - terá de refrear muitos ímpetos. E nós, leitores, ouvintes, telespectadores também, mostrando o nosso desagrado por certos exageros que só contribuem para a desinformação. E para a normalização de casos muito graves de violência, vindos de grupos extremistas.

Quanto à selva das redes sociais mais comuns, nem me pronuncio, porque não as uso. Para ‘pior já basta assim’.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Hoje, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades

 

Neste dia, os elogios à seleção portuguesa  ainda se ouvem. E ainda bem, apesar das incontáveis fortunas que o futebol mobiliza.

A vitória veio também do trabalho persistente e do esforço para vencer e isso é bom, não só pela alegria coletiva (e tanto precisamos dela!), mas também porque dá exemplos às novas gerações. Muitas figuras públicas são conhecidas de todos não porque ajudam a Humanidade, mas pelo que fazem para manipular os outros e assim aumentarem o seu poder. Por isso, bons e estimulantes exemplos são bem-vindos.

Camões, que viveu no século XVI, não foi indiferente a temas que ainda persistem de forma notória: ambição, vaidade, falsidade…

Daqui a pouco, nos discursos públicos e políticos, surgirão, por certo, citações de versos do nosso Épico. Mais valia não os encaixarem tanto neste Dia e dar mais relevo à cultura no dia a dia.

Julgo que as cerimónias públicas deste 10 de Junho começam às 10,30. Gostava de ver e ouvir  sobretudo Lidia Jorge, personalidade que muito aprecio e de quem já li alguns livros.

Vejamos se as cerimónias públicas serão uma mais-valia para todos, dentro e fora do país. Nem que fosse um grão de areia.

E vejamos se os estrondos ou pesados silêncios diários, que lembram tanto desconcerto do mundo’ de que Camões também falou, se atenuam um pouco, mas deve ser difícil pelo que se vê e escuta.

Hoje, aqui pelo Norte, também se prevê muito estrondo de trovoada. Pudesse, no final de tantas tempestades, vir a bonança. De que o mundo tanto precisa.


domingo, 8 de junho de 2025

As motas de água e o jogo quase a começar


Hoje, domingo, fui almoçar com a família a um restaurante à beira-rio. O céu estava azul quase por completo e, por cima das nossas cabeças, havia redes finas para que as glicínias não nos caíssem no prato. Se fosse no cabelo, não fazia mal; era sinal de casamento feliz entre o verão e a alegria.

Já à mesa, e olhando o estreito mas comprido areal do outro lado do rio, muita gente desfrutava da água e do sol. Mas, se procuravam o calor no corpo e o silêncio na alma, pelo menos este seria interrompido. 

 Umas três motas de água não cessavam de fazer manobras aos esses e aos saltos. E, para que as sensações fossem ainda mais vibrantes, procuravam as ondas que os barcos grandes deixavam atrás de si, para que a mota subisse da água e caísse de repente na ondulação mais apelativa.

Isto durou o tempo todo em que estivemos no restaurante, incluindo a espera pelo polvo com filetes do mesmo. Ouvindo todos aqueles motores e choques na água, eu disse para o meu neto: Não gosto de motas de água, fazem muito barulho e assustam os peixinhos!

Ele, nos seus bonitos e vivos quatro anos, que não o deixam ainda pronunciar os erres, disse: Eu adoio poque adoio andá depessa!

Sorri e imaginei que se ouvisse as motas de água no seu continuo rodopio barulhento, durante toda a tarde, não acharia piada nenhuma. E, se pudesse, não andaria depressa, mas escapava-me de lá o mais depressa possível.

Como é habitual, saltando de assunto em assunto, em conversa amena, lá chegou o polvo e estava bom, tanto o que vinha dentro,  como o que vinha fora do arroz. 

Embora o polvo seja um molusco e não um peixe, a pouco menos de uma hora do jogo Portugal-Espanha, gostaria que Portugal jogasse como peixe dentro de água. E ganhasse, é claro, mas sem fazer o alarde que fazem as motas dentro de água. A menos que seja depois de golos vencedores.


quarta-feira, 4 de junho de 2025

Amanhecer


Hoje, quando abri a janela, chuviscava. Uma espécie de orvalhada ligada aos santos populares que se festejam em breve. A minha intenção era ir cedo regar a horta, mas já não fui, embora os espinafres, as couves e os alhos franceses apenas tenham sido refrescados na pele e não na raiz.

Ontem, vi um réptil bem perto de uma porta da minha casa. Não lhe conheci a forma. Não era sardanisca (essas conheço-as bem porque, leves e fugidias, moram nas redondezas dos vasos e nos canteiros), nem sardão, nem salamandra... O que seria, então, perguntava-me eu, intrigada e assustada. Fui à net: era uma osga. Como o dr Google sabe tudo, fiquei a saber que eram inofensivas e que têm até a vantagem de comer insetos, como moscas e mosquitos. Uma amiga disse-me, descontraída, que as via por toda a parte em Timor. Outra chamou-lhe 'bichinho que faz parte do ecossistema'. Eu queria era certificar-me que não me tinha entrado em casa. Ao fim da tarde, vi-a encostadinha a um canto da parede exterior mas perto da porta. Hoje, quando acordei, fui ver se lá continuava. Não estava. Pelo sim pelo não, fechei a porta. Onde estará a osga, pergunto-me eu. Daqui a pouco, vou varrer folhas do pátio e já sei que vou estar sempre a olhar para as paredes!



Enquanto tomava o pequeno almoço, de café com leite e pão com compota de mirtilo, que fiz há dias, lembrei-me das palavras que ouvi um dia destes: 'Desde que foi despedida do trabalho, não quer sair de casa e não quer falar com ninguém'. E pensei que a solidão não afeta só os mais velhos. Fazemos pouco, incluindo-me também nesse número, para ajudar pessoas que precisam e que vivem perto de nós. Não se sabe o que fazer, nem há tempo e sobretudo não haverá vontade, porque pensamos nos problemas que também se agarram a nós. Como osgas. Que nem sempre desaparecem.

Quando passo junto de alguns jardins públicos da zona onde moro, fico muito agradada por ver flores de muitas cores que estão a ser plantadas. E não só jardins, mas rotundas, à volta de chafarizes, etc. Porém, o meu lado crítico logo me diz: vê-se que as eleições estão à porta! Mas, de facto, é um regalo ver espaços públicos bem tratados. Oxalá continuem assim. Mesmo depois de setembro!


Há muito que amanheceu! 

                       Um bom dia para todos!


domingo, 25 de maio de 2025

As filas


Não, não vou falar das filas de imigrantes que esperaram ao sol do dia e ao frio da noite para acederem a um carimbo legalizador da sua vida em Portugal. Também não vou falar das filas que se vão formando para o jogo da Taça de Portugal de hoje à tarde no Jambor que se vestirá de verde e de vermelho.

 Pois bem, falo das filas na estrada em tardes de domingo. Muitas delas rumo à beira-mar, ou ao centro comercial, ou ao café do costume para a meia de leite espumosa com torrada a escorrer de manteiga…

Parece que o relógio toca à mesma hora para todos que, com paciência ou já com falta dela, continuam na estrada em marcha, tantas vezes lenta. E não venha a falta de estacionamento estragar ainda mais a tarde!

O tempo que se previa retemperador de energias passa a ser de nervoso nada miudinho e de frias respostas tortas. 

E novas filas haverá no regresso, porque o relógio continua a tocar à mesma hora para quem foi de carro e de carro vai regressar. 

Raisparta! Mais valia termos ficado em casa - dirão muitos. Porém, no domingo seguinte, a cena repete-se noutras direções que parecem combinadas.

Em dias de tanta solidão, as filas poderão dizer que queremos ir ao encontro uns dos outros? Porém, não será a solução, porque os rostos de quem vai dentro dos carros não parecem muito felizes!

Bom domingo para todos! Com palavras boas e  quentinhas, como o pão que se vende em filas a esta hora!


sexta-feira, 23 de maio de 2025

Assuntos chatos e beijos à passarinhos!


Enquanto fazia o caminho para a ‘minha cidade com mar ao fundo’, ia pensando no motivo desagradável que lá me levava: desleixo de um condomínio que não cumpre os seus deveres.

Como era quase hora do almoço, pensei num pequeno prazer antes de tratar da coisa chata. Estacionei o carro e, coisa boa!, na rua em que tinha lugar não se pagava. E rumei à outra coisa boa: almoçar num restaurante vegetariano com ambiente agradável e uma senhora muito afável a compor os tabuleiros. Comi devagar e deliciada, sem pensar na coisa chata que teria em breve de enfrentar.

Como estava muito perto da Biblioteca Municipal, fui lá tomar um café no pequeno bar, junto da porta que dá para o exterior onde oliveiras dão sombra e calma.

Dentro do balcão, um funcionário mal disposto dizia a uma cliente que ela o desestabilizava, como acontecia todos os dias. Ela vociferava baixinho e foi-se sentar sob as oliveiras.

Pedi o café, tomei-o e não tive vontade de dizer obrigada e boa tarde quando saí.

Como ainda não estava na hora de expediente para tratar do assunto desagradável, sentei-me num dos sofás do espaço de leitura. Havia apenas um jovem no computador e eu. Depois, chegou um homem velho com o jornal, e depois outro, e a seguir outro, e outro…

Eu era a única mulher e a única pessoa desconhecida naquele pequeno concílio que se cumprimentava e logo enterrava os olhos no jornal.

Olhei o relógio: estava na hora de ir tratar do assunto chato. Deixei a bíblioteca  e atravessei o jardim com mesas convidativas. Numa, duas jovens comiam e conversavam; noutra um par de namorados dava beijinhos como passarinhos felizes e tranquilos.

Como se a vida fosse um frondoso e lindo jardim, ou condomínio competente e honesto, onde todas as pessoas fossem afáveis como a senhora do restaurante. E não houvesse assuntos chatos para tratar!


terça-feira, 20 de maio de 2025

'Segue o teu destino'



'Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver
só.

Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe
a vida.

Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.'

Odes de Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa, 1916 

 





domingo, 18 de maio de 2025

E o segundo lugar vai para… as televisões!


Estou sentada no sofá e à minha frente está a televisão desligada. Desliguei-a quando ouvi as projeções da Universidade Católica, no canal 1.

Chocou-me ver Montenegro não ser nada penalizado por comportamentos nada éticos e pela habilidade espertalhona de se vitimizar e usar de toda a lábia para fugir aos assuntos que o comprometem. Tudo em proveito próprio. 

E a tática até lhe valeu a pena porque teve um prémio! Ao longo da campanha, foi levado em ombros e ao colo, como se fosse um poço solidário de virtudes.

O que se passa com tantos portugueses que se deixam enganar com manobras egocêntricas e vaidosas?

E que exemplos estamos a dar às crianças e aos jovens?  E os professores, coitados, terão cada vez mais a vida dificultada.

E o Ventura ter tantos votos também me chocou. Nem parece verdade! Assim se normaliza o ódio, o vício, o desrespeito, a mentira, a farsa, etc.

E, perante os episódios de desmaios recentes, as televisões, todas em simultâneo, correram atrás dele e da ambulância que o levou a fazer exames médicos, mas que nada de mal foi encontrado. Isto durante horas, assim como mostraram ao pormenor os pensos que não retirou da mão e do braço para se fazer de coitadinho.. Ele brinca com coisas sérias, chorando lágrimas de crocodilo e exibindo até a pulseira do hospital.

O tempo que as televisões dedicaram a este indivíduo, neste caso e em tantos outros, seria cómico se não fosse tão trágico.

Tinha razão quem disse que uma televisão pode fazer um presidente. No pé em que as coisas estão, tudo é possível.

Andamos sempre a correr como as televisões atrás da ambulância do Ventura. Neste momento, ele estará a rir de quem lhe deu tanta ventura, isto é, mais poder  e muita audiência! 

E a farsa continua! 


Ai esta constipação, mas quero ir votar!

 

Já tinha pensado no que ia fazer para o almoço de hoje. À mesa, não faltariam ovinhos de codorniz que me deram e de que o meu neto tanto gosta. Como habitualmente me levanto cedo, logo cedinho iria votar, deixando a mesa posta, com os pratos de domingo, como costumo dizer.

Mas prever alguma coisa não é o mesmo que poder realizá-la, seja nestas pequenas coisas ou em coisas maiores. Por isso, o melhor é não ter muitas certezas sobre o futuro, ainda que próximo. Não previa esta constipação, e chegou sem avisar. Ou então fui eu que não fui devidamente avisada. E lá se foi o almoço com o meu neto à mesa, porque isto de tosses, gripes, espirros e constipações voam de uns para os outros a grande velocidade. Basta respirar.

Como à mesa não haverá os pratos de domingo, conto ir votar à hora do almoço. Haverá, penso eu, menos gente. Não esquecerei a máscara - a que se compra na farmácia ou no supermercado e não a que muitos políticos usam e que nem sempre é visível a olho nu.

Não quero deixar de acreditar que cada voto conta e que vale mais votar do que apenas ser do contra.


E, apesar de não ser do Sporting,  que está em grande e em bonita festa, apetece-me dizer: 'Só eu sei porque não fico em casa'!

Bom domingo!


sexta-feira, 16 de maio de 2025

Lobito e Pedrito na Biblioteca Municipal de Gondomar

 




Algumas das palavras ditas no dia 10 de maio 2025:

Boa tarde a todos e muito obrigada por terem vindo, porque, com família e com amigos, todas as histórias ficam muito mais bonitas e a nossa vida também.

Em primeiro lugar, e pessoalmente, quero agradecer à minha amiga Isaura Afonseca, que escreve com o pseudónimo de Maria Clara Miguel, a alegria pelo tempo de escrita deste livro, a quatro mãos, que me proporcionou.

Ambas queremos agradecer à Biblioteca Municipal de Gondomar, e à sua diretora, dra Teresa Couceiro, o bom acolhimento a que já nos habituaram; ao dr João Carlos Brito, da Editora Lugar da Palavra, que permitiu que o livro, ao qual demos o título Lobito e Pedrito, fosse publicado; e à ilustradora Ana Bessa, cujos desenhos tornaram mais sugestiva e visível a história que quisemos contar.

E uma palavrinha muito especial aos amigos a quem demos a conhecer a nossa história, antes de ser impressa, e nos ajudaram com a sua leitura. Muito obrigada, Cecília, Clementina, Fernanda, Glória, Idalina, Manuel Maria. Muito obrigada pelo tempo que nos dedicaram e pelas sugestões sábias, amigas e generosas.

E outro agradecimento muito carinhoso à Margarida, aluna da Escola Secundária de Gondomar, pela leitura que, amorosamente, preparou, com a ajuda da professora Albina,  para nós todos e que vamos conhecer daqui a bocadinho.

Obrigada também à Marisa e à Liliana que estão a ajudar-nos na venda dos livros e que logo se mostraram disponíveis quando as convidámos.

Falemos agora um pouco do modo como nasceu este nosso trabalho.

Um dia, estávamos as duas a conversar e a ideia surgiu: e se escrevêssemos um novo livro a quatro mãos? Podíamos pegar num tema conhecido e desenvolvê-lo à nossa maneira, como fizemos com Uma história do João Ratão.

E se, desta vez, as personagens principais fossem um lobo e uma criança?  É que quase todos os meninos e meninas têm medo do lobo mau. Para mais, eu tinha a experiência sobretudo do meu neto que não foge à regra.

E logo tivemos algumas ideias para possíveis personagens e para uma floresta com lobos (não vou dizer se são bons se maus!), esquilos, um caçador de nome Pisto-tiro, um menino que tem medo do lobo mau e outros seres, uns humanos, outros animais, outros do reino vegetal.

Nos tempos que se seguiram, consoante a nossa disponibilidade, a história começou a avançar, a maior parte das vezes, pela internet ou pelo telefone, porque não era possível reunirmo-nos para a escrever em presença. Os afazeres profissionais da Isaura, ou seja, da Maria Clara Miguel, que está no ativo, eram mais que muitos, e surgiram percalços que tinham, para que a vida continuasse, de ser resolvidos.

Mesmo assim, foi sempre com entusiasmo que cada uma de nós, na sua casa, escrevia um episódio e enviava para a outra. Às vezes, concordávamos, outras nem tanto e refazíamos o texto até ficar a contento de ambas, pensando sempre nas crianças que iam ler ou ouvir ler a história que estávamos a construir.

E é com muita alegria que hoje estamos aqui a apresentar o nosso Lobito e o Pedrito. Oxalá os leitores gostem da história e das ilustrações que ajudam a contá-la. E se o nosso trabalho conjunto contribuir também para afastar as crianças um bocadinho do écran e valorizarem os livros, achamos que o nosso trabalho valeu a pena. Mas ficamos ainda mais contentes se, através do nosso livro, as crianças dialogarem sobre diferentes assuntos da realidade ou dos que parecem magia, como o Pedrito da história gosta de dizer.

Mais uma vez, muito obrigada por partilharem connosco estes momentos de magia que são o encontro, a escrita e a leitura.

 

(E passo agora a palavra à minha companheira de escrita, Maria Clara Miguel).

 

Lobito e Pedrito numa tarde feliz! E precisamos tanto de momentos felizes!

 

Muito obrigada, querido amigo Manuel Maria, pelo teu comentário e fotos. E, claro, pela amizade e gentileza. Sempre.

Tomei a liberdade de transcrever aqui o comentário, com orgulho e uma pontinha de vaidade. É humano, não é verdade?!



Farol das Letras13 de maio de 2025

Deixo texto publicado no Facebook ( https://www.facebook.com/farol.letras )

No passado sábado, dia 10, assisti ao lançamento de LOBITO E PEDRITO, livro infantil da autoria de Maria Clara Miguel e de Maria Dolores Garrido, com ilustrações de Ana Maria Bessa, que primam pela sua expressividade e pelo seu colorido particularmente apelativo.
Trata-se de uma narrativa em que as autoras – através de um modo absolutamente hábil, cativante, com uma linguagem que se adequa, perfeitamente, ao nível etário a que se destina – conseguem transmitir valores e preocupações tão atuais. De tal modo que até o Pedrito vai passar a comer a sopa de legumes com uma outra vontade, coisa que, até então, não era nada do seu gosto e da sua preferência.
Eis, pois, uma belíssima oportunidade para pais, avós e demais educadores lerem uma história de encantar às suas meninas e aos seus meninos, história que, apesar da similitude dos nomes das personagens, nada tem a ver com a fábula do Lobo Mau, a não ser um grau de parentesco.
Manuel Maria


segunda-feira, 12 de maio de 2025

Impressões de 2a f de manhã


O café da cafeteira ainda não arrefeceu. O que falta já bebi. Com torradas de pão escuro que a minha filha me trouxe ontem. E que prazer o pequeno prazer de chegar à cozinha e fazer café e torradas.

Ainda à mesa, liguei o telemóvel e vi a minha neta, que vive em Londres, com o seu vestidinho de festa a tocar piano num pequeno concerto. Ouvi e voltei a ouvir várias vezes. Emocionei-me. Partilhei o concerto. Não queria que o prazer de a ouvir ficasse só comigo. E para umas amigas mais próximas, comecei assim a mensagem: Desculpem se me estou a armar…

Vejo pela janela que o céu está carregado. Talvez vá chover, como aconteceu nos últimos dias. Ontem tirei alguns vasos do seu abrigo para serem regados pela chuva. A minha mãe dizia que a água que vem do céu rega melhor.

Ainda penso na apresentação do livro Lobito e Pedrito de sábado passado e que escrevi com a Maria Clara Miguel, pseudónimo de Isaura Afonseca. Foi bonito ter família e amigos connosco (em breve, partilho imagens) e a leitura do primeiro episódio, por uma aluna da Escola Secundária de Gondomar, foi maravilhosa. Merecidamente aplaudida.

O meu computador pifou quando 6a f passada introduzi uma pen antiga. Talvez com vírus e eu não sabia. Eu disse raisparta e não sei se disse outras coisas que o melhor é não repetir. Espero que tenha conserto e não perca o que lá tenho gravado.

Não sei se a campanha eleitoral já recomeçou a esta hora. Vai ser a última semana. Os políticos vão dar tudo por tudo para cativar os nossos votos. Para a semana já não haverá tanta paciência para tantos beijinhos e abraços em feiras e romarias Pela água abaixo, irão muitas promessas e a dona culpa, coitada, continuará solteira. Mesmo assim, oxalá encontremos faróis a sério. Bem precisamos.

Daqui a pouco, aqueço um pouco mais de café. Sabem bem pequenas coisas que nos aquecem os dias!

Boa semana para todos (ainda não me habituei a dizer todas e todos)!


sexta-feira, 9 de maio de 2025

Valha-nos Nossa Senhora!

 

Como se diz agora, faço a minha declaração de interesses: sou católica e gosto de ir a Fátima.

Contudo, ver campanha eleitoral em Fátima ou figuras públicas com câmaras de televisão atrás para filmar  choca-me profundamente. É usar a crença religiosa dos outros  para proveito próprio. 

Claro que uma arruada em Fátima dá votos e os políticos sabem-no bem. Também as figuras públicas que se ajoelham com poses estudadas para que a sua imagem seja ‘abençoada’ pelo público.

Valha-nos Nossa Senhora!


A partir de ontem, temos novo Papa, anunciado pelo fumo branco, tão esperado. Logo que soube, liguei a televisão e esperei para que fosse anunciado o nome do Sumo Pontífice e se mostrasse ao mundo, vindo à janela da Catedral de S. Pedro.

Confesso que, quando foi anunciado que o Papa era natural da América do Norte, senti desilusão porque logo pensei em Trump que, na sua colossal e louca autoestima, tinha divulgado a sua imagem vestido de papa. Não tardaria que se vangloriasse da eleição nas redes sociais.

Porém, ouvindo o discurso de Leão XIV, tentei banir de mim o preconceito e a acreditar que até poderá ser benéfica a sua influência na Paz de que o mundo tanto precisa. Vamos ver.

Talvez o Papa venha a Fátima, como fizeram vários dos seus antecessores. Se vier, quero crer que não é à procura de votos fáceis nem de imagem para vender mais.

Valha-nos Nossa Senhora!


sábado, 3 de maio de 2025

Corações ligados

 

💗1. A mãe foi buscar o filho pequeno à escola. O menino, quando viu a mãe, começou a correr pelo corredor fora ao seu encontro. Na mãozita pequena, com muito cuidado para não a deixar cair, trazia a prendinha feita na sala com a educadora, para a mãe, porque ia ser o seu Dia. Logo que chegou junto da mãe, disse a sorrir, na ternura tímida dos seus quatro anos:

- Mamã, o meu coração está ligado ao teu.

A mãe sorriu, deu-lhe um abracinho e os olhos dela encheram-se de lágrimas felizes.



💔 2. Numa sala de aula, a professora pediu aos alunos, adolescentes, que escrevessem uma carta à mãe. Vinha a propósito porque tinham dado a estrutura da carta e o Dia da Mãe era no domingo seguinte. Podiam até oferecê-la à mãe nesse dia. Ela ficaria feliz, com certeza.

Um dos alunos recusou-se a escrever. A professora perguntou porquê. 

- A minha mãe morreu há um ano e não consigo escrever.

Nos olhos da professora irromperam lágrimas tristes e, contra o costume, logo aceitou o pedido do aluno para ir lá fora apanhar um pouco de ar.


BOM DIA DA MÃE!

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Convite - Sejam bem-vindos!


 

No primeiro Primeiro de Maio fui para a rua; hoje não vou. Porquê?

 

Nesse dia, fui de mãos dados com o meu namorado com quem viria a casar. Ele tinha um mini e fomos para o Porto, como tanta gente, como um mar de gente vinda de todo o lado. Os nossos olhos abriam-se em liberdade naquela imensa multidão na Praça da Liberdade. Nunca nenhum de nós tinha visto uma coisa assim, habituados que estávamos a que mais do que uma pessoa já era ajuntamento. 

Que me lembre não voltei a nenhum comício, mas aquele ficou-me na memória e no coração.

Admiro muito quem vai para a rua lembrar os direitos e deveres de cada um, porque cada um tem um papel importante na sociedade. E assim lembram valores da Liberdade.

Neste âmbito, viu-se que o governo já não teve muita vontade de comemorar o 25 de Abril e, para animar os jardins de S. Bento, foi escolhido o Tony Carreira. A este propósito, gostei de ouvir o Pacheco Pereira, no passado domingo, no programa ‘O princípio da incerteza’ da CNN, dizer que  a festa do 25 de Abril em Portugal corresponde ao 14 de Julho em França. Por isso não pode ser minimizado. E concordei também com ele quando disse que em vez de Tony Carreira então  era melhor convidar o Quim Barreiros.

Agora digo eu: se fosse o Quim Barreiros o convidado, ele ainda faria algum jogo de palavras brejeiras a  rimar com jogos de poder e isso não conviria nada!

Na minha modesta opinião, os políticos são muito necessários para o bom funcionamento do país, mas é difícil encontrar um que entusiasme, no qual a gente se reveja. Às vezes, escolhe-se o que achamos melhor. Do mal o menos.  Aquele que se dedique à causa pública sem cinismos, sem tanta mentira ou meias verdades, sem fazer dos outros parvos…

Pois bem, prevejo e desejo que o meu dia seja tranquilo e doméstico. Por opção minha.  Irei ao meu quintal regar as plantas abrigadas da chuva e ver as que a aproveitaram.

Coisas pequenas e boas, mas feitas com o bem infinito que é a Liberdade.