Nas histórias de encantar, que eu saiba, as princesas nunca adoecem nem perdem a beleza e elegância. Kate, no Reino Unido atual, parecia também uma princesa de uma história de encantar. Capa de jornais e revistas, sempre foi imitada pelo mundo fora. Jovem, bela, elegante, teria e tem acesso a todos os bens possíveis e imaginários em palácios de todas as riquezas, belezas e ajudas. Nada de mal poderia acontecer a tão amada princesa, futura rainha e só depois vista como mulher.
A sua figura era procurada por todas as câmaras que a fixavam ao pormenor: as joias, a roupa, os sorrisos, os adereços, o cabelo, os gestos, a cintura finíssima...
Nada destoava naquele ser quase divino de perfeição.
Porém, a doença visitou-a e instalou-se no seu corpo, que parecia imune a tudo o que o pudesse danificar.
Os filhos da princesa, apesar da imensidão de cuidados a que terão acesso, sentirão de certeza o desencanto triste de ver a mãe mais frágil do que a viam antes de ter ficado doente. Tal como uma imensidão de crianças anónimas pelo mundo fora, em vidas tão diferentes mas nos sentimentos tão iguais.
E a fragilidade da princesa doente, como a vimos ontem, sentada sozinha num banco de um jardim palaciano, vestida de forma simples e comum, era bem diferente dos momentos festivos da realeza em que os fotógrafos nada queriam perder para vender toda a força encantatória daquela figura.
Nesse banco de jardim, que já correu o mundo, tendo atrás de si flores pequeninas e singelas, a princesa comunicou a fé nas suas melhoras, pediu recato, pôs-se ao lado de quem foi atingido pela mesma doença, referiu a atenção ao corpo, à mente e ao espírito... Vimo-la aqui como mulher e só depois princesa ou futura rainha.
As vidas humanas, de facto, são tão diferentes em tanta coisa mas nas fragilidades, que a todos acontecem, tão iguais.