Mãe, ajudas o menino a escrever a carta?
Claro, respondi eu.
Precisava era de saber que tipo de carta tinha de ajudar a escrever e para quem. Estava tudo na mensagem enviada pela educadora. Li. Que bonito, pensei. E tão necessário. E tão diferente do que se fala nos tempos que correm. Ainda bem que a educadora, jovem, motivada e alegre, fala destes assuntos com os meninos. Tinha havido um sorteio e cada menino ficou a saber a quem deveria endereçar a sua carta. Uma carta de bondade.
Ora, já no carro, e de regresso a casa, perguntei-lhe sobre a carta, para irmos já falando sobre o que iria ficar escrito. Eu queria que as ideias fossem dele e não minhas, porque era ele que conhecia o amiguinho, de cujas qualidades queria falar.
Então, meu amor, o que vamos escrever na carta? Fui perguntando e ouvindo respostas.
Ele aceita as minhas desculpas, mas às vezes não aceita de outros meninos.
Como era uma carta de bondade, achei melhor realçar o que era positivo e disse:
- Talvez seja melhor só dizeres que aceita as tuas desculpas. Até pode ser que passe a desculpar mais.
Concordou.
E foi acrescentando:
- E ajuda-me quando é preciso.
E também o ajudas? - Perguntei eu.
- Também.
Ótimo, disse eu.
Então, podemos dizer que gostas de brincar com ele, que ficas contente quando ele te ajuda e que também gostas de o ajudar.
- Ó avó, ele fala línguas diferentes, acrescentou.
Que bom, disse eu.
Na cartinha que escrevemos, quando chegámos a casa, ficou também: Gosto de te ouvir a falar línguas diferentes. É muito fixe.
E, já agora, abordar estes temas (não quero dizer valores, porque é palavra que serve para tudo e mais alguma coisa) na escola e na família é ainda mais fixe, senão, daqui a pouco, as crianças nem sabem o que é bondade, respeito... porque os adultos vão-nos apagando a uma velocidade atroz.
Felizmente (ainda) há Esperança!
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