Hoje, não há televisão, rádio ou jornal que não fale do regresso às aulas. Da alegria de muitas crianças e jovens, da preocupação dos pais, do aumento de preço do material escolar, das novas greves prometidas pelos sindicatos de professores, dos apelos do ministro da Educação, etc.
Desde que deixei a escola - pública -, contacto com frequência com colegas e amigos com quem trabalhei, prolongando-se, felizmente, boas e grandes amizades. Assim, vou sentindo o pulsar da escola, onde cabem muitas alegrias, algumas esperanças mas também desilusões e frequentes cansaços.
É impossível não me recordar de tantos recomeços do ano letivo, em que a sala de aula se enchia de adolescentes; uns, felizes e curiosos pelas novas matérias que iam aprender e quase todos pelo reencontro com os colegas.
Os comportamentos também eram diferentes. Alguns - sobretudo raparigas - sentavam-se nas filas da frente, outros quase corriam para as filas de trás. E, de repente, a sala enchia-se. E vinham as boas-vindas e algum receio, mais ou menos disfarçado, de não conseguir corresponder aos sonhos daqueles jovens: uns mais seguros do que outros, porque as suas histórias de vida também eram todas diferentes. As reuniões com os pais confirmavam-no.
Quando se sentavam, logo as mesas se enchiam de mochilas - um bom truque para esconder o telemóvel. E, com palavras mais ou menos doces, as mochilas lá desocupavam as mesas.
Muitas vezes dou comigo a pensar em momentos felizes na escola em que entre mim e os alunos se criava a empatia necessária para que o crescimento humano e de saberes acontecesse. Porém, casos houve em que poderia ter agido com mais segurança e descontração.
Às vezes, perguntam-me se tenho saudades da escola e nem sei bem o que responder e começo por dizer que não sinto falta nenhuma das crescentes burocracias, mas, sim, às vezes sinto falta dos alunos na sala de aula, da aberta alegria das visitas de estudo, do entusiasmo de alguns projetos, da ajuda competente nas novas tecnologias, do olá dentro e fora da escola, etc
Se fosse agora, tentava fazer melhor em muitas coisas. Se conseguisse, muito bem; se não pudesse, viesse, pelo menos, a confiante serenidade de dizer: 'Hoje é o primeiro dia...'
"(...)às vezes sinto falta dos alunos na sala de aula, da aberta alegria das visitas de estudo, do entusiasmo de alguns projetos, da ajuda competente nas novas tecnologias, do olá dentro e fora da escola, etc."
ResponderEliminarNão é para isso e por isso que o professor aposta numa carreira como esta?
Cumprimentos cá do meu canto.
É verdade. Às vezes, entra-se ou entrava-se na profissão e não era a primeira opção, mas depois a ligação à escola ia-se adensando e muitas luzinhas vão/iam iluminando a vida, apesar de desilusões.
EliminarBom fim de semana, António, esteja ou não no seu canto (também gosto de estar no meu).
Tenho uma neta que iniciou ontem as aulas. Tenho outra que só inicia dia 25 (faculdade). É a lei da vida
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos. Feliz semana.
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Poema: “ Coração sem ser regado acaba por … “
A alegria dos alunos e o alívio dos Pais. :))
ResponderEliminar.
Coisas de uma Vida || Recomeços e cansaços...
Beijos. Boa tarde.
Também é verdade, sobretudo se a escola funciona bem. Não sei se estou a ser ingénua, mas acho que há mais escolas com boas práticas do que más. Só que as notícias raramente falam das coisas boas.
EliminarUm beijinho e bom fim de semana.
Sempre gostei dos primeiros dias - dessa sensação de novidade e caras novas no pessoal docente e discente; de rever gente. E, apesar de tarefas semelhantes, parecia-me tudo novo. A bem dizer, estava desejando que chegasse o dia do recomeço. Não criei amizades no trabalho e também não sinto essa nostalgia do tempo que foi. Já foi. Hoje seria incapaz de fazer metade do que então fiz. E tudo que aconteceu e foi da minha responsabilidade, tinha selo de boa intenção. Muita vez não acertei; por certo não vi nem entendi muito aluno; faltou-me a paciência que precisavam; poderia ter explicado mais e melhor as matérias, talvez tenha errado algumas classificações. A profissão foi a o sector mais feliz da minha vida, mas é como frisei, sou outra e a essa não apetece repetir, até porque, sendo outra, não o pode fazer:).
ResponderEliminarVivo perto de uma escola primária que agora se diz básica. Quando por lá passo gosto de ouvir a algaraviada dos garotos, são a voz do futuro. Boa sorte para todos os que estão envolvidos na educação do futuro.
Também sinto alguma nostalgia desse meu regresso... como aluna e como professora! Bj
ResponderEliminarOlá, Bea. Identifico-me com tudo o que diz. E di-lo tão bem que me revi em muitas situações já passadas. E, como era lema de A. Guterres, houve alturas até de muita paixão pela escola, por exemplo em alguns cargos em que acreditava que era possível tornar a escola melhor para que a vida de toda a comunidade mais evoluísse também.
ResponderEliminarMas, pronto, já passou, foi o trabalho possível na altura.
Que o ânimo não falte a quem é e a quem quer ser professor porque a Educação é o melhor alicerce que se pode desejar para a vida equilibrada de todos.
Um bom fim de semana com bonitas claridades de outono.
Concordo com a Bea!
ResponderEliminarBeijinhos:))
É difícil não concordar com a Bea. Quase sempre!
EliminarBeijinho