Quando as minhas filhas estavam no início da adolescência, fizemos, em família, uma viagem à Bretanha e fomos por uma Agência de Viagens. Quando cresceram mais, convenceram-nos a viajar com roteiro e horário feitos por nós. E tinham muita razão, mas não foi isso que me levou a escrever este texto.
Ora, nessa viagem, seguimos de Paris de autocarro até à Bretanha, região francesa de cidadezinhas maravilhosas e de mar tão encrespado quanto belo. O autocarro tinha lugares marcados e à minha filha mais nova coube uma bonita senhora já idosa como companheira de lugar durante esses dias. Viajava sozinha, era muito discreta e muito simpática com toda a gente. Nunca falava da vida pessoal, só de viagens e se o tema vinha a propósito. Havia muitas vezes espetáculos ao jantar, mas ela nunca estava presente. Uma vez, disse que ficava no quarto a fazer puzzles, que era um dos seus passatempos favoritos, e que gostava de fazer sobre os sítios por onde viajava.
Porém, com a minha filha, sobretudo nos tempos de viagem no autocarro, havia sempre assunto. Conversavam sobre leituras, sobre a região, sobre filmes, sobre a escola, etc. Eu digo conversavam, embora a minha filha fosse mais ouvinte, ainda que sempre interessada (nesse tempo, ainda não havia telemóveis). Quando saíamos do autocarro para uma visita, a minha filha juntava-se a nós e a senhora integrava-se no grande grupo, sem nunca perder a discrição e o ar solitário.
Durante esses dias, foi-se criando uma grande empatia entre ambas, embora só falassem enquanto viajavam lado a lado no autocarro. No último dia e na despedida, pediu o nome e morada à minha filha para lhe mandar um postal. E assim foi. Passados alguns dias, recebemos em casa um postal enorme em que a senhora dizia que lhe queria agradecer a boa companhia durante a viagem. Julgo que guardámos o postal durante muito tempo, mas não sei se a minha filha chegou a responder-lhe. Sei, contudo, que nunca se esqueceu de D. Clotilde, sua companheira de autocarro através da Bretanha.
Às vezes encontram-se companhias simpáticas nas viagens longas.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Sim, muito simpáticas. Há muito tempo que não faço este tipo de viagens, mas o lado prático às vezes dá jeito. Há, contudo, muitas desvantagens, quando o programa é ver muita coisa em pouco tempo. Quando se chega ao fim, pouco ficou da correria e gastou-se muito dinheiro.
ResponderEliminarAbraço e uma noite descansada, Elvira.
É sempre bom encontrar pessoas diferentes para conversar. Acontece muito nas viagens :)
ResponderEliminar-
Beijos e uma excelente noite!
Muito bom e faz parte das boas recordações.
ResponderEliminarUm beijinho e um dia bom.
Bom dia, saudades dessa experiência minha amiga.
ResponderEliminarÉ mesmo, Luiz, como acontece quando as coisas correm bem e a experiência é boa.
EliminarHá assim pessoas empáticas que encontramos, com quem conversamos e que gostamos de conhecer. Não as esquecemos, marcam-nos por qualquer motivo. E separamo-nos com o mesmo espírito com que as encontrámos, sem esforço.
ResponderEliminarTambém fiz com um dos meus filhos uma viagem semelhante; percorremos, a partir de Paris e de autocarro, várias zonas do norte de França. Que lugares frios e varridos de vento, uma névoa que mal nos deixava distinguir o encrespado do mar. Não gostei senão de uma cidadezinha pequena de que já não recordo o nome e onde por milagre, não havia nevoeiro. Foi ali que meu filho foi desenhado a sépia.
Também adorei a companhia:).
Boa tarde, Maria.
Obrigada, Bea. Fizemos várias viagens assim, mas essa senhora ficou na nossa memória. Às vezes ainda falamos dela. Foi um encontro muito bom.
ResponderEliminarEu adorei essas cidades pequenas da Bretanha e tivemos, então, a sorte de nunca apanhar nevoeiro. Nessa viagem, fomos ao Mont S. Michel que também me encantou. Às vezes penso que gostava de voltar a essa região, mas, o que é natural, as impressões já seriam diferentes.
Bom fim de tarde, Bea.
Também fomos a S. Michel, pareceu-me irreal, coisa de sonho e fantasia. Mas as pessoas que por ali se atropelam logo me desfizeram dúvidas. E havia sol. Um dia inteiro em S.Michel foi bastante agradável.
EliminarUm dos problemas são as enchentes. Agora custa ver ruas desertas e lojas fechadas, mas querer circular e não o poder fazer; querer ver qualquer coisa, mas haver sempre camadas de pessoas à frente... logo desfazem muitos sonhos. Mas, se calhar, as outras pessoas pensam o mesmo.
EliminarBom fim de tarde, Bea.
Foi pena não ter respondido...
ResponderEliminarSabe uma coisa engraçada? Acabei de descobrir que começámos os blogues exatamente no mesmo dia: 14 de Julho de 2011. Andei a espreitar lá para trás...
Beijinhos e continuação de boa semana:))
Que feliz coincidência, Isabel! Mesmo engraçado. Então, mais um motivo para as nossas visitas, para mim muito boas.
ResponderEliminarBeijinhos e que semana continue com coisas boas e boas coincidências.
Gostei de ler esta narrativa escrita, de uma viagem que deixou gratas recordações. Foi pena a filha não ter respondido e, quem sabe, mantido uma correspondêcia regular com a senhora idosa e solitária.
ResponderEliminarUm beijinho e que a Páscoa seja Feliz.
Obrigada. É verdade. E, de certeza, teriam assunto porque, apesar da diferença grande de idades, interessavam-se por muitas coisas em comum.
ResponderEliminarUm beijinho, Janita, e uma Páscoa também muito feliz.