(Como foi dito na última página do Diário de Mariana,
a professora da(s) turma(s)
escreve histórias que também partilha com os alunos.
Depois do que Mariana contou,
"Felizmente houve história".
Obrigada, Glória.
Felizmente há momentos muito bons nas nossas escolas.
O que não são é habitualmente conhecidos!)
"Naquele dia a Ana acordou mais animada. Não
era nada de especial mas a sua vida andava tão monótona que qualquer novidade
seria bem-vinda. A professora de Português tinha dito à turma que na aula
seguinte uma colega sua viria falar das estórias que escrevia e do gosto que
tinha pela leitura e pela escrita. Sempre era melhor do que a matéria que
andavam a dar. Uma seca! Uma obra que um senhor com um nome estranho, um tal de
Sttau Monteiro, tinha escrito há muitos anos e que ela nem sabia muito bem do
que tratava. A turma até pediu à professora para mostrar um filme sobre o
livro, para não ter de ler os textos do manual, que
a Ana às vezes não trazia porque era muito pesado. E a
professora estava sempre a ralhar…
Pois é! Vinha uma outra professora
à aula para falar de estórias. E não era de certeza a do tal Sttau Monteiro.
Animou-se.
Chegaram as duas, a professora de Português
e a professora convidada. Muito sorridentes. Pareciam muito amigas. A Ana olhou
a outra professora com atenção. Tinha um ar simpático. Depois de apresentada,
falou do seu gosto pela escrita. Não se considerava uma escritora, mas escrevia
pequenas estórias, muitas delas publicadas num blogue. Havia uma que tinha no
título o nome de uma árvore “ A ameixoeira que não gostava de estar só.” A Ana
lembrou-se de uma tangerineira que havia em casa quando era menina e já secara.
Sentiu saudades do tempo em que passava tardes inteiras a ler à sombra dos seus
ramos acolhedores.
E a professora continuou.
Tinha uma estória publicada num livro sobre o Porto. Um título curioso:
“Domingos Mira Flor”. A turma não sabia o significado de “mira”, houve até quem
confundisse com “mirra”, uma das prendas que os três Reis Magos ofertaram ao
menino Jesus. A professora sorriu e explicou: o conto passava-se no Largo S.
Domingos, no Porto. De uma das varandas desse Largo, o Senhor Domingos mirava
uma professora reformada que vivia numa outra casa que tinha também uma
varanda. Mirar significava olhar, ver com atenção, ficou a Ana a saber!
E a professora foi prosseguindo
neste clima de estórias e leituras. A Ana até leu um dos contos. A professora
pediu, porque já não via muito bem. Leu um que se intitulava “ O livro, o
guarda-chuva e o chocolate”. Tinha algumas palavras difíceis, mas a Ana não se
atrapalhou. Duas delas eram “folhear” e “desfolhar”. Essas ela sabia! A
professora de português já tinha explicado! Dizia muitas vezes: “Folhear, não
desfolhar”!, quando se referia às páginas do manual que tinham de usar.
A Ana olhou para o relógio. Às
vezes pegava no telemóvel, mas naquele momento não se atreveu a fazê-lo.
Parecia falta de educação. Viu que a aula estava quase a acabar. A professora
convidada trazia muitas estórias em pequenos livros para oferecer à turma. Não
as entregou porque não houve tempo. A professora de Português ficou com elas
para as distribuir na aula seguinte. Ainda bem! Ficaria adiado por mais um
pouco o “ Felizmente há luar! , do tal Sttau Monteiro. Felizmente houve
estórias!
Talvez a professora traga um filme…"
Glória Poças
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