Ontem, a Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, era um espaço feliz. Apesar de alguma chuva, o anfiteatro encheu-se de crianças, pais, educadores, amantes dos livros...
E alegrava ver crianças, aparentemente com hábitos de leitura, a entrar no edifício com um livro na mão, à espera de um autógrafo e, talvez, de um olhar sorridente da autora, que conheceram através das histórias.
E o auditório manteve-se interessado ao longo de duas horas que não foram longas.
Luísa Ducla Soares, respondendo a questões, falou da sua vida e da sua obra. Trabalhou no Ministério da Educação (lendo muitas cartas com erros de ortografia e uma grande parte com pedidos, disse com humor); na Biblioteca Nacional, também muito inspiradora para a escrita dos seus livros.
Falou afetuosamente da família, dos colegas de escrita (teve, ao seu lado, o escritor António Torrado, durante uma boa parte da sessão); reconheceu o trabalho dos educadores e professores do primeiro ciclo, revelou boa disposição e um grande amor pelas várias dimensões da vida (talvez uma grande razão da sua alegria e jovialidade, direi eu)..
E referiu dois esteios fundamentais para a sua escrita, vindos da sua infância: a professora primária que reconheceu o valor dos seus textos, e o pai que lhe contava histórias, que lhe lia poesia, que partilhava com ela lengalengas, etc.
Em tempo de tantas cisões e crispações, presenciar um número tão grande de crianças, acompanhadas por adultos, a aderir ao mundo maravilhoso dos livros talvez ajude a acreditar num mundo melhor. Mesmo que ainda não maravilhoso.
A presença do grupo dos Gambozinos foi um feliz exemplo do imenso trabalho que muitas pessoas realizam à volta dos livros e da arte.
Por isso, ontem, a Biblioteca Almeida Garrett não podia deixar de ser um espaço feliz.
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