Talvez por medo de ser apanhada em flagrante, não me lembro de ter copiado, quando era estudante. Sempre achei que isso é incorreto, apesar de todas as influências a que ninguém é alheio.
No entanto - porque sou mais pecadora do que santa - lembro-me de num exame de francês ter levado alguns verbos escritos a lápis muito fininho no dicionário que podíamos consultar. Seria uma pequena ajuda em caso de necessidade, porque sempre gostei da língua francesa e os resultados eram bons.
Antes do exame, os dicionários eram todos abertos e revistados pela professora vigilante. O meu coração ficou em suspenso no momento em que a professora o tomou nas mãos. Que alívio quando mo devolveu. O coração voltaria a bater mais forte às lentas passagens da professora por entre as mesas dos examinandos.
Não me lembro de ter precisado de consultar ou copiar os tais verbos, e, naquele contexto, acho até que nem seria capaz de o fazer com medo de ser descoberta e chamada à atenção.
Outras táticas de copianço havia - e algumas bem engraçadas. Muitas já devem ter mudado, e outras introduzidas. Recordo-me de um aluno que levava gravata sempre que tinha testes ou exames, com copianço da parte de trás; de outro aluno, de braço engessado, com muitas assinaturas dos amigos e cábulas bem disfarçadas lá pelo meio, etc.
Para não falar dos irritantes textos - já como professora - que eram meras cópias tiradas da internet e entregues como se fossem um trabalho original.
Vem isto a propósito do caso recente, pelos vistos muito divulgado nas redes sociais, de um diretor de escola/agrupamento que copiou e divulgou um documento de outro diretor também de escola/agrupamento, como se fosse ele o autor.
Quantos outros casos haverá nas mais diferentes instituições? Se alguém repara e acusa, quem copia ou plagia é apontado e desacreditado; se ninguém se apercebe, a prática mentirosa continua. Muita cópia se faz e muito plágio se pratica em textos que são assinados por alguém e, afinal, foram escritos por um alguém bem diferente.
Esta prática enganadora existe em muitos países e em Universidades bem conhecidas.
E o pior é que muitos dos adultos, quando são confrontados com isto, nem ficam atrapalhados como alguns adolescentes com receio de serem descobertos pelas cábulas, umas mais inocentes, outras mais descaradas.
Mas, com estes exemplos de adultos com muitas responsabilidades, digo como dizia a minha avó paterna perante uma situação que lhe parecia de difícil resolução: É o caso!