Quando eu era miúda, a minha mãe dizia-nos, a mim e aos meus irmãos, muitas vezes: não é para tocar à campainha. A advertência vinha a propósito de alguma coisa nova que se comprava, alguma notícia que era sobretudo nossa, etc. qualquer coisa que ela entendia não ser para contar a ninguém.
Não sei se foi por isso, mas tenho alguns pruridos em falar de mim num círculo mais alargado, ainda que a minha vida seja comum e anónima.
No entanto, aprecio muitas vezes a coragem de quem fala sobre si com inteireza, verdade e confiança, não para se vangloriar nem prejudicar seja quem for, mas porque o quer dizer, consciente de que o que diz não é motivo para se arrepender mais tarde nem é desabafo inocente que não interessa a ninguém e que apenas introduz ruído.
Com certas coisas que oiço dos outros também procuro ser cuidadosa, não reproduzindo muito do que ouvi, se o assunto é delicado, mesmo que não me tenham pedido segredo. Tenho medo de ouvir: foste dizer... contaste... não era para se saber ...
Fico atrapalhadíssima só de o pensar porque já me aconteceu uma vez ou outra e o que senti foi horrível. Devem ser resquícios do conselho que tantas vezes ouvi na minha infância, sentindo que não estive à altura de o cumprir: não é para tocar à campainha!
Por falar nisso, desculpem, estão a tocar à campainha.
Falar de nós mesmos não é vaidade pessoal?
ResponderEliminar.
Feliz fim de semana.
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Pensamentos e devaneios poéticos
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Em muita coisa que dizemos, mesmo sem querer, falamos de nós. Julgo que não é vaidade. Quem o faz só por vaidade torna-se chato e ridículo até mais não.
ResponderEliminarTambém um feliz fim de semana - com um bom bocadinho de vaidade, por que não?
Pura verdade
ResponderEliminarou ficção
este bem escrito texto
tem carradas de razão!
Mas diga-me lá
por favor,
o que pensa
a Mª Dolores
se eu, que tanto mostro
de mim,
em versos ou em imagens
mas prezo as vidas
alheias, se farei bem ou mal?
É que fiquei baralhada
se serei uma descarada
ou, corajosa e confiante
em excesso,
neste munfo virtual...
Abracinho. :-)
Querida Janita,
Eliminarcom toda a verdade
e sem qualquer ficção
digo-lhe que não estava a pensar em si
- talvez de coisas que oiço na rádio ou televisão -
quando falei do tocar demasiado à campainha.
Ai, que até me sinto mal!
Mas, de facto, se a comparar comigo,
no poder de comunicação,
a Janita é rainha
e eu da missa um sacristão!!
Mas não fique 'baralhada'
é o que menos eu quero.
pergunta se é 'descarada'?
Ai, valha-me Deus,
tudo bom e sem excesso,
cá na minha opinião,
partilha tanta coisa boa e humana,
com saber e imaginação,
tanta coisa que as pessoas irmana
que apetece visitá-la
e ajuda a temperar
alguma vontade mais medrosa
e mandar logo de seguida,
como me apetece agora,
um grande xi-coração
por mensagem tão bonita
e entrar ainda mais vezes
no seu Cantinho da Janita.
Um abraço, Janita, e um fim de semana ao seu gosto.
Boa!! 😊
EliminarBom domingo, Mª Dolores.
Beijinho
Janita
Há coisas que não são de contar. Ou por nos pedirem segredo, ou por sabermos que só prejudicam aqueles a quem aconteceram (nós incluídos), ou porque gostamos que sejam só nossas, temos prazer nisso; há tão pouca coisa que nos pertence. Mas gosto imenso de contar, sobre mim, sobre os outros; sou conhecida por contar inventando sempre um bocadinho. O acto de contar só se completa quando tem a atenção do ouvinte/público.
ResponderEliminarNão conhecia a expressão, "não é para tocar à campainha", faz sentido.
Imagino que será bom ouvi-la, Bea. Aprecio imenso as pessoas que contam as coisas com graça, dando mais vida ao momento.
ResponderEliminarTinha uma colega de trabalho que o que ela contava, e ainda conta, felizmente, mesmo que fosse repetido, apetecia sempre ouvir como se fosse a primeira vez. E então as pequenas peripécias do dia a dia eram um delícia pela maneira expressiva como as contava. Sempre com um bocadinho de pimenta acrescentado, o que tornava o caso, ainda que banal e simples, mais apetitoso.
Um abracinho, Bea, e um fim de semana bom com bonitas histórias para contar.