Li recentemente o romance de Isabel Rio Novo Rio do Esquecimento, obra finalista do Prémio Leya 2015.Na capa, leem-se palavras elogiosas de Mário Cláudio e, na contracapa, de Nuno Júdice. A história passa-se no Porto, no século XIX, sendo descritas ruas miseráveis ou burguesas; casas pobres ou abastadas, estas por grandes riquezas trazidas do Brasil.As doenças da época, as transformações arquitetónicas e sociais da cidade também entram neste Rio de muitas lembranças e esquecimentos, em que várias famílias se encontram e desencontram. Na história, não falta o homem belo e sedutor, raparigas pobres e as que detêm fortuna, mulheres sibilinas e ardilosas, paixões, ambições, vinganças, traições...
Para além de uma escrita robusta, são apresentados factos e, depois, retomados sendo justificados comportamentos e sentimentos.
É uma narrativa com notória influência de Agustina Bessa Luís ou Camilo Castelo Branco. Os diálogos, que sempre ajudam a avançar a história, são quase inexistentes, mas a história (158 páginas) prende o leitor.
Gostei do entrelaçar das diferentes ações mas, sobretudo, do que se aprende com o livro, nomeadamente sobre o Porto de meados do século XIX. Também da evocação de rios, uns metafóricos, outros reais, que o tempo conserva bem vivos e outros que vão caindo no esquecimento.
Isabel Rio Novo nasceu no Porto em 1972 e já tem uma vasta obra publicada.