Na minha infância, a minha mãe pertencia à Lac - Liga agrária católica - e muito cedo nos
inscreveu, a mim e à minha irmã, na Pré-Jac e, depois, na Jac -
juventude agrária católica (É curioso que ao meu irmão a minha mãe nunca
filiou)!
Tínhamos
reuniões mensais no Salão Paroquial, ao domingo antes da missa e às vezes à tarde, dinamizadas pela presidente, que era eleita
democraticamente por todas nós. A que mais me ficou na memória foi uma
rapariga das poucas que seguiram os estudos e que era muito alegre e
empenhada.
Teve a coragem de se
opor às ideias de um padre, que considerava retrógrado. Parte do grupo
seguiu-a, outra parte não e o 'cisma' motivou algumas desistências, como foi o meu caso. Não me recordo do que a levou a estar contra o
padre, mas tenho pena
de não ter tido a mesma coragem. A minha desistência, se calhar, foi o caminho mais fácil, mas foi o que aconteceu. É a vida. Faltavam ainda muitos anos para se ouvir o Papa repetir: 'Não tenhas medo! Não tenhas medo!'.
Recordo-me
de outra presidente, uma rapariga muito convicta e muito doce e
que hoje continua a ser uma mulher que muito admiro. Recordo-me de, numa atividade, ter sugerido que vendássemos os olhos por uns instantes para sentirmos o que é não ver.
A vida foi-lhe
muito dura, roubando-lhe os seres que ela, naturalmente, mais amava, mas
continua com o seu sorriso bonito, generoso e brando. E a interessar-se pelos
outros. Há tempos, ouvi-a dizer que, pelo menos ao fim de semana ia tomar
café onde sabia que encontrava pessoas conhecidas. Um dia, ouviu que o café de
casa era bem melhor e ela logo respondeu: é bom o café tomado,
mas é melhor quando é falado.
No tempo em
que eu pertencia à ação católica, fazíamos reflexões interessantes, como,
por exemplo, sobre problemas do mundo, ainda que
geograficamente distantes, já numa perspetiva global e solidária. Hoje, nem sei se existem a Jac, a Jec, a Joc, a Juc... Atualmente, tais divisões - de género, de ocupação, etc. - não fazem qualquer sentido. Felizmente.
De
outras presidentes não me recordo. Não devem ter feito nada de
relevante, no meu entender, ou então, eu não estava devidamente atenta.
Tudo
isto me veio à cabeça quando, perto do mar, ia acompanhando, de vez em quando,
aquele alegre mar de jovens na JMJ.
Voltando
à filiação na Jac, na minha juventude, não dou por perdido esse tempo e algumas coisas me ficaram.
Ah, também havia festas anuais com teatro, danças, etc. Dessas não me ficaram as recordações que eu desejaria. Os irmãos - rapazes - tinham liberdade maior. Isso, é claro, também me ficou.