"Não me procurem nas entrelinhas
do que escrevo".
"Escrevo por um desejo
irreprimível de falar da minha meninice".
Mário de Carvalho
Acabei agora de ouvir, na
antena 2, uma entrevista com Mário de Carvalho, autor homenageado, este ano, na
Escritaria, em Penafiel. Este contista, romancista, argumentista... sucede a
António Lobo Antunes, Mia Couto, Agustina Bessa-Luís, José Saramago e Urbano
Tavares Rodrigues.
O programa radiofónico continua e que bom
é ouvir, na rádio, pessoas que escrevem, que gostam de livros, que revelam
afetos, que se preocupam com o Mundo e com a Humanidade.
Para falar de Mário de
Carvalho estão presentes, em Penafiel, Lídia Jorge, Gonçalo M. Tavares,
Ricardo Araújo Pereira. Carlos Avillez, José Fanha ("contagiador de
palavras")...
Para não falar da presença de jornais e de televisões à volta de um escritor com muito público para o ouvir. O ambiente deve ser de festa que também se faz na rua.
RAP realçou o humor, a
imaginação, a erudição ("uma espécie de criança erudita") de Mário de
Carvalho.
O encenador Carlos Avillez, a
propósito do autor, também seu amigo, diz que as suas personagens são teatrais;
ele não resolve os problemas, põe as questões.
E realça o teatro de rua que
visionou em Penafiel, pela simplicidade, sentido crítico e tudo o que fica
do(s) autor(es) convidado(s), referindo-se às caixas de cartão, frases que são
deixadas na cidade para serem recolhidas por quem delas se abeira e que são
recordações para serem lidas.
Lídia Jorge afirma que, recorrendo à ironia, Mário de Carvalho escreve para vencer o mundo, apesar de parecer
vencido. E acrescenta que, através da sua obra, ele denuncia o que está errado no mundo e também em quem o
governa, porque, como está escrito: " a realidade é muito abusadora".
Ontem à noite, foi lançado o
livro de contos Liberdade de Pátio de Mário de Carvalho.