Querido diário,
9 de janeiro 2012
Hoje, pareceu-me que a minha DêTê
estava um bocadito triste. No final da aula, fiquei para trás e fui ter com
ela. O Gi fez-me sinal, a Bia entreabriu a porta, mas fiz de conta e fiquei
como queria. Não me interessa que os outros pensem que fiquei a dar graxa. Às vezes, acho que
penso de mais no que os outros acham e não no que eu quero mesmo. Que se lixe.
A professora estava a arrumar o livro
de ponto e perguntei-lhe: ó setora, está triste? É por nossa causa? E ela disse
logo: não, Mariana, não tem nada a ver convosco.
Se calhar, ela pensava que eu ia logo
embora, mas eu fui ficando. Ela então disse assim: sabes, Mariana, gostava de
fazer as coisas bem feitas e às vezes acho que não faço. Se calhar, por vários
motivos que eu dificilmente venço.
E eu disse assim: ó professora, claro
que ninguém é perfeito, mas acho que tudo corre bem na turma. Tem sido
altamente.
E a DêTê acrescentou: sabes, Mariana,
às vezes, o que os outros dizem ou veem não é igual ao que sentimos. Gostava de
fazer melhor muitas coisas.
Eu fiquei a olhar para ela sem saber o
que dizer, porque nunca tinha ouvido nenhum prof a dizer que gostava de fazer
melhor o seu trabalho. Eu sempre ouvi os setores dizerem que os alunos é que
fazem mal: que o trabalho está incompleto, que as frases estão muito longas e
têm erros, que temos de estudar mais, que as notas têm de melhorar, que temos
de prestar mais atenção, que sabemos pouco, que os exercícios que fazemos não
chegam…
Uma prof a dizer que tem de melhorar é
que nunca ouvi, ou então tenho andado muita distraída.
Como eu estava a olhar para a Dê Tê e
não dizia nada, ela disse-me assim: vamos sair, Mariana, os teus amigos devem
estar à tua espera.
Eu tive então uma ideia: ó setora, não
estou a perceber muito bem por que está triste, mas, desculpe, estou a
lembrar-me de um conselho que um dia me deu quando eu precisava, que foi
escrever. Eu acho que também lhe fazia bem. Você vai ver que escrever alivia.
E a Dê Tê disse muito depressa com
cara de admirada: Disseste “você”, Mariana? Tu não costumas falar dessa
maneira!
E eu: pois foi, setora, desculpe, não
acredito, e pra mais disse bocê…
E começámos as duas a rir.
No intervalo seguinte, passei por ela
no corredor e ela piscou-me o olho. Parecia que estava mais bem disposta.
Hoje fico por aqui, querido diário. Muitos
abracinhos.
P.S. Esta semana não tenho testes. Que
fixe! Ai é verdade, tenho um miniteste! É bem melhor (eu é que já não digo
Fogo, senão dizia: Fogo!)
Mariana