Que bom não nos chamarmos Procópia!
Havia um pai que era amante de poesia com rimas. Antes do nascimento da
terceira filha foi pensando no nome que rimasse com o das irmãs. Como tinha de
rimar, pensou em Rosa, mas era muito curto e, confrontado com o das manas,
podia parecer demasiado breve e gerador de conflitos ou ciúmes.
Na Maternidade, logo que a menina nasceu, o pai foi com as duas filhas –
Generosa e Formosa – visitá-la e à mãe que já não sabia o que fazer porque a
bebé chorava, chorava com a boquinha muito aberta e as maçãzinhas do rosto
muito vermelhas. As meninas estavam muito caladas, sem saberem o que fazer ou
dizer. Foi então que Generosa se aproximou da irmã, esfregando o dedinho
indicador no polegar, como sempre fazia antes de tocar na pele macia e
delicada de um bebé. Disse-lhe a mãe: “Podes fazer festas à maninha, querida.
Pode ser que deixe até de chorar tanto”. E a pequena Generosa assim fez. Não
sei se por cansaço ou pelo carinho acrescido, a recém-nascida sossegou. E foi
então que Formosa, que gostava de imitar as palavras da mãe, exclamou: “Que
mimosa!”. E logo o pai disse: “Encontrei o nome!” E Mimosa ficou porque rimava com o das irmãs.
Mas a menina
mais velha chamar-se Generosa também tem a sua história.
A madrinha
chamava-se Procópia e queria à viva força que a afilhada tivesse o seu nome.
Os pais
pediram muita desculpa, mas não podiam aceitar. Gostavam muito de D. Procópia,
mas tinha de compreender que não era nome de bebé.
“Pronto, tudo bem, a menina não se
chama Procópia como eu, mas, então, tem de se chamar Generosa, porque é o que sou
ao aceitar que não fique com o meu nome". E assim a menina ficou Generosa,
nome pronunciado bem alto pela robusta madrinha junto da pia do batismo.
A segunda menina, até nascer, não tinha nome. Na tarde em que a menina viu
a luz do dia, a médica obstetra pegou nela, voltou-a para a claridade da janela
e exclamou: “Que formosa que ela é”. Pronto, estava encontrado o nome: Formosa.
E rimava com o da irmã.
E que mais posso dizer
eu? Apenas que as meninas cresceram generosas, formosas e mimosas.
Todos os professores diziam que eram atentas,
simpáticas e gostavam de aprender. Porém, as três manifestavam uma reação
estranha: recusavam-se a decorar rimas e esquemas rimáticos!!!