Esta semana, numa turma do 10º ano, os alunos começaram
as apresentações do “Contrato
de Leitura”,
tendo por base narrativas curtas.
Aos contos podiam ligar-se outros textos.
Uma aluna, a Ana Rita, trabalhou três histórias de Sophia de Mello Breyner:
“Homero”, “Praia” e “O Homem” da coletânea Contos
exemplares.
Escolheu também este poema de Sophia:
A Forma Justa
Sei que
seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino —
Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino —
Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"
E escreveu o seu próprio texto poético:
Terra, és única
Olha em teu redor.
O que vês?
Talvez tudo, talvez nada,
Um mundo repleto de sombras,
A terra completamente banalizada.
Bem, olha agora com mais atenção.
Pensa com o coração.
Não vês o reflexo do sonho?
Não vês que tudo tem a sua intenção?
Intenção de nos apaixonar,
De nos fazer pensar,
De nos tornar sonhadores
Ver o mundo de todas as cores.
Afinal as sombras não existem,
Afinal o que parecia nada é tudo.
Terra é única,
Única e apaixonante,
Como o sol de uma manhã brilhante.
Ana Rita Carvalho
Ana Rita Carvalho
E assim se vivem "manhãs brilhantes".
Graças também à escrita e à leitura.
E a quem tão bem as partilha.
Felizmente, também esta é uma parte do nosso ofício.
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