“O país está
melhor”?!
Desculpe, sr
Passos, mas não vejo nada!
Quando o
ouvi, até fiquei atrapalhada,
Ou será que
estou a ver pior?
Pus os
óculos que preservo
Porque não
os quero partir,
E será um
dinheirão
Se tiver de
os substituir!
“O país está
melhor”?!
Sr Passos,
então passe, passe aqui quando puder;
Dê no país real
uns passeios a pé
Pode trazer a
D. Laura, sua mulher
Olhei o meu recibo
de ordenado
Que acabei
de receber:
Cada vez
mais minguado
Até o voltei
a ler!
“O país está
melhor”?!
Cá pra mim,
o sr Passos sonhou!
Diz que só há menos emprego?
Foi
cantiga que alguém lhe cantou.
O sr Passos
é um belo rapaz,
Mas se
tivesse de comprar o passe,
Veria se era
capaz
De viver em
tanto impasse!
A sua voz de
barítono
Não queira
que passe à história,
Como parte
de opereta
Que passa a
cantar vitória.
Em muitas
pensões não passou
A tesoura de
Albuquerque e de Gaspar?
Só se a
morte dos pensionistas
Quisessem antecipar!
Sr Passos,
passe à ação
Palavras
leva-as o vento!
Veja tanto
jovem que emigrou
Porque em
Portugal não tinha sustento.
O sr Passos
não conhece
Porque tudo
lhe passa ao lado
Mas há
crianças e adolescentes que sofrem
Porque os
pais não têm ordenado!
E quando o
sr Passos passar
Para outro
reino dourado,
Nem sequer
se vai lembrar
Que o país
ficou “lixado”.
“O país está
melhor”?!
O sr Passos
tem é sorte
Porque
poucos portugueses se passam
E gerindo a
crise lá vão.
Muitos
estão bem, sim, senhor,
Os mais
ricos e/ou da sua cor.
Mas o sr não
está bom!
Como diria Natália Correia, cujo pensamento era laranja (como muitos outros que hoje não se reveem nesta cantiga do Sr. Passos), "quando a crise não é geradora de grandes audácias, mais indicado é dar-lhe o nome de agonia" Estes versos são o reflexo verdadeiro e a imagem certeira desse estado agónico em que a maioria (do povo) sustenta a felicidade de poucos (os políticos e os governantes deste país) que embandeiram em arco o sucesso destes tempos.
ResponderEliminarDiscursos de surdos, palavras moucas que estes versos não fazem esquecer (nos primeiros a retórica balofa; nos segundos, a realidade poética).
Posso roubá-los e levá-los na "Carruagem"?
Beijinho.
Obrigada, Vítor.
ResponderEliminarClaro que podes. É um gosto.
Um abraço
M.
Que bom!
EliminarJá lá estão.
Bom fim de semana.
A escrita talvez não esteja tão cuidada como gostas (e eu também!), porque foram palavras que me saíram quase de forma repentina, depois de ouvir excertos do último discurso do 1º ministro.
ResponderEliminarBeijinho
M.