Corriam os anos sessenta. Nas
praias da Foz, no Porto, só as jovens mais ousadas usavam fato de banho. O
bikini nem vê-lo, porque era proibido. Se houvesse tal ousadia, surgiria logo o
Cabo do Mar, com a sua farda branca e azul, a repor a ordem e os bons costumes.
Nunca era dito, porque o tempo era de pouca
folgação, mas o Cabo do Mar não deveria desgostar da função, porque, enquanto
mostrava as leis por a mais bê, o seu olhar também se comprazia.
Ora, um dia, uma jovem cheia de
vida, que gostava de enfrentar as ondas e muitas marés, apareceu na praia com
um bikini preto. Quase logo, apareceu, compenetrado, o Cabo do Mar que dela se
abeirou. Como uma cena de um filme a preto e branco, ela saiu da praia acompanhada
pelo zeloso Cabo do Mar e durante a tarde não foi vista na praia.
No dia seguinte, chegou logo de
manhã. Trazia o mesmo bikini, mas com uma rede, que ela própria tinha tecido, a
unir as duas peças. Tal como num filme, mas desta vez bem sonoro, atirou-se à
água para não perder a boa onda.
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