terça-feira, 23 de julho de 2013

Fraternidade(s)



12h - Uma professora dirige-se a uma mesa onde estão quatro colegas a corrigir exames. Partilha com elas bolachas de canela.

16 h - Entro numa perfumaria. A funcionária dá a cheirar diferentes perfumes a uma cliente. Espero pela minha vez. No ar misturam-se aromas. A cliente continua em busca do perfume perfeito. Dois adolescentes, que brincavam no exterior, aproximam-se. Ela dá-lhes a cheirar o branco papelinho perfumado. Os miúdos ficam indiferentes e saem de novo.

Começo a olhar à minha volta em busca de algum produto que me chame a atenção. Sem nada comprar, a cliente sai, levando atrás de si os adolescentes,

A funcionária pergunta-me: "em que posso ajudar".

Queria um perfume para homem, respondo eu. Pergunta até quanto quero gastar, se tenho preferência por alguma marca, que idade tem o destinatário. Respondo às perguntas. Ela estica o braço e pega em duas caixas. Pousa-as no balcão e diz, como se tivesse mesmo de o dizer: "olhe que lhe mostrei uns quinze perfumes. E, no fim, disse-me apenas que tinha ficado com uma ideia. Realmente, muitas pessoas só pensam nelas próprias!” 

17 h - Visito a minha mãe. Está no quintal e as galinhas estão à solta. Trago-lhe o perfume que me pediu para o aniversário do meu pai. Diz-me, apontando um banco: filha, senta-te aqui, não te vás já embora. Fico. Chega o meu pai. Senta-se também. Reparo que, sem querermos, formamos um triângulo.

19 h – Vou ao supermercado. Uma cliente tem muitos sacos. Tem de os levar todos nas mãos. A cliente seguinte ajuda-a a pôr na mão as asas de alguns sacos. Presenciando o ato, pensei que, apesar da simplicidade, o gesto devia ter sabido tão bem como as bolachas com canela ou o tempo sentado no quintal de família.


2 comentários:

  1. Acredita que sim. Já se passou isso comigo.
    E melhor ainda é quando, não se conhecendo, alguém ajuda numa iniciativa que já nem parece deste(s) tempo(s): sem pedido e com oportunidade.
    Felizmente, ainda há quem entre na rede destas relações humanas solidárias, nem que seja apenas para dar as asas dos sacos aos dedos que os transportam.
    Bjinho.

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  2. Sim, são pequenas coisas que nos ligam e que nos fazem caminhar com um fôlego mais fresco.
    beijinho
    M.




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