12h - Uma professora dirige-se a uma mesa onde estão quatro colegas a corrigir exames. Partilha com elas bolachas de canela.
16 h - Entro numa perfumaria. A funcionária dá a
cheirar diferentes perfumes a uma cliente. Espero pela minha vez. No ar
misturam-se aromas. A cliente continua em busca do perfume perfeito. Dois
adolescentes, que brincavam no exterior, aproximam-se. Ela dá-lhes a cheirar o
branco papelinho perfumado. Os miúdos ficam indiferentes e saem de novo.
Começo a olhar à minha volta em busca de algum
produto que me chame a atenção. Sem nada comprar, a cliente sai, levando atrás
de si os adolescentes,
A funcionária pergunta-me: "em que posso
ajudar".
Queria um perfume para homem, respondo eu.
Pergunta até quanto quero gastar, se tenho preferência por alguma marca, que
idade tem o destinatário. Respondo às perguntas. Ela estica o braço e pega em duas
caixas. Pousa-as no balcão e diz, como se tivesse mesmo de o dizer: "olhe
que lhe mostrei uns quinze perfumes. E, no fim, disse-me apenas que tinha
ficado com uma ideia. Realmente, muitas pessoas só pensam nelas próprias!”
17 h - Visito a minha mãe. Está no quintal e as
galinhas estão à solta. Trago-lhe o perfume que me pediu para o aniversário do
meu pai. Diz-me, apontando um banco: filha, senta-te aqui, não te vás já
embora. Fico. Chega o meu pai. Senta-se também. Reparo que, sem querermos,
formamos um triângulo.
19 h – Vou ao supermercado. Uma cliente tem
muitos sacos. Tem de os levar todos nas mãos. A cliente seguinte ajuda-a a pôr
na mão as asas de alguns sacos. Presenciando o ato, pensei que, apesar da
simplicidade, o gesto devia ter sabido tão bem como as bolachas com canela ou
o tempo sentado no quintal de família.
Acredita que sim. Já se passou isso comigo.
ResponderEliminarE melhor ainda é quando, não se conhecendo, alguém ajuda numa iniciativa que já nem parece deste(s) tempo(s): sem pedido e com oportunidade.
Felizmente, ainda há quem entre na rede destas relações humanas solidárias, nem que seja apenas para dar as asas dos sacos aos dedos que os transportam.
Bjinho.
Sim, são pequenas coisas que nos ligam e que nos fazem caminhar com um fôlego mais fresco.
ResponderEliminarbeijinho
M.