Júlio Resende
Sísifo
Recomeça....
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas
no pomar.
Sempre a sonhar
Sempre a sonhar
E
vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Miguel Torga, Diário XIII
Este poema é um dos meus favoritos!
ResponderEliminarÀs vezes, penso que Torga o escreveu para mim, porque a minha vida é um eterno recomeço. Mas, depois, descentrando-me do eu, vejo que, afinal, esta é a Vida de todos nós. Um eterno recomeço! Por vezes, escolhido por nós; outras (muitas vezes) imposto!
Hoje é quarta-feira de cinzas: um convite a um recomeço, através de cinzas que são símbolo/ provocação de uma reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida. Recorda-se a passageira, a efêmera fragilidade da vida humana...
Um bom dia para todos
beijinho
IA, também prima Za
Também gosto muito deste poema pelo que transmite e que tu, como sempre, tão bem explicas.
ResponderEliminarUm beijinho
M.