segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Nº 60

Fui às Finanças hoje para pagar uma multa de uns 68 euros - coima que já remonta a 2008.

Enquanto esperava pela minha vez, apercebi-me de que havia situações semelhantes. Uma das pessoas - uma mulher jovem e fogosa - disse um palavrão, acrescentando que o carro já tinha ido para a sucata e só agora era avisada de multas.

Eu já havia pago a multa e este mês chegou-me novo aviso. Levei o comprovativo de ter pago os 15 euros.
Pois é certo que pagou, está aqui registado, mas quando pagou já tinham passado oito dias.

Eu sei qual é a função da funcionária, mas fui dizendo o que me ia na alma: nós não existimos. Só contamos para pagar. Se eu devesse milhões, tudo me seria perdoado e até me convidariam para cargos públicos...

A funcionária, com um sorriso complacente, ia respondendo: não sei o que se passa, se calhar, vamo-nos acomodando muito...

E o meio diálogo prolongou-se, enquanto eu ia pagando e recebendo os comprovativos.

O aviso vinha em duplicado, incompreensível em tempos da apregoada poupança.

Ah, mas esquecia-me de que a poupança é só para nós, os comuns cidadãos que vivem honestamente e não devem nada a ninguém.

Naquele momento, nas Finanças, eu era apenas o nº 60. O resto não (lhes) interessava.

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