Já ouvi Carlos Moedas a dizer várias vezes que 'deixou tudo' para se candidatar à Câmara Municipal de Lisboa. Não entendo esse abandono. O que fez está feito e ninguém lho tira. O que estava a fazer e já não faz, porque é candidato à autarquia, é mudança de vida assumida de livre vontade.
Se ele optasse por um trabalho tipo não remunerado, se se despojasse de tudo para aderir a uma causa, por exemplo de ajuda social, etc. compreenderia que deixasse tudo para trás, o que não é o caso, acho eu.
Pelo que se sabe, uma presidência de Câmara, para mais das mais importantes do país, implica dedicação, trabalho árduo sem horários, mas um serviço público deste teor será sempre assim. Porém, quem o desempenha tem bom salário, regalias, janelas abertas...
Não gosto nada de ver os políticos no papel de vítimas. Eles (nem todos, é claro) são muito úteis à sociedade, mas isto de dizerem que deixam a sua vida para trás, quando se candidatam a um cargo público, é apenas um chamariz de votos. E a vitimização muitas vezes colhe.
Por falar em deixar ou abandonar, embora não tenha nada a ver, gosto muito desta canção de Jacques Brel: 'Ne me quitte pas'. Neste momento, penso que o melhor é deixar o resto para trás.