domingo, 12 de julho de 2020
Também dávamos passeios na avenida
O hotel era Avenida. O nome mantém-se no cimo da porta principal deste hotel em ruínas, nas termas de Vidago.
Pouca mais resta intacto: janelas partidas, cortinas todas rotas, só ervas daninhas no que era jardim...
A porta principal está aberta, vendo-se a escadaria com muitos cacos espalhados.
Passei lá num dos últimos dias.
E impossível não recordar alguns dias que a família lá passou, há muitos anos, para tratamentos gástricos do meu pai.
Nessa altura, havia muita gente dentro e fora do hotel, as refeições eram à hora certa, as mulheres conversavam enquanto faziam renda e trocavam amostras, os homens liam o jornal e conversavam sobre os assuntos do dia, ou melhor, sem saberem ao certo de que dia eram, porque o lápis azul encarregava-se de apagar o que queria.
Muitos serões eram dançantes, o que exigia indumentária mais cuidada. Julgo que havia música ao vivo que tocava muito chegadinhos slows.
Durante o dia, em horas de menos calor, também dávamos passeios na avenida, sobretudo até ao parque.
Não sou muito saudosa do passado, mas tenho muita pena de ver casas a cair de abandono.
Estas e outras termas caíram em desuso.
Vão renascendo agora, sobretudo com serviços de relaxamento, mas a pandemia não ajuda.
Quando agora lá passei, olhando uma das janelas, vi um pedaço de cortina a esvoaçar fora do vidro partido com uma folha seca presa na ponta.
Parecia a mão de um fantasma a dizer adeus numa casa assombrada. A folha, entretanto, desprendeu-se do farrapo da cortina que continuou ao sabor do vento.
Ou continuaria a acenar?
quinta-feira, 9 de julho de 2020
"Gracias a la vida"
Letra
"Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio dos luceros, que cuando los abro,
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Me dio dos luceros, que cuando los abro,
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el oido que en todo su ancho
Graba noche y dia, grillos y canarios,
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Me ha dado el oido que en todo su ancho
Graba noche y dia, grillos y canarios,
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario;
Con el las palabras que pienso y declaro:
Madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Me ha dado el sonido y el abecedario;
Con el las palabras que pienso y declaro:
Madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
Con ellos anduve ciudades y charcos,
Playas y desiertos, montanas y llanos,
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
Con ellos anduve ciudades y charcos,
Playas y desiertos, montanas y llanos,
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazon que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano,
Cuando miro al bueno tan lejos del malo,
Cuando miro al fondo de tus ojos claros
Me dio el corazon que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano,
Cuando miro al bueno tan lejos del malo,
Cuando miro al fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Asi yo distingo dicha de quebranto,
Los dos materiales que forman mi canto,
Y el canto de ustedes que es mi mismo canto,
Y el canto de todos que es mi propio canto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Asi yo distingo dicha de quebranto,
Los dos materiales que forman mi canto,
Y el canto de ustedes que es mi mismo canto,
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida que me ha dado tanto"
Fonte: LyricFind
Compositores: Violeta Parra Sandoval
Aniversário
Painel de Júlio Resende |
"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Para, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!... "
Álvaro de Campos - Heterónimo de Fernando Pessoa -, in Poemas
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Para, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!... "
Álvaro de Campos - Heterónimo de Fernando Pessoa -, in Poemas
terça-feira, 7 de julho de 2020
Uma imagem para muitas palavras
sábado, 4 de julho de 2020
"Uma vida bonita" (?)
- Temos uma vida bonita, disse ela, explicando:
Temos trabalho, não devemos nada a ninguém, passeamos aos fins de semana e todos os anos fazemos uma viagem de avião.
- Este ano é que as viagens estão mais complicadas.
- Pois estão, já tinha dado um bom sinal e estou a ver que fico sem o dinheiro e a ver navios, em vez da viagem que até nos fazia muito bem a ver se estávamos uns dias de acordo e sem andarmos zangados.
E continuou:
- Este ano, mudei as cortinas da sala e os azulejos da casa de banho. O que vale é que o meu marido sabe fazer essas coisas, sai mais barato e fica como deve ser.
- E a casa onde vivemos é importante.
- Se é, continuou. E está cada vez mais a meu gosto. Mas, mesmo assim, nem sempre somos felizes lá dentro. Estamos sempre a pegar-nos um com o outro. Eu gosto do amarelo, ele prefere o castanho; eu gosto das vidraças fechadas, ele quer tudo aberto; eu gosto de ver séries, ele é vidrado no futebol...
- É difícil encontrar gostos tirados a fotocópia. Tem de se negociar.
- Isso pra mim não dá. Mas, seja como for, temos uma vida bonita, porque temos trabalho, não devemos nada a ninguém, passeamos aos fins de semana e todos os anos fazemos uma viagem lá fora. Ou, melhor, fazíamos. Já nos chateámos por causa disso. Está-me sempre a dizer que eu não devia ter dado um sinal tão grande. Já lhe disse que na próxima vez é ele que trata disso. Respondeu-me logo que nem se sabe quando haverá a próxima. Só pra me irritar.
Mas, bem vistas as coisas, temos uma vida bonita.
sexta-feira, 3 de julho de 2020
Corrupção logo ao pequeno almoço
O pequeno almoço na mesa. Que bom, embora o de quase sempre.
Ligo a televisão e lá estão os casos muito falados nos últimos tempos e a cada passo acrescentados de outros: Isabel dos Santos, Sócrates, Novo Banco, Ricardo Espírito Santo, dirigentes desportivos e tantos, tantos outros nomes ligados a crimes de corrupção que lesam o país a todos os níveis.
A 'eles' nada lhes diz, porque a ambição do poder e do dinheiro é desmedida, mas a muitos de nós toca também o mau exemplo que dão a tantas gerações. Os estragos que deixam são irreversíveis.
Grande corrupção para um país tão pequeno.
E muitos, alegadamente corruptos, habituaram-se a mostrar à opinião pública uma expressão tão angelical que espanta quem observa. E ouvir 'tenho a consciência tranquila' ainda é mais irritante.
Todos devemos usar máscara, porque o tempo é de pandemia, mas tantas máscaras em rostos a descoberto são vírus que causam muitas e graves doenças.
Será que ainda pode haver cura?
quinta-feira, 2 de julho de 2020
Este texto não é para quem não acha piada a esqueletos
Hoje recebi um mail de uma amiga com um vídeo engraçado, dos que quase todos recebemos a cada passo.
O vídeo mostrava um homem na rua a dançar, tendo a ele presos dois esqueletos, um atrás e outro à frente, que repetiam os mesmos movimentos de dança, o que se tornava hilariante.
E lembrei-me do esqueleto que tenho em casa.
Não, não se admirem nem pensem mal de mim. Eu explico.
Comprámo-lo e, durante um par de anos, esteve no quarto de uma das minhas filhas, porque era lá que ela estudava para as suas aulas, incluindo anatomia.
Depois desse tempo, o estudado esqueleto ficou a um canto e chegou a servir de cabide para casacos ou outra roupa. Coitado, passou a estar vestido, mas continuou sempre sem pele e só osso.
Um dia, quando já não estava a ser objeto de estudo, emprestei-o a uma colega cuja filha era estudante da mesma área da minha filha.
Quando mo devolveu, trazia o esqueleto nos braços, envolto num lençol que não o tapava todo, deixando ver as pernitas pendidas e o rosto mesmo nada bem parecido, como se sabe dos outros exemplares que todos conhecemos.
Pode imaginar-se a cena e o riso que provocou.
- Ainda tiram uma foto e enviam para a CMTV!!!
- Ai que vamos ser motivo de investigação!!!
Agora, já não está no quarto e aqui jaz, desculpem, está pendurado no seu suporte a um canto discreto de uma outra divisão.
E não tem servido de cabide.
Conversa com anjos dentro
- Oh, este anjo caiu-me da mão e partiu.
- Também era muito frágil.
- Pois era, mas tenho pena.
- Eu sei, claro.
- E já estava aqui há tanto tempo.
- Deixe lá, os anjos estão no Céu.
- Também era muito frágil.
- Pois era, mas tenho pena.
- Eu sei, claro.
- E já estava aqui há tanto tempo.
- Deixe lá, os anjos estão no Céu.
terça-feira, 30 de junho de 2020
A criança que há em mim/nós!
Maldita pandemia! Que não me deixa estar com a minha neta este verão.
Não estão nada fáceis os voos de Londres para o Porto. Nem do Porto para Londres. E para quem tinha viagem marcada pela TAP ainda pior.
Mesmo assim, comecei a organizar melhor o quarto da minha neta. Se não vier agora, pode ser que venha para o Natal. Se o maldito vírus não continuar a contagiar por terra, mar e ar.
E como ela gosta muito de livros de histórias, lá estão eles numa prateleira já sem pó. Uns são novos, outros eram da mãe e da tia e, claro, não podia faltar o que a avó escreveu, e que a Cristina Pinto ilustrou, e lhe dedicou.
Ora, quando faço estas arrumações e olho com mais atenção, tenho vontade de ler os livros de Sophia, de Matilde Rosa Araújo, de António Mota... e de escritores jovens que escrevem tão bem para crianças, como é o caso de Valter Hugo Mãe e de tantos outros.
Este meu gosto vem, com certeza, do nascimento da minha neta e talvez tenha a ver também com a tal criança que - dizem - existe dentro de nós.
É pena que essa existência não facilite a vinda da minha neta, após tanto tempo de ausência.
Mas, pelo sim, pelo não, é melhor não perder esse sentimento.
De outro modo, seria mais maldita esta maldita pandemia!
segunda-feira, 29 de junho de 2020
Ainda vou a tempo, S. Pedro?
Peço-te desculpa, S. Pedro,
De não ter falado aqui;Para os outros versejei
Sem escrever ontem pra ti.
Tenho andado muito ocupada
E és o último: que azar!
Os últimos ser primeiros
Já deu o que tinha a dar.
S. Pedro, não fiques triste
E peço-te paciência,
Pra não perdermos a nossa
Nem a nossa consciência!
Como tens chaves do Céu,
Podes entrar e sair.
Dá uma chave aos cientistas
Para o Covid banir.
Está na hora de ir embora
Mas não posso dar beijinho;
Como já deves saber,
Agora é cotovelinho!
sábado, 27 de junho de 2020
Obrigada, Sandra!
Este pequeno texto foi partilhado hoje,
por uma professora, num grupo de Whatsapp, após o final de aulas à distância.
Gostei muito e pedi para o publicar aqui.
Obrigada, Sandra.
Obrigada, tantos professores
e tantas professoras.
Ontem acabaram as aulas... A
sensação que fica é que nada terminou... Não estar, ver, sentir a
reação dos alunos dá ideia que nada terminou!
Sei que dar as aulas
presenciais foi uma árdua tarefa e nada agradável, mas a sensação de
vazio que senti nesta despedida... Foi muito triste e difícil.
Mais
triste é não estar convosco, ver os vossos sorrisos, sentir a vossa
presença!
Para mim, isto foi tudo menos escola e eu adoro o que faço! E
acima de tudo adoro estar convosco!
Sandra Moreira
Não está a cheirar nada bem!
Gosto muito dos parques de Londres. Dos que conheço, é claro. Um deles foi até cenário de um filme bastante interessante que estreou há poucos anos. O parque é Hampstead Heath. É imenso, arborizado, florido, com lagos, com vastos espaços verdes. Enfim, muito variado e ótimo para caminhar, para correr, para contactar com a natureza, para relaxar...
E tenho pena de não ir lá há muito tempo, mas a pandemia tem fechado muitas portas, embora tenha também aberto outras, mas menos numerosas.
Pois bem, esses parques maravilhosos, aonde vão multidões (pelos vistos, a afluência nunca abrandou muito, apesar de todos os apelos) continuam com as casas de banho fechadas.
Pode imaginar-se o que se passa e o que se encontra pelos caminhos por onde as pessoas vão apenas para caminhar ou correr.
É caso para dizer: isto não está a cheirar nada bem!!!
sexta-feira, 26 de junho de 2020
'E hoje, já sorriste?'
Ela estava doente e ia recebendo mensagens: As melhoras, vai correr tudo bem, tu és forte...
Mas uma das que mais lhe tocou foi: 'Então, hoje já sorriste?'
Gostou tanto que passou a adotar essa questão em situações semelhantes, esperando que agradasse como com ela tinha acontecido.
E as respostas que dava e que agora recebia pareciam mais positivas e a repetição menos chata.
Coisas tão simples e mais leves quando o momento é mais pesado.
E com a vantagem de não haver direitos de autor.
E a propósito, hoje já sorriram?
quarta-feira, 24 de junho de 2020
O Porto sem festa de S. João
Obrigada, M.A., por outra bela e bem humorada partilha.
Retratas muito bem alguns espaços do Porto que nunca ninguém viu desertos em noite/dia de S. João.
Como o momento continua difícil, e como se diz que todos os santos ajudam,
é certeiro o pedido que fazes a S. João:
'Se não conseguires sozinho,
Faz um apelo ao S. Pedro!'
Fui à festa e não a havia,
É que o Santo, do seu posto,
Confinou toda a folia.
Foi num gesto altruísta,
S. João, sabemos todos,
E o Porto, solidário,
Lá acatou esses modos.
Era ver tantas esplanadas
Cheias de mesas vazias
E nas poucas ocupadas
Nem sinais d`outras folias.
Nem doces, nem manjericos,
Nem o cheiro das sardinhas,
Nem nada que nos lembrasse
Das tradições sanjoaninas.
S. João, quando puderes,
Vê se afastas este medo,
Se não conseguires sozinho,
Faz um apelo ao S. Pedro!'
M.A.
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