O calor era muito dentro de casa. Tornava-se insuportável.
O estreito corredor entre a porta de casa e o passeio da rua tinha sombra, mas o ar quente parecia agarrado às duas paredes. Optou por sair. Abriu o portão e conseguiu passar, mesmo sem a ajuda da mulher. Cá fora, e respirando ar mais fresco, pôs o encosto da cadeira para trás e os pés mais altos.
Sentia o alívio de respirar melhor e não transpirar tanto como dentro de casa. Ficou ali um bom bocado, de cabeça levantada como se apenas o céu lhe interessasse.
Um menino estava com a avó por dentro da vidraça da casa em frente. Quando foram para dentro, o menino disse adeus ao nhô nhô, que, para ele, queria dizer senhor. Não respondeu ao aceno porque o olhar dele não estava nessa direção. Ou talvez dormitasse, aproveitando o consolo da brisa mais fresca.
O menino voltou a dizer adeus por dentro da vidraça.
A avó voltou a pensar naquele homem grande e bonito, prisioneiro de uma cadeira de rodas. Que pena ter tido o acidente. E também saber que lhe chamam o aleijadinho.
Bem escrito. Emotivo.
ResponderEliminar.
Feliz domingo
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Pensamentos e devaneios poéticos
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Obrigada. Se calhar, temos mesmo de olhar para estes casos de forma humanamente igual.
EliminarUm dia bom e criativo.
Gostei do texto.
ResponderEliminarMas triste é mesmo ser apelidado de aleijadinho!
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Preciso de escrever novas paginas...
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Beijos, e uma boa noite.
Sim, agora, felizmente, vão-se evitando alguns rótulos que não são nada bons, mas há ainda muito a fazer.
EliminarUm beijinho