Conheço um jovem que vive numa aldeia. As pessoas que lá moram são cada vez mais velhas, vivem cada vez mais sós, mas não há nenhum Centro onde possam passar algum tempo, conviver e tornar os seus dias mais felizes. Pois bem, o jovem, com um grupo de amigos, há muito que sentem essa necessidade da terra e gostavam de fazer alguma coisa nesse sentido. Procuraram e encontraram uma casa vazia, que pertencia à Junta de freguesia, que reunia as condições, e trataram de pedir autorização e apoios. A junta de freguesia, assim, poderia ver rentabilizado o imóvel, agora sem qualquer serviço lá instalado. No entanto, os nãos das 'forças vivas' da aldeia sucederam-se e os jovens foram-se apercebendo que a razão principal era muito simples e, ao mesmo tempo, muito complexa: as instituições às quais batiam à porta não aceitavam que louros assentassem noutras cabeças que não as deles. Entretanto, o imóvel foi ocupado por outros serviços que a Junta disse serem necessários.
Sem o espaço e com tantas negas, a vontade do grupo de jovens vai-se dispersando e os velhos vão ficando cada vez mais velhos e mais sós. Vão-se sentando nos poucos bancos ou pedras que existem à beira dos caminhos e vão falando com quem passa para irem vencendo a solidão. Só que há dias e noites em que não passa ninguém.
Bom dia
ResponderEliminarUm texto muito triste mas muito realista, sem dúvida .
JR
Na maioria das aldeias é assim mesmo! A minha aldeia tem muita gente jovem!!! Bj
ResponderEliminarÉ um tópico bastante interessante Maria Dolores. Neste caso, as juntas de freguesia em particular e a administração pública em geral, não fazem o que lhes compete e colocam entraves aos privados que querem fazer.
ResponderEliminarMas o que mais realço nesse grupo de jovens é a capacidade de olharem à sua volta, verem a miséria dos outros e não se conformarem com ela - não assobiarem para o lado. Muito raro, muito raro.
Tenha um bom dia.
Não entendi se o tal edifício chegou a funcionar como ponto de encontro entre os jovens e os mais velhos, se não passou de projecto. Conheço bem esse calcanhar de Aquiles social. Bem demais. Vi vários projectos meus serem-me negados e depois tomarem forma noutras mãos. Confortou-me a ideia de ser preferível que chegassem a ver a luz do dia:). Infelizmente ainda é assim, a gente tem ideias e outros tiram proveito. Preservo o mais importante: a necessidade de lhes dar vida. O que a alguns surge naturalmente, não acontece na mente de outros. Somos assim. Mesmo que o mundo os julgue um máximo, não creio na grandeza de quem só copia.
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