Trigésimo primeiro dia
Foto tirada em Paris por Robert Doisneau - fotógrafo francês (1912-1994)
Trigésimo primeiro dia
Foto tirada em Paris por Robert Doisneau - fotógrafo francês (1912-1994)
'A Invenção do Amor
Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas
janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios
de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da
nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor
Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com carácter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia
quotidiana
Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e
fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado
Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo
Um homem uma mulher um cartaz de denúncia
colado em todas as esquinas da cidade
A rádio já falou A TV anuncia
iminente a captura A polícia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e avenidas
Onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo
É preciso encontrá-los antes que seja tarde
Antes que o exemplo frutifique Antes
que a invenção do amor se processe em cadeia
Há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos
(...)
'
Daniel Filipe, in 'A Invenção do Amor e Outros Poemas'
O poeta nasceu na ilha da Boavista, Cabo Verde, em 1925. Viveu 39 anos.
Bom dia, aqui no Brasil comemoramos em 12 de junho.
ResponderEliminarPois, como diz um provérbio: cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.
EliminarSeja como for, o que é preciso mesmo é haver motivos para comemorar.
Muita saúde, Luiz, e continue a mostrar-nos as suas belíssimas paisagens.
Houve um tempo em que eu sabia de cor quase todo este poema de Daniel Filipe, e outros, tantas as vezes que li o livro. Grande poeta, que muito me acompanhou em momentos de solidão
ResponderEliminarPoema lindíssimo que me fascinou ler.
ResponderEliminarFala num link para participar poeticamente. Onde está esse link?
Grato pela atenção
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Tenha um dia dos namorados, com Amor, Saúde, e Paz.
Cumprimentos poéticos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Sim, também acho lindíssimo.
Eliminarhttp://museudaimprensa.pt/?go=semananamorados
Julgo que por este link, se entra logo na página da participação no concurso. Ou se procurar Museu Nacional da Imprensa, Concurso de Amor, logo vê também.
Um abraço
Um belo poema que não conhecia.
ResponderEliminarGrata pela partilha.
Abraço, saúde e bom domingo de S. Valentim
Sim, também gosto muito. Ainda bem que gostou, para acrescentar ao seu belo dia de S. Valentin, que descreveu com tanto afeto no seu blogue.
EliminarBeijinhos e muita saúde.
A foto acho que é mundialmente conhecida. E é linda. O poema, que me lembre, não conhecia. Faz jus ao tema. Vou pesquisar sobre o poeta:).
ResponderEliminarBom dia, Bea, que bom ter-me visitado. Sim, a foto é conhecidíssima mas maravilhosa, de facto.
EliminarAndava a pensar num poema para lhe juntar e postar no Dia dos Namorados e, de repente, ouvi alguém, julgo que na rádio, a referir este poema. Pronto, tinha encontrado o que queria.
Um beijinho e volte mais vezes.
Será que o amor foi inventado? Acredito mais que o amor "nasceu" com Adão e Eva...
ResponderEliminarJá participei no concurso de Manuel António Pina
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Tenha um dia dos namorados, com Amor, Saúde, e Paz.
Cumprimentos poéticos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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E, se calhar, foi mesmo como acredita.
EliminarFez bem em ter participado e o poema, ou poemas (porque se pode participar com vários trabalhos)que enviou é/são belíssimo(s) de certeza.
Um abraço
Olá Dolores
ResponderEliminarcomprei os livros, sim. Deixei a resposta lá no meu blogue.
Beijinhos e uma boa semana.
(Gostei de ouvir os Pink Floyd, que já não ouvia há muito.)
Li agora, Isabel, o que diz sobre Histórias da Clarinha. Sim, é para crianças pequeninas. Foi sendo escrito nos primeiros anos de vida da minha neta que agora tem 5 anos. Há lá muitas situações comuns a qualquer criança. Tenho outro, em prosa, que está a ser ilustrado, para crianças mais crescidas. Pode ser que seja publicado depois da pandemia.
EliminarUm beijinho
Depois diga, quando sair.
EliminarO da Clarinha, gostei, mas para ler aos meus alunos, já não. São do 4º ano. Para um 1º ano, sim. São muito giros, com muita musicalidade e os desenhos são muito bonitos.
Beijinhos. Uma boa semana.
Vou dizer à Cristina Pinho, a ilustradora (dá aulas de E.V. numa escola aqui em Gondomar). Ela vai ficar contente.
EliminarClaro que digo, Isabel, e gostava até de lhe oferecer um.
Um beijinho
No conocía al poeta pero me han encantado sus versos.
ResponderEliminarMientras haya vida, habrá amor en cada rincón, es el motor que mueve la vida del ser humano.
Ha sido un placer entrar hoy en tu espacio y leerte.
Cariños.
Kasioles
Obrigada pelas palavras e bem-vindo!
EliminarGostaria de responder em espanhol, mas não sei.
Um dia muito feliz e ficarei contente com novas visitas.
Abraço
Não vi, Isabel, apesar de já ter procurado, mas vou ver com mais atenção. Oxalá que não tenha ficado muito desiludida!!!
ResponderEliminarUm beijinho