Subitamente - que visão de artista! -
Se eu transformasse os simples vegetais,
À luz do Sol, o intenso colorista;
Num ser humano que se mova e exista
Cheio de belas proporções carnais?!
(...)
E pitoresca e audaz, na sua chita,
O peito erguido, os pulsos nas ilhargas,
Duma desgraça alegre que me incita,
Ela apregoa, magra, enfezadita,
As suas couves repolhudas, largas.
E, como as grossas pernas dum gigante,
Sem tronco, mas atléticas, inteiras
Carregam sobre a pobre caminhante,
Sobre a verdura rústica, abundante,
Duas frugais abóboras carneiras.
Cesário Verde, "Num bairro moderno" (excertos)
in O livro de Cesário Verde
in O livro de Cesário Verde
- Lisboa, Verão de 1877
Ai... não fossem as "abóboras carneiras" tudo menos frutos hortículas...
ResponderEliminarÉ outra fruta...
Transfigurações.
;)