Toda a gente que
passava pela aldeia de Ariz parava junto a uma casa que se destacava pela
profusão de flores. Quase sempre eram forasteiros que vinham em visita às “Terras
do Demo”, tão presentes nos livros de Aquilino Ribeiro.
Todos os dias, o dono da casa florida
passava umas boas horas no café vizinho, depois do almoço. Em dias de
sol, sentava-se a uma das mesas exteriores e convidava sempre alguém a
sentar-se numa das cadeiras que estava livre. Era uma maneira de falar e de
ouvir os outros.
Quem chegava ia
comentando a beleza da casa cheia de flores a escorrerem das varandas, a elevarem-se
dos canteiros. Olha que rosas bonitas e perfumadas. E as sardinheiras tão
coloridas! Quem morará aqui?
O dono da casa
ouvia muitas vezes conversas semelhantes, mesmo junto de si, porque não o
conheciam. Às vezes, apetecia-lhe dizer que era ele o dono da casa, que vivia
sozinho e das flores era só ele que tratava. E se isso acontecia, também dizia que
tinha a casa sempre limpa e arrumada.
Tudo
estava no lugar como acontecia antes
da morte da mulher. E desabafava: pois, como estou sozinho e reformado,
tenho
tempo. E gosto, se gosto, de cuidar das flores. Rego-as todos os dias.
Vejo-as nascer, viver, morrer e muitas vezes são o meu relógio e o meu
calendário. Se não
as tivesse, então é que me sentia só. Nem quero pensar.
Quando as pessoas se despediam, desejava-lhes boa viagem. E, mesmo sem olhar, sentia que as flores também estavam contentes. Mas só ele entenderia.
Assim se cumpriu a viagem:
ResponderEliminarsabendo que trilhámos o curso dos peregrinos...
sabendo que nos cruzámos com esse homem...
vendo a varanda, os canteiros e as flores.
Tudo num tempo e num lugar
feitos de História para novas histórias,
com língua à mistura.
Obrigado pela foto.
Beijinho.
Sim, foi um dia de sol, de alegria, de palavras e(m) sorrisos. Quando assim acontece, o espaço e o tempo são menos efémeros.
ResponderEliminarAs fotografias, de facto, fixaram a luz de muitos momentos do convívio do Departamento de Línguas da ESG.
Beijinho
M.