domingo, 24 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Duas fotos a preto e branco
O título poderia ser:
Mulheres de Gondomar há 70 anos, em pausa de trabalhos domésticos e agrícolas.
A criança não demoraria a ocupar uma das cadeiras.
A criança não demoraria a ocupar uma das cadeiras.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
terça-feira, 12 de novembro de 2013
"Horto gráfico"
Vale (sempre) a pena entrar no blogue Carruagem
23
O último post de V. O. aborda o
Acordo Ortográfico (faz pensar), o "Horto gráfico" (faz rir), o
Telejornal da SIC em que Miguel Sousa Tavares trocou o nome de um deputado e
mostrou que, tal como todos os seres humanos, desconhece muita coisa, embora
com pouca coisa esteja de acordo...
Uma ideia amiga (também das histórias)
Hoje, no
intervalo da manhã, a IA aproximou-se de mim com um envelope cor-de-rosa.
Dentro, havia vários exemplares de uma pequena "história com um livro
dentro" que há dias partilhei (O
livro, o guarda-chuva e o chocolate). Fiquei feliz.
Na aula
seguinte, mostrei aos alunos e li-lhes o conto. Eles repararam no papel macio e
brilhante, nas cores da capa, na estória que ganhava nova vida e doçura.
A páginas
tantas, um aluno chamou-me e disse-me:
- Professora,
afinal, gostava de escrever uma história para o concurso. Ainda posso?
- Claro que sim,
respondi eu.
E pensei (ou
disse?): já ganhei o dia.
Obrigada, IA
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
O livro, o guarda-chuva e o chocolate
Imagem da net
Para os meus alunos do 10º ano
e para a DVB
Durante duas semanas,
quase não vi a luz do dia, apenas a espreitava quando Helena abria a
carteira.
Ela anda sempre com um
livro e, desta vez, coube-me a mim acompanhá-la. Só que entrei na vida dela em
má altura. Quero dizer: quando entrei na sua carteira. Como passo a vida às
escuras, fechado, sem quase nada para dar nem receber, oiço conversas de
Helena.
- Ando a ler um livro
de José Rodrigues Miguéis. Tem um conto fabuloso.
E, precisamente no
momento em que ia mostrar o livro, a campainha tocou e Helena foi para a aula,
porque é professora e não gosta de se atrasar. Nem que seja por uma boa causa,
como é falar de um livro. E, neste caso, um bom livro. Pareço vaidoso, mas
estou só a elogiar quem me pensou, quem me escreveu, quem me deu vida, podendo,
assim, embelezar a vida dos outros.
O tempo em que tenho
mais luz é quando Helena está a dar as aulas. Ela chega à sala, pousa a
carteira e deixa-a ficar aberta. Como a mesa é junto à janela, eu olho para
cima e vejo as nuvens, a palmeira do jardim, as árvores com as folhas pintadas
do vermelho de outono… Uma vez até vi um arco-íris, numa aula em que os alunos
estavam a fazer teste e mal se ouviam.
Uns dias depois, ouvi
Helena dizer:
- Com tantos testes
para corrigir nem há tempo para ler.
E eu logo pensei:
pronto, já sei, mais uns dias nesta escuridão. É como se viajasse no porão de
um avião, no meio de malas e outras mercadorias, sem ver os passageiros. O que
vejo à minha volta é uma agenda, uma fatura da água, um chocolate que já vai a
meio, um porta-moedas…
Um dia, Helena entrou
na Escola à pressa, porque já tinha tocado para dentro, e pôs o guarda-chuva
molhado dentro da carteira, indo encostar-se mesmo ao meu rosto, isto é, à
minha capa. Enregelei, senti alguma raiva e apetecia-me gritar:
- Helena, atiras o
guarda-chuva para dentro da carteira e esqueces-te de quem está aqui! Eu podia
dizer “do que” está aqui, mas acho que posso dizer “quem”, porque sinto-me
humano, falo da vida mais profunda das pessoas, ajudo-as a pensar, a
sentirem-se valorizadas… Mas a minha fala é diferente. Eu comunico em silêncio
e só para quem me lê ou escuta através da voz de alguém.
Nesse dia de inverno,
mas de muito calor na sala de aula, Helena pousou a carteira, sem a abrir. O
guarda-chuva humedecia o meu corpo, isto é, as minhas páginas e o chocolate,
que já estava a meio, começou a derreter e sujou-me todo.
A aula parecia
interminável. Eu queria que Helena me tirasse daquele mundo de cheiros húmidos
e viscosos. Ouvia perguntas, respostas, Helena a recordar que se diz “folhear”
e não “desfolhar” um livro. E eu a pensar: estou feito, vou ser desfolhado sem
haver tempo para ser folheado!
Nisto, tocou para
fora. Que alívio, pensei, Helena poderia libertar-me. Porém, permaneci fechado
até à noite. Quando me viu naquele estado, parecia, docemente, pedir-me
desculpa. Se eu pudesse falar, diria:
- Não te preocupes,
Helena, eu sei que, apesar de tudo, como livro que sou, para ti sou melhor do
que chocolate.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Diário de Mariana
Querido diário,
Como é sexta-feira e vou estudar no fim de semana,
quero contar-te, querido diário, uma aula muito fixe de hoje.
Um professor da turma teve de faltar e outra setora veio ubstituí-lo. Era tão
bom quando o dia 1 de novembro era feriado e podíamos ficar em casa, ir ao
cemitério com a família ou fazer outras coisas.
Também não compreendo por que é que não podemos ficar sozinhos
quando não temos aula. E isso acontece tão raramente. Os professores não
faltam, pelo menos os meus. São daquelas coisas a que não acho piada
nenhuma: os adultos pedem (quando pedem, é claro!) a nossa opinião, mas
depois fazem como melhor entendem. E parece que não confiam em nós; temos de
estar sempre acompanhados como se fôssemos criancinhas.
Na última aula, já tínhamos combinado fazer uma ficha de
revisão e depois podia-se tocar viola. Eu ainda pensei: se calhar, a professora
diz isto, mas vamos é estar sempre a dar matéria. Gostei que tivesse cumprido.
A viola era da Ana, mas quem começou a tocar foi o
Álvaro. Ficámos todos caladinhos, como a professora gosta, e ele tocou mesmo
bem.
Depois, o Carlos leu duas pequenas histórias muito
engraçadas, com o seu vozeirão, acompanhado também à viola.
Alguns de nós ainda se conhecem um bocadinho mal e
reparei que na turma há muita gente que gosta de música. A Ana não queria
tocar, porque dizia que tinha vergonha, mas depois cantou e todos batemos
palmas. O Hugo até disse: curto totil
desta música. A setora pediu-lhe
para ele repetir e até tomou nota. O Hugo disse logo: Já sei que vai aproveitar esta frase para um exercício. Ele não
sabia era que eu tenho um diário e quem ia falar disso era eu.
Eu acho que devia haver mais aulas como esta para
todos mostrarem que sabem fazer muita coisa e que, mesmo assim, podem ser bons
alunos.
Pareceu-me que a setora
‘tava contente e até acompanhou algumas músicas, apesar de ter pouco jeito
para cantar. Pelo menos não estava rouca, felizmente, porque isso deve ser uma
grande seca para quem dá aulas. Eu vi que ela escreveu, no caderninho, uma das
músicas que cantámos: Forever young. Não
sei explicar muito bem, mas este título deve ser muito importante para os
professores.
Agora vou estudar para o teste. Tem de ser. A minha mãe
já me mandou desligar o telemóvel, mas se me lembrar de alguma música da aula
de hoje, até me pode ajudar.
Um abracinho
Mariana
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