sábado, 26 de janeiro de 2013

S.O.S. Petit Peureux

« Je suis vraiment trop nul, pensa Tom. Quand quelqu’un passe devant moi chez le boulanger, je n’ose rien dire. Je n’ose pas sortir avec mon pantalon à fleurs que j’adore parce que j’ai peur qu’on se moque de moi. Et lorsque j’entends un bruit bizarre la nuit je crois qu’un fantôme est sous mon lit. Je voudrais bien être un peu moins peureux... »
« Qui pourrait bien m’aider ? » se demanda Tom. Il ouvrit les pages jaunes à la rubrique « S.O.S. Petit Peureux ».
Arbre magique, proposait l’annonce. Résultat garanti. Consultations sur place uniquement.
« Voilà ce qu’il me faut », se dit Tom. Et il décrocha son téléphone.
Le lendemain matin, Tom se mit en route pour le Bois sauvage. Car c’est là que l’Arbre magique recevait ses patients.
« Tu me trouveras dans un bois plein de bêtes sauvages, avait-il dit au téléphone. Mais elles ne sont pas méchantes : tu ne dois pas avoir peur. »
Heureusement que l’Arbre magique l’avait prévenu ! Il était à peine entré dans le Bois sauvage qu’il se trouva nez à nez avec un horrible dragon. Le monstre crachait du feu, et des nuages de fumée sortaient de ses narines.
— Où vas-tu comme ça ? demanda le dragon d’une voix rauque.
Tom avala sa salive. Puis il se rappela les mots de l’Arbre magique : « Tu ne dois pas avoir peur. » Il fixa le dragon droit dans les yeux et répondit :
— Je vais voir l’Arbre magique. J’ai un rendez-vous.
— Ah bon ! fit le dragon. Vas-y, alors… C’est tout droit, et au troisième squelette, à gauche. Et bien le bonjour à l’Arbre magique !
Tom marchait prudemment dans le Bois sauvage quand il entendit un drôle de sifflement… et avant de comprendre ce qui lui arrivait, il se retrouva dans un arbre, suspendu par les pieds.
Une gigantesque araignée avec des pattes velues s’avançait vers lui.
— De la viande de Petit Peureux ! sifflait-elle. Mon repas préféré !
« Heureusement qu’elle n’est pas méchante, se rassura Tom. L’Arbre magique me l’a bien dit : Tu ne dois pas avoir peur. »
— Est-ce que tu peux me délivrer ? demanda-t-il. J’ai un rendez-vous avec l’Arbre magique.
— Dommage... soupira l’araignée, en coupant tous les fils. Tu diras à l’Arbre magique que son pull est presque terminé. Et bonne route !
Tom s’enfonça dans le Bois sauvage. Il faisait tellement sombre qu’il ne voyait presque plus ses pieds. Il venait d’apercevoir un panneau indiquant « Arbre magique » quand il sentit une main glacée sur sa nuque.
Tom se retourna : il n’avait jamais vu de sorcière aussi affreuse.
Elle avait des cafards et des araignées dans les cheveux, et elle sentait vraiment très mauvais. Ses petits yeux brillaient méchamment.
— Qu’est-ce que tu fais dans mon jardin ? grogna-t-elle.
« Heureusement qu’elle n’est pas méchante ! se rassura Tom. L’Arbre magique me l’a bien dit : Tu ne dois pas avoir peur. »
— Désolé, madame, répondit-il poliment. Je ne savais pas que j’étais dans votre jardin. Il fait tellement sombre ici. Je vais voir l’Arbre magique.
— Ah bon ! fit la sorcière. Alors, tu lui donneras cette citrouille de ma part. Il adore la soupe à la citrouille !
Tom s’était avancé profondément dans le Bois sauvage. Une chauve-souris lui frappa le visage. Il y eut des hurlements de loups, puis un cri affreux, mais Tom n’y fit pas attention. Au troisième squelette, il prit à gauche.
L’Arbre magique était là. On pouvait lire sur une pancarte : « Consultation uniquement sur rendez-vous. Ne pas déranger à l’heure du déjeuner. »
— Bonjour, monsieur, dit Tom. C’est moi qui vous ai téléphoné.
— Bien... répondit l’Arbre magique. Tu n’as pas croisé le dragon ?
— Si, monsieur… Vous avez son bonjour !
— Et l’araignée ? Tu l’as vue ?
— Oui, bien sûr, et votre pull est presque fini !
— Et la sorcière ?
— Je l’ai vue aussi, et elle m’a donné une citrouille pour vous.
— Bien, bien… répondit l’arbre magique.
Il réfléchit un long moment, puis demanda :
— Dis-moi, mon garçon, que puis-je pour toi ?
— Je ne veux plus avoir peur… répondit Tom. Ou juste un peu moins souvent, si c’est possible…
L’Arbre magique réfléchit encore, puis répondit d’une voix grave :
— C’est chose faite, mon garçon. La consultation est terminée. Bon retour !
Tout content, Tom revint sur ses pas et rentra chez lui.
« Quel arbre formidable ! se dit-il. Il m’a transformé en Petit Courageux : c’est magique ! Je n’aurai plus jamais peur. »
Une fois rentré, il mit son pantalon à fleurs, puis se rendit chez le boulanger.
Il acheta deux gâteaux : un pour lui et un pour le fantôme qui dormait sous son lit.
Mathilde Stein ; Mies van Hout
S.O.S. Petit Peureux
Toulouse, Milan Jeunesse, 2007
(Adaptation)
L’Équipe du Projet HISTOIRES À FAIRE RÊVER
fc@histoiresafairerever.c

Porto com sentido!








"Um português AQUI"

Convite enviado pela livraria Poetria:
"Um português AQUI"

"JOSÉ FANHA é símbolo de solidariedade, talento, incansável intervenção cívica, cultural e artística, ternura. O seu último livro de poesia será apresentado pela Poetria no próximo dia 2/2 no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett (Palácio de Cristal), Porto pelas 17,30h. com a presença do autor e apresentação de Jorge Velhote (Obra) e Júlio Couto (Vida).

Serão lidos poemas por Ana Afonso, Rui Spranger e Rafael Tormenta, a acompanhamento musical (viola) de Carlos Andrade.

Será servido um Porto de Honra.

POETRIA"

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Alegrias!

Hoje, ao início da tarde, cheguei ao Centro de Recursos e vi a Rita, uma menina do 8º ano, muito contente e com um brilhozinho nos olhos. Professora, o meu conto sobre a palavra Amor foi escolhido para o livro. Felicitei-a e senti-me feliz por estar ligada à iniciativa. 

Muito mais feliz ainda me sentirei, juntamente com todas as pessoas que estão no projeto, quando virmos o livro publicado, sobretudo pelas histórias escritas pelos alunos.

Poderá ser uma maneira simples - como tantas outras - de revelar o Amor pela Escola em tempos pouco favoráveis.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Este domingo - em Londres


Amor - em manhã de domingo

Nasce a manhã de domingo. Cinzenta e fria. Felizmente passou a ventania. Sento-me ao computador e volto-me para os Contos sobre a palavra Amor, histórias apresentadas a um concurso da ESG, destinado a alunos, professores, funcionários e encarregados de educação.

Separo as histórias por escalões para serem revistas antes da sua publicação. E como as palavras são plurais, apetece dizer que, em manhã de domingo, coloco o Amor em pastas.

O Amor, como era dito no Regulamento, poderia ser em relação às pessoas, aos saberes, à escola, à natureza, à família...

Houve uma muito boa adesão, já que participaram uns noventa alunos e uns dez adultos - professores, funcionários e duas encarregadas de educação. É gratificante ter resposta tão positiva a um projeto, neste caso, da Oficina de Língua da ESG - com a valiosa e indispensável colaboração do C.Recursos, do D.Línguas, do A.de Artes.

Em tempo de tantos desamores, pode ser um sinal positivo. Nem que seja para se falar da palavra  Amor em manhã cinzenta e fria de domingo.

sábado, 19 de janeiro de 2013

A casa pequena com outra grande às costas

Era uma casa pequena. Entrava-se e tudo se vivia no mesmo piso. Tinha sido construída ao mesmo tempo que uma família se criava. Um homem e uma mulher amavam-se e casaram. Como milhões de mortais, tiverem filhos. Veio o primeiro e depois o segundo. Todos pareciam gostar do seu abrigo. E a casa parecia feliz com o seu recheio. Ouvia música, ouvia os ruídos da televisão e ouvia sobretudo a família a falar, a rir… De vez em quando, alguns silêncios pesados, alguns ralhos, algumas discussões, algum choro – quase sempre de porta fechada aos soluços.
No geral, pelo menos vista de fora, parecia uma casa feliz, no sentido próprio e no sentido figurado. Também é verdade que a casa, nos seus diversos sentidos, era estimada: logo que aparecia uma mazela, havia logo quem reparasse e tentasse resolver a situação.
Assim foi durante mais de vinte anos. Mas, como quase nada dura sempre, a família cresceu, vieram novas necessidades e a casa passou a ser demasiado pequena. O que fazer, então? O melhor seria fazê-la crescer, tal como a família havia crescido. Mãos à obra, então.
Em breve, o tijolo começou a prolongar as paredes da casa pequenina inicial. Como se os braços da casa tivessem crescido para aguentar um peso maior.

Se eu soubesse desenhar, poria a casa tal qual a estou a ver: uma casa pequena, pintada de branco, a segurar uma bem maior que nela se apoia.
 Na verdade, o que me parece ver é essa casa pequenina com outra maior às costas. Quanto a mim, preferia-a mais pequena, mas não poderei saber o que é melhor. É que também sei que só sabe o que se passa debaixo de um telhado quem sob ele se abriga.

Ondas

P.A. Renoir

Olhou-se ao espelho e gostou do que viu: os cabelos branquíssimos, acabados de lavar. Mas o que lhe agradou mais foi o ondulado dos cabelos. Quase tal e qual como quando eram bem negros. E mais fortes. E mais longos, E mais jovens. E mais brilhantes.

Tinha oitenta e seis anos. Não gostava muito de se ver ao espelho. Sobretudo de se aproximar da verdade das rugas, da perda do brilho do amendoado dos olhos. Sabia que era uma velhinha, mas o espelho, apesar de tudo, mostrava-lhe ainda o ondeado do cabelo. O tempo não lho tinha tirado. Como fez com a audição, com o andar...

Quem a via dizia: que velhinha bem arranjada. Porém, o tempo, esse atento "escultor", ia fazendo das dele. Não tinha, porém, apagado toas as histórias e versos que ela sabia de cor há quase oitenta anos. Desde o tempo da instrução primária. Que dizia ter feito com distinção.

"O temporal é grande, as pernas não me ajudam, há muito que não vou ao cabeleireiro. E sabes, filha, hoje gostei de ver que ainda tinha ondas no cabelo!"