quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Diário de Mariana


1 de fevereiro 2012
Para a minha irmã que faz anos hoje
A minha irmã do meio faz hoje anos. Ela vive longe e como a minha mesada é pequena, não deu para comprar prenda agora, por isso já que posso escrever neste blog, aproveitei a oportunidade.
Eu adoro a minha irmã. É mesmo fofinha. A minha mãe diz de outra maneira. Diz que ela é bonita, inteligente e sensata. E meiga. E com muita sabedoria… Sei lá, diz tantas coisas que eu até digo assim: ó mãe, e eu, e eu não sou nada disso, pois não? A minha mãe começa logo a justificar-se: ó querida, claro que és. Não é preciso estar sempre a dizer-te. Minha rica filha. Dás-me tanta alegria…
Pronto,  pelo tom, fico de novo a saber que sou bonita, inteligente e sensata mas sempre menos um bocadinho do que as minhas irmãs. Mas não me importo, porque Uma vez a minha Dê Tê disse que cada um tem o seu lugar no mundo e eu concordo. Um dia, ouvi a minha mãe dizer a uma amiga: a Mariana é um bocadinho distraída, não é tão aplicada como as irmãs, mas é tão querida, é mesmo um doce. Eu até parei para pensar: um doce? Feito com que receita?! Fui ter com a minha mãe e dei-lhe um xi-coração. Ela percebeu e abraçou-me também com doçura.
Eu gosto de ler, mas da minha irmã, que hoje faz anos, não dizem que gosta de ler; dizem logo: ela lê muito. Resultado, deve ler mesmo muitos  livros do princípio ao fim e não se fica pela leitura de algumas páginas como às vezes eu faço. Ela anda sempre com um livro na carteira, para ler em qualquer sítio, mas nunca o estraga. Pega nele sempre com muito jeitinho. É mesmo altamente.
Outra coisa que eu acho muito fixe é ela deixar o melhor bocadinho de comida para o fim da refeição. Por exemplo, uma batata frita com um bocadinho de ovo, um pedacinho de bife sem nenhuma gordura...
A minha irmã já conhece muito bem várias cidades do mundo, mas não é nada vaidosa. Ela sabe bué de coisas, porque estuda muito. Nunca a vi foi dar lições a ninguém, mas gosta que a gente explique bem as coisas sem  recorrer a generalidades (eu aprendi esta expressão com ela).
Quando damos algum passeio ou fazemos uma viagem, ela sabe ler os mapas tão bem que seguimos sempre o que ela diz e dá certo. Se fosse eu a ver, acho que íamos em sentido contrário. Ela diz que não, porque é muito fixe comigo e com toda a gente.
Somos muito parecidas numa coisa: temos o cabelo forte e sempre um bocadinho despenteado. Também não gostamos de andar a experimentar sapatos novos. Rimos sempre quando falamos dessas coisas.
Eu não tenho lá muito jeito para versos, mas escrevi estes para a minha irmã que faz anos hoje.
Ó mana querida
muitos parabéns
E muitos beijinhos
Eu te quero dar
Não sei se já te disse
Mas quando estou contigo
Sinto-me tão feliz
Que só me apetece rir e dançar

Eu não pretendo ser como tu
Porque não iria conseguir
E sei que me adoras como sou
Por isso vou continuar
Achando piada à vida
Sempre a rir e a festejar

Maninha, tu merecias muito mais
E é tão pequenina a minha prenda
 Que até já falei disso
Na página do meu diário
Envio-te muitos beijinhos
Com desejos de um dia muito feliz
Desta tua irmã que te adora
E que adora os teus miminhos
Mesmo sendo eu um ser imaginário!

Mariana






terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A seca também (me) traz memórias


Manet
Desde criança que me habituei ao ritmo das estações porque a minha família materna estava ligada à terra. Lembro-me de ver semear e crescer o milho, as batatas… podar as videiras, vê-las verdejar, formar pequeninos cachos que iam ganhando volume e cor; apanhar as uvas e trazê-las para o lagar…
Conservo os cheiros do mosto, dos tomatais, das hortaliças acabadas de colher... assim como recordo os sons do chiar dos carros de bois de manhã muito cedo, o silêncio quente à hora da sesta… as cores: o amarelo cintilante do milho na eira, o verde escuro e claro da erva em plena campo…
Estas imagens vieram-me à memória por causa da seca que se está a fazer sentir.
Também me lembro de outros invernos em que não chovia. Os mais crentes rezavam, implorando chuva. Essa imagem também a não esqueço.

Somos um país de grandes contrastes


Ouvi hoje que há escolas em que mais de metade das crianças só come uma refeição completa por dia. E quase sempre na escola. Não sei ao certo as razões, mas será fácil adivinhar: desemprego  dos pais, salários muito baixos, dívidas para pagar, incapacidade ou falta de vontade de escolher alimentos melhores e mais baratos…
Por outro lado, vieram à baila alguns jovens que, em diferentes escolas, frequentam o ensino profissional. Têm direito ao almoço pago na cantina. Porém, alguns rejeitam a senha que recebem e vão almoçar fora da escola, pagando do seu bolso, quando podiam tomar, de forma gratuita, uma refeição completa.
Somos um país de grandes contrastes.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Artesanal



É de tarde. A casa está em silêncio. O sol brilha lá fora. Estou sentada ao computador, como antigamente se estava à máquina de costura.
Costuro pequenos textos, arranjo umas composições, conserto  umas poucas frases, corto algumas palavras, acrescento vários sinais de pontuação… 
Vou, assim, talhando pequenos tecidos, à procura de modelos simples e escorreitos.

Sempre gostei de linhas, agulhas, novelos, tesouras, dedais… Como gosto de sons, de sílabas, de palavras, de frases…

Tem razão quem diz que a escrita também é artesanal.

domingo, 29 de janeiro de 2012

“Realizaram o meu sonho duas vezes”






Domingo de manhã. Ligo a televisão. Sic Notícias. Fala-se de leitura (tema bastante raro nas televisões!). Fico presa aos diálogos. Com doce pronúncia do Norte. Crianças, pais e professores falam dos contos partilhados pelo Clube Contadores de histórias.

Várias famílias falam das coisas boas que retiram da leitura dos contos: prazer, conhecimento do mundo, reflexão sobre problemas humanos que nos preocupam…
E foi bonito ver a família, em casa, à volta de um conto, lendo-o e falando sobre ele.
Os contos são curtos, ilustrados e, muitas vezes, ocupam só uma folha A4 – dobrada em forma de livro.
E a leitura, através dos filhos, tornou-se alavanca para os pais quererem aprender mais e alguns regressarem à escola. E concretizarem sonhos que não tinham podido realizar.
Uma professora dinamizadora do projeto referiu, com alegria, a propósito do papel dos jovens leitores: “Realizaram o meu sonho duas vezes”.


Nota: Fiz uma formação, há alguns anos, na FLUP, com a Dra Maria do Rosário Pontes, sobre a leitura. Abordámos muitos destes contos. Através deles, também vou concretizando alguns dos meus sonhos. Obrigada.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Perto do rio


O voo da gaivota


Seremos?


Sempre achei muita graça como este prato é anunciado: arroz do polvo com arroz do mesmo. A mesma piada já não se encontra quando se fala do polvo com outros sentidos, infelizmente muito atuais. É o caso das ligações ardilosamente ramificadas entre figuras públicas sob uma aparência de seriedade, verdade, desejo de transparência… sendo ocas, opacas, mentirosas, interesseiras…
Vícios como a hipocrisia e a traição eram já atribuídas ao polvo pelo Pe António Vieira, no seu Sermão de Santo António aos Peixes, proferido no Brasil, em S. Luís do Maranhão, em 1654.
Durante todos estes séculos, um número muito elevado de seres humanos ainda não aprendeu tantas lições dadas pelos grandes mestres e pela sabedoria popular.
Os mass-media revelam, em cada dia que passa, dados sobre ligações política-maçonaria-poderosas empresas… altamente lucrativas para alguns e prejudiciais para muitos mais.
Até quando se entenderá que os comuns dos mortais são todos cegos, surdos e mudos?

Além da Terra, além do Céu


Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Fico sem jeito


Tem tanto jeito para escrever. Tem tanto jeito para pintar. Tem tanto jeito para desenhar. Tem tanto jeito para bricolage…
Quando se fala assim, habitualmente (acho eu, é claro) queremos dizer que o talento bateu à porta, ficou um bocadinho e partiu de seguida em busca de terreno mais fértil.
Não se diz que Eça de Queirós tinha jeito para escrever,  ou que Paula Rego tem jeito para pintar, ou que Mourinho tem jeito para ser treinador de futebol, ou que Cristiano Ronaldo tem jeito para jogar à bola. Dizemos que são geniais, que têm talento, que gostamos ou não do seu trabalho, que são o máximo… E se se falar de Mourinho até se diz (e ele também) que é special one.
Bem, se calhar tenho algum jeitinho (falsa modéstia também não tem jeito nenhum) para alguma coisa, mas aprecio muito quem tem talento. Até parece que fico sem jeito.

Que seca!


Ficar sem frigorífico é uma seca. Não posso comprar yogurts porque se estragam. Para não falar da sopa, do queijo, da manteiga, das sobras de comida… que não posso conservar.
A gente habitua-se às coisas e quando avariam é como não termos chave quando chegamos a casa cansados.
As avarias de eletrodomésticos também mostram o nosso poder de adaptação e o lugar que ocupamos no universo. A verdade é que  se sobrevive e não é por eu estar sem frigorífico que se acaba o sol de inverno.
Por falar em inverno, a falta de chuva  pode trazer uma grande seca. E será mais grave do que ter o frigorífico avariado.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ainda que algum de vocês tenha vindo aqui por acaso, não faz mal nenhum, é isto o que faz as pessoas - ter a certeza do acaso.

Almada Negreiros

A ESTRELA DE ERIKA


NOTA DA AUTORA DO CONTO
Em 1995, cinquenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, encontrei a mulher de que fala esta história. O meu marido e eu estávamos sentados na beira de um passeio em Rothenburg, na Alemanha. Observávamos uns trabalhadores a limparem as ruínas do telhado da Câmara. Na noite anterior, um tornado tinha-se abatido sobre esta bonita aldeia medieval. Havia entulho um pouco por todo o lado. Um velho comerciante disse-nos que os estragos causados por este tornado se assemelhavam aos da última ofensiva dos Aliados durante a guerra. O comerciante entrou na sua loja, e uma senhora, sentada perto de nós, apresentou-se como sendo Erika.
Perguntou-nos se tínhamos vindo fazer turismo naquela região. Quando lhe disse que vínhamos de Jerusalém, onde passáramos duas semanas a fazer pesquisas, confessou-nos, com um suspiro, que desejava muito lá ir mas que não tinha dinheiro para a viagem. Ao ver uma estrela de David pendurada ao seu pescoço, eu disse-lhe que, no regresso de Israel, tínhamos passado pelo campo de concentração de Mauthausen, na Áustria. Erika confessou-nos que, um dia, tinha tentado visitar o campo de Dachau, mas que não conseguira franquear a porta. Depois, contou-nos a sua história…

Ruth Vander Zej/Roberto Innocenti
 Esta e muito mais histórias podem ser lidas através dos seguintes endereços:

 http://contadoresdestorias.wordpress.com/

Vale a pena consultar e ler muitas das histórias. Os "Contadores de histórias" são um projeto que merece todo o apoio e carinho. Leva histórias motivadoras a diferentes partes do mundo. Parabéns.

Delicadeza natural



Abrindo-se a manhã


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Eu não estou contra os pais


Muitas vezes, os pais chegam à escola e não sabem qual é a turma do filho ou da filha. Muitos vêm por bem: dialogam naturalmente e mostram-se interessados pelos filhos. Alguns chegam de pé atrás e querem tirar satisfações por causa de coisas que ouviram dos filhos e de que não gostaram: o professor deu-lhe ordem de saída sem motivo; o professor não gosta dele; o professor responde mais prontamente aos outros alunos…
Outros pais nem sequer vão à escola: ou porque os filhos ficam com as cartas enviadas pelo diretor de turma, ou dão o contacto errado…
No segundo caso, os pais, quando confrontados com ocorrências dentro ou fora da sala de aula, acabam por pedir desculpa, dizendo que não sabiam o que se passava. De facto, existem alunos que manipulam habilmente os pais. Sobretudo quando estes caem que nem patinhos. Ou porque é mais fácil, ou porque querem evitar mais um problema, ou porque estão cansados…
Quando os pais nunca vão à escola, ainda que chamados, então o caso é bem mais complicado.
Eu não estou contra os pais, mas os pais que pouco vão à escola, por muito pouco ficam contra ela. E quando assim é, o aluno sente o terreno mais aberto para fazer das dele. E o mundo parece andar às avessas.

O país está irritado…


…e eu, como cidadã portuguesa, também, é claro, com as declarações do Senhor Presidente da República, quanto ao valor da sua(s) reforma(s). Julgo que, em qualquer país civilizado, o que foi dito teria consequências.
Os milhões de portugueses que vivem com muitas dificuldades foram esquecidos.
Mas tão grave como esse esquecimento é a ideia que é passada de que os portugueses não pensam, não têm sentido crítico, isto é, são todos parvos.
Para mim, isto é ainda mais grave. E são muitos os setores da vida nacional a fazê-lo. Ainda não aprendemos, ou melhor, essas pessoas que se julgam acima de muitos dos deveres de cidadania ainda não aprenderam que os outros cultivam a sua inteligência. E raramente com as mordomias a que eles se habituaram.
Cavaco Silva diz que o dinheiro que recebe ao fim do mês não lhe chegará para as despesas!!! Podia ter-se livrado de tanta chacota nacional se fizesse as suas amadas e domésticas continhas (continhas???) longe das câmaras e dos microfones e alargasse os seus horizontes à vida nacional.
Por falar em despesas, muitas figuras públicas ficam-nos muito caras! E, muitas vezes, o que se ganha não dá para os gastos do mês! Isto quanto aos cidadãos comuns, é claro.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Fica sempre alguma cor do Natal


Abri um mail e a mensagem soube bem. Como algumas manhãs de domingo!

Fernando Pessoa 
(Lisboa, 13 de junho de 1888 - Lisboa, 30 de novembro de 1935)
 Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
(,,,)

 
Fernando Pessoa

Porque hoje é domingo


Preparei um pequeno almoço mais completo, mais colorido e com um pouco mais de vagar do que durante a semana.
A rua está sossegada, o sol anuncia-se com luz e com silêncio e aqui estou eu, simples cidadã, a saborear o pequeno almoço, enquanto oiço também as notícias da manhã.
Leio em títulos de jornais a palavra sacrifício. Só que sacrifício para alguns políticos de topo seria um grande prémio para milhões de cidadãos. Será que as palavras traem ou “eles” não olham a realidade, pelo menos num qualquer dia da semana?
“Guimarães somos todos” vejo noutro título. Quero arranjar tempo para lá ir. De preferência sem grandes multidões. Os eventos e a cidade prometem.
Felizmente, ainda existem pessoas e coisas em que é possível acreditar. Ou será porque hoje é domingo?

sábado, 21 de janeiro de 2012

Que título dar a este poema de Manuel Bandeira?

Beijo pouco, falo menos ainda
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana
Inventei, por exemplo, o verdo teadorar
Intransitivo: Teadoro, Teodora



Nota 1 - Há poetas que enchem as palavras de montanhas de afetos! 
Nota 2 - O título que me chegou é Neologismo

Os gostos discutem-se?


     Sei que parece estranho, mas não gosto de dias prolongados de sol. Sobretudo no inverno. Gosto de chuva e de nuvens no céu.
Há uns anos, ouvi um pintor – cujo nome não recordo – dizer que tinha emigrado para um país do norte da Europa por causa do clima. Preferia viver com menos sol.
     Eu nunca chegaria a esse ponto, mas acho que não me importaria nada de viver longo tempo sob um céu cinzento.
     Um dia, ouvi Agustina Bessa Luís dizer que gostava da chuva.
Eu, cidadã comum e de talentos comuns, também afirmo: gosto de nuvens e de chuva.

Muito bem!


Hoje, um formador, no âmbito da escrita sobretudo para o ensino básico, afirmava que os jovens gostam de escrever se tiverem o professor do lado deles, se sentirem que são acompanhados e valorizados na sala de aula.

Foi referido que tão importante como ensinar a fazer é saber elogiar quando o aluno escreve bem uma frase, aplica corretamente a pontuação…

… é dizer com convicção, olhos nos olhos, que o aluno será capaz de fazer melhor, nos casos em que não acertou…

… é mostrar, objetivamente, como deve ser corrigido o erro…
E insistiu na eficácia das palavras de reforço, oralmente ou por escrito.

Apetece dizer e repetir: Muito bem!

Versos Escritos N'água



Os poucos versos que aí vão,
Em lugar de outros é que os ponho.
Tu que me lês, deixo ao teu sonho
Imaginar como serão.

Neles porás tua tristeza
Ou bem teu júbilo, e, talvez,
Lhes acharás, tu que me lês,
Alguma sombra de beleza...

Quem os ouviu não os amou.
Meus pobres versos comovidos!
Por isso fiquem esquecidos
Onde o mau vento os atirou
 

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Manuel Bandeira (Recife 1886/Rio de Janeiro 1968)