Ainda tenho nos olhos e nos ouvidos muito do que vi e ouvi na noite de ontem, de eleições autárquicas. E das muitas sondagens que, nas semanas anteriores, ilustravam manchetes e títulos de muitas páginas de jornais. Eram previsões tidas como quase certezas. E assim eram discutidas. E comentadas. E divulgadas. E propagandeadas...
Em grande plano estava a Câmara de Lisboa.
Como a noite ia longuíssima e não sou pessoa de grandes noitadas, fui dormir, o que sossegou este espectador e não candidato a qualquer cargo público ou político.
Na repartição onde trabalho, continuarei a ouvir alguns ecos dos resultados das eleições, mas como as pessoas agora se afastam mais umas das outras e não entram todas de uma vez como num funil, nada haverá de especial, com certeza. Tal como não há na minha vida. E digo isto sem tristeza, apesar de ter algum ar tristonho, eu sei.
Hoje, não sei se pela chuvinha, que começou a cair logo de manhã, se pelo outono que está a chegar, lembrei-me que me sinto várias vezes um Fernando Medina, se confio que vou ter uma vitória - ainda que as vitórias de um funcionário de uma repartição pública sejam muito pequeninas.
Nesses momentos, fico contente, acredito, sorrio, quase me empolgo, mas, na hora agá, quem sai vencedor é um Carlos Moedas em quem, aparentemente, poucos pareciam apostar, que aparece e tira a cadeira.
E isto acentua a minha mania de achar que se o dia começa bem, pode acabar mal, como a Fernando Medina; ou, então, se a coisa começou mal, pode acabar bem, como aconteceu com Carlos Moedas.
Eu sei que sou um anónimo cidadão, um self made man que pouco sabe e que muito terá de aprender. Pode ser que daqui a quatro anos a variação do meu humor não oscile tanto entre modelos FM ou CM. Para isso, continuarei a ouvir os ensinamentos da vida, se calhar, com a televisão mais vezes desligada.
Entretanto, pode ser que os senhores das sondagens aprendam também a acertar mais na mouche. Mas, como tenho dúvidas e muitas vezes me engano, continuo aberto às surpresas, embora não as saiba explicar. Não esqueçam que sou um self made man.