segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Às vezes sentia vergonha

 

A Câmara do concelho onde vivo teve como presidente, durante largos anos, um homem que era muito conhecido sobretudo por más razões da sua governança. Ele eram os berros, ele eram os amiguismos, ele eram os eletrodomésticas para conquistar votos, ele eram as gaffes, ele eram os populismos, etc.

Nas diversas conversas quotidianas, as pessoas diziam que essas e outras verdades existiam, assim como havia negócios em que ele ficaria sempre a ganhar, mas que havia obra feita. Pensada e arquitetada durante o seu mandato ou não, várias obras apareceram, de facto, nessa altura. 

Porém, era fácil surgirem, porque os novos tempos assim o exigiam a qualquer um e no concelho, até então, havia muito pouco. Portanto, tudo o que se fazia era visível.

Nesse tempo - e ainda agora - seja onde for que vá, se disser donde venho, logo vem à baila o nome da criatura que, felizmente, deixou o cargo há bastantes anos. Às vezes eu sentia vergonha de dizer, porque parecia logo ouvir: diz-me donde vens, digo-te já quem és. 

Não seria necessário justificar fosse o que fosse, mas depressa fazia saber que nunca tinha votado nele.

Talvez me tenha lembrado disto hoje porque aparecem demasiadas figuras públicas que deveriam dar exemplos de honestidade à comunidade que as elegeu ou que as colocou em determinado lugar, mas olham só para si e para os seus desejos ou para o seu próprio proveito ou para o poder que querem garantir. E isto acontece na política, na banca, na igreja, etc. 

Como se o mundo que existe fosse apenas o seu mundo. E sem precisar sequer de dar justificações.

 

15 comentários:

  1. Bom dia
    É caso para dizer:
    Quantos são ! Quantos são !
    Gosto muito de dióspiros -

    JR

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    1. A pergunta, essa,também ficou famosa, e não pelas melhores razões, é claro.
      Os dióspiros são bons, bonitos - bom presente de outono.
      Um bom dia, Joaquim

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  2. Julgo saber de quem fala e aqui mais perto de mim também temos esse protótipo. Neste, o seu lema era que comigo ganhamos todos.
    E na verdade, ganhavam os munícipes, os empresários, as empresas e o presidente.
    Obra feita havia e muita e o concelho até se tornou um case study pois conseguiu atrair muito emprego. A justiça, contudo, condenou-o. Cumpriu pena.
    Mas a população parece que gostou muito dele, perdoou-lhe as faltas e elegeu-o de novo. Tenho pensado muito neste caso e na ética ou falta dela (de todos) e até naquele slogan de que o povo tem sempre razão ou o povo é quem mais ordena.
    Dia bom Maria Dolores.

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    1. Vejo também de quem fala e que fez com que muita gente se enterrogasse sobre o que leva muitas pessoas a tomarem certas decisões na mesa de voto. Por outro lado, temos de acreditar que a redenção pode ser possível depois de uma pena. Muita gente acreditou que sim e, conhecendo bem melhor do que eu, terá as suas razões. Oxalá que o autarca tenha aprendido a lição e que a qualidade de vida das pessoas continue e até melhores. O mesmo devia acontecer nas outras regiões, assim como a honestidade dos autarcas.
      Obrigada, Joaquim, e um dia bom também para si

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    2. Eu queria dizer 'interrogasse' e 'melhore'. Coisas que (me) acontecem!

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  3. Infelizmente ainda existem muitos presidentes de câmara ( e outros ) assim como esse.
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    Uma semana feliz … Beijo e/ou abraço
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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    1. Pode ser que as pessoas, cada vez mais atentas e informadas, vão fazendo com que esses casos diminuam. Oxalá que sim.
      Obrigada e semana feliz também, Ricardo

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  4. Em geral, hoje, se alguém olha e age em prol do bem comum e não para seu proveito e benefício pessoal, chamam-lhe totó. O que antes era visto como qualidade passou a defeito. Pode?!

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    1. Às vezes parece que são os maus exemplos os mais abundantes, porque o relevo que lhes é dado é bem maior do que os bons. Se a comunicação social falasse mais das coisas boas - sem ser só em horário a que pouca gente pode assistir - do que dos 'casos', era uma ajuda.
      Um dia bom e bonito de outono, Bea

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  5. Cada vez mais se vêm criaturas como essa, a governar-nos!
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    Sonhos, vontades, e outros desejos ...
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    Beijos, e uma excelente semana.

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    1. Pode não ser assim, mas como são esses os casos de que mais se fala, tendemos a generalizar. Como seria bom que não houvesse tantos interesses pessoais quando os dinheiros são públicos!
      Um beijinho, Cidália

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  6. Infelizmente o exemplo de uma figura pública nem sempre é o melhor e mais correcto!
    Boa semana 🙏

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    1. E era bem bom que cada figura pública pensasse no bem comum e não apenas no seu bolso, ou melhor, no seu cofre.
      Um beijinho e boa semana também.

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  7. O que não falta na nossa história são políticos assim.
    Abraço e saúde

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  8. Pois não, Elvira, infelizmente. E depois ouvimos falar deles o tempo todo, e não dos outros que se dedicam, e bem, ao serviço público.
    E muitos jovens vão ficando com a ideia de que há golpes que valem a pena. E é pena.
    Um beijinho e um dia com muita saúde

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