segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O solitário da rua, as sondagens e o self made man

 

Ainda tenho nos olhos e nos ouvidos muito do que vi e ouvi na noite de ontem, de eleições autárquicas. E das muitas sondagens que, nas semanas anteriores, ilustravam manchetes e títulos de muitas páginas de jornais. Eram previsões tidas como quase certezas. E assim eram discutidas. E comentadas. E divulgadas. E propagandeadas... 

Em grande plano estava a Câmara de Lisboa.

Como a noite ia longuíssima e não sou pessoa de grandes noitadas, fui dormir, o que sossegou este espectador e não candidato a qualquer cargo público ou político. 

Na repartição onde trabalho, continuarei a ouvir alguns ecos dos resultados das eleições, mas como as pessoas agora se afastam mais umas das outras e não entram todas de uma vez como num funil, nada haverá de especial, com certeza. Tal como não há na minha vida. E digo isto sem tristeza, apesar de ter algum ar tristonho, eu sei.

Hoje, não sei se pela chuvinha, que começou a cair logo de manhã, se pelo outono que está a chegar, lembrei-me que me sinto várias vezes um Fernando Medina, se confio que vou ter uma vitória - ainda que as vitórias de um funcionário de uma repartição pública sejam muito pequeninas.

Nesses momentos, fico contente, acredito, sorrio, quase me empolgo, mas, na hora agá, quem sai vencedor é um Carlos Moedas em quem, aparentemente, poucos pareciam apostar, que aparece e tira a cadeira.

E isto acentua a minha mania de achar que se o dia começa bem, pode acabar mal, como a Fernando Medina; ou, então, se a coisa começou mal, pode acabar bem, como aconteceu com Carlos Moedas.

Eu sei que sou um anónimo cidadão, um self made man que pouco sabe e que muito terá de aprender. Pode ser que daqui a quatro anos a variação do meu humor não oscile tanto entre modelos FM ou CM. Para isso, continuarei a ouvir os ensinamentos da vida, se calhar, com a televisão mais vezes desligada.
 
Entretanto, pode ser que os senhores das sondagens aprendam também a acertar mais na mouche. Mas, como tenho dúvidas e muitas vezes me engano, continuo aberto às surpresas, embora não as saiba explicar. Não esqueçam que sou um self made man.
 
 
 

12 comentários:

  1. Confesso que nunca esperei que Medina perdesse a Câmara de Lisboa nem o CDU perdesse a Câmara de Loures
    .
    Uma semana feliz … Cumprimentos
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Boa noite, Ricardo.
    De Lisboa sabia porque é o assunto do dia; que Loures tinha mudado desconhecia.
    Esta noite foi mesmo uma noite de surpresas!
    Um noite descansada para si.

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  3. A queda de Medina foi uma surpresa para mim.
    Abraço, saúde e boa semana

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    1. Também para mim, Elvira, e julgo que para a maioria das pessoas. Mas, pronto, a vida é assim e que ele faça o melhor por toda a gente.
      Um beijinho e uma quarta-feira calma e feliz.

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  4. ... agora desejamos que cumpram o que prometeram 👏👏👏

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    1. Ora aí é que está. E que não esqueçam que estão para melhorar a qualidade de vida das pessoas e não (apenas) como trampolim para outros cargos.
      Um beijinho, Gracinha

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  5. Bem lembrado Maria Dolores. Noite digna de um prestigitador. Mas também lhe digo, que foi essa hipótese de pequena mudança que deu um pouco de sal à noite que se desenhava enfadonha, tal o marasmo político nacional.
    Depois das sondagens falhadas, vêm agora os experts justificarem não as sondagens, mas os resultados: a erosão de vários anos de poder socialista, a apropriação da bazuca ao serviço da campanha rosa, o ministro Cabrita, a divulgação à embaixada da identidade dos manifestantes russos, a falta de vergonha no caso Galp de Matosinhos, blá, blá, blá...
    Entretanto os números de prestidigitação continuam; segundo as últimas notícias, o MP deixou passar o prazo de recurso da decisão instrutória no processo Marquês!
    Desejo-lhe um bom dia, extensivo ao solitário da rua.

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    1. O solitário da rua agradece de certeza, Joaquim. E eu também, embora com atraso, porque os afazeres familiares têm sido bastantes.
      Pois, fez uma boa síntese dos últimos enredos da política que fizeram que trouxeram mudanças de cor em autarquias. E Lisboa era o centro. Veremos se alguma lição foi dada e recebida e sobretudo que não se continue a dizer que as promessas são muitas, mas, depois, não há diferenças.
      Confesso que Moedas não é da minha simpatia, mas, se ganhou, que governe o melhor possível, pensando nas pessoas.
      Um bom dia, Joaquim

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    2. E hoje de manhã mais um golpe de magia: João Rendeiro, embora condenado, fugiu do país e à justiça. É por estas e outras que surgem os populismos e aumenta a abstenção.

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    3. Também ouvi a notícia. É uma pena que estas coisas aconteçam. E também me interrogo sobre os advogados que sempre acompanham estes casos mediáticos de grande corrupção. Eles também devem contribuir, ganhando muito e muito, para estes golpes de magia que tão bem conhecem. É pena.
      Um dia calmo e bom para si, Joaquim.

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  6. Bom dia
    Pelo menos durante uma semana a comunicação social tem um novo tema para poder chamar os comentadores do costume e fazerem aqueles debates chatos que já não têm audiência nenhuma .

    JR

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  7. E o que dizem alguns comentadores é tão previsível que o melhor é mudar de canal. O pior é que, se há outro debate, acontece a mesma coisa. Estou a ser um pouco redutora, porque sou das pessoas que ainda veem debates. Se não adormecer, É claro.
    Um bom dia, Joaquim

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