sexta-feira, 3 de julho de 2020
Corrupção logo ao pequeno almoço
O pequeno almoço na mesa. Que bom, embora o de quase sempre.
Ligo a televisão e lá estão os casos muito falados nos últimos tempos e a cada passo acrescentados de outros: Isabel dos Santos, Sócrates, Novo Banco, Ricardo Espírito Santo, dirigentes desportivos e tantos, tantos outros nomes ligados a crimes de corrupção que lesam o país a todos os níveis.
A 'eles' nada lhes diz, porque a ambição do poder e do dinheiro é desmedida, mas a muitos de nós toca também o mau exemplo que dão a tantas gerações. Os estragos que deixam são irreversíveis.
Grande corrupção para um país tão pequeno.
E muitos, alegadamente corruptos, habituaram-se a mostrar à opinião pública uma expressão tão angelical que espanta quem observa. E ouvir 'tenho a consciência tranquila' ainda é mais irritante.
Todos devemos usar máscara, porque o tempo é de pandemia, mas tantas máscaras em rostos a descoberto são vírus que causam muitas e graves doenças.
Será que ainda pode haver cura?
quinta-feira, 2 de julho de 2020
Este texto não é para quem não acha piada a esqueletos
Hoje recebi um mail de uma amiga com um vídeo engraçado, dos que quase todos recebemos a cada passo.
O vídeo mostrava um homem na rua a dançar, tendo a ele presos dois esqueletos, um atrás e outro à frente, que repetiam os mesmos movimentos de dança, o que se tornava hilariante.
E lembrei-me do esqueleto que tenho em casa.
Não, não se admirem nem pensem mal de mim. Eu explico.
Comprámo-lo e, durante um par de anos, esteve no quarto de uma das minhas filhas, porque era lá que ela estudava para as suas aulas, incluindo anatomia.
Depois desse tempo, o estudado esqueleto ficou a um canto e chegou a servir de cabide para casacos ou outra roupa. Coitado, passou a estar vestido, mas continuou sempre sem pele e só osso.
Um dia, quando já não estava a ser objeto de estudo, emprestei-o a uma colega cuja filha era estudante da mesma área da minha filha.
Quando mo devolveu, trazia o esqueleto nos braços, envolto num lençol que não o tapava todo, deixando ver as pernitas pendidas e o rosto mesmo nada bem parecido, como se sabe dos outros exemplares que todos conhecemos.
Pode imaginar-se a cena e o riso que provocou.
- Ainda tiram uma foto e enviam para a CMTV!!!
- Ai que vamos ser motivo de investigação!!!
Agora, já não está no quarto e aqui jaz, desculpem, está pendurado no seu suporte a um canto discreto de uma outra divisão.
E não tem servido de cabide.
Conversa com anjos dentro
- Oh, este anjo caiu-me da mão e partiu.
- Também era muito frágil.
- Pois era, mas tenho pena.
- Eu sei, claro.
- E já estava aqui há tanto tempo.
- Deixe lá, os anjos estão no Céu.
- Também era muito frágil.
- Pois era, mas tenho pena.
- Eu sei, claro.
- E já estava aqui há tanto tempo.
- Deixe lá, os anjos estão no Céu.
terça-feira, 30 de junho de 2020
A criança que há em mim/nós!
Maldita pandemia! Que não me deixa estar com a minha neta este verão.
Não estão nada fáceis os voos de Londres para o Porto. Nem do Porto para Londres. E para quem tinha viagem marcada pela TAP ainda pior.
Mesmo assim, comecei a organizar melhor o quarto da minha neta. Se não vier agora, pode ser que venha para o Natal. Se o maldito vírus não continuar a contagiar por terra, mar e ar.
E como ela gosta muito de livros de histórias, lá estão eles numa prateleira já sem pó. Uns são novos, outros eram da mãe e da tia e, claro, não podia faltar o que a avó escreveu, e que a Cristina Pinto ilustrou, e lhe dedicou.
Ora, quando faço estas arrumações e olho com mais atenção, tenho vontade de ler os livros de Sophia, de Matilde Rosa Araújo, de António Mota... e de escritores jovens que escrevem tão bem para crianças, como é o caso de Valter Hugo Mãe e de tantos outros.
Este meu gosto vem, com certeza, do nascimento da minha neta e talvez tenha a ver também com a tal criança que - dizem - existe dentro de nós.
É pena que essa existência não facilite a vinda da minha neta, após tanto tempo de ausência.
Mas, pelo sim, pelo não, é melhor não perder esse sentimento.
De outro modo, seria mais maldita esta maldita pandemia!
segunda-feira, 29 de junho de 2020
Ainda vou a tempo, S. Pedro?
Peço-te desculpa, S. Pedro,
De não ter falado aqui;Para os outros versejei
Sem escrever ontem pra ti.
Tenho andado muito ocupada
E és o último: que azar!
Os últimos ser primeiros
Já deu o que tinha a dar.
S. Pedro, não fiques triste
E peço-te paciência,
Pra não perdermos a nossa
Nem a nossa consciência!
Como tens chaves do Céu,
Podes entrar e sair.
Dá uma chave aos cientistas
Para o Covid banir.
Está na hora de ir embora
Mas não posso dar beijinho;
Como já deves saber,
Agora é cotovelinho!
sábado, 27 de junho de 2020
Obrigada, Sandra!
Este pequeno texto foi partilhado hoje,
por uma professora, num grupo de Whatsapp, após o final de aulas à distância.
Gostei muito e pedi para o publicar aqui.
Obrigada, Sandra.
Obrigada, tantos professores
e tantas professoras.
Ontem acabaram as aulas... A
sensação que fica é que nada terminou... Não estar, ver, sentir a
reação dos alunos dá ideia que nada terminou!
Sei que dar as aulas
presenciais foi uma árdua tarefa e nada agradável, mas a sensação de
vazio que senti nesta despedida... Foi muito triste e difícil.
Mais
triste é não estar convosco, ver os vossos sorrisos, sentir a vossa
presença!
Para mim, isto foi tudo menos escola e eu adoro o que faço! E
acima de tudo adoro estar convosco!
Sandra Moreira
Não está a cheirar nada bem!
Gosto muito dos parques de Londres. Dos que conheço, é claro. Um deles foi até cenário de um filme bastante interessante que estreou há poucos anos. O parque é Hampstead Heath. É imenso, arborizado, florido, com lagos, com vastos espaços verdes. Enfim, muito variado e ótimo para caminhar, para correr, para contactar com a natureza, para relaxar...
E tenho pena de não ir lá há muito tempo, mas a pandemia tem fechado muitas portas, embora tenha também aberto outras, mas menos numerosas.
Pois bem, esses parques maravilhosos, aonde vão multidões (pelos vistos, a afluência nunca abrandou muito, apesar de todos os apelos) continuam com as casas de banho fechadas.
Pode imaginar-se o que se passa e o que se encontra pelos caminhos por onde as pessoas vão apenas para caminhar ou correr.
É caso para dizer: isto não está a cheirar nada bem!!!
sexta-feira, 26 de junho de 2020
'E hoje, já sorriste?'
Ela estava doente e ia recebendo mensagens: As melhoras, vai correr tudo bem, tu és forte...
Mas uma das que mais lhe tocou foi: 'Então, hoje já sorriste?'
Gostou tanto que passou a adotar essa questão em situações semelhantes, esperando que agradasse como com ela tinha acontecido.
E as respostas que dava e que agora recebia pareciam mais positivas e a repetição menos chata.
Coisas tão simples e mais leves quando o momento é mais pesado.
E com a vantagem de não haver direitos de autor.
E a propósito, hoje já sorriram?
quarta-feira, 24 de junho de 2020
O Porto sem festa de S. João
Obrigada, M.A., por outra bela e bem humorada partilha.
Retratas muito bem alguns espaços do Porto que nunca ninguém viu desertos em noite/dia de S. João.
Como o momento continua difícil, e como se diz que todos os santos ajudam,
é certeiro o pedido que fazes a S. João:
'Se não conseguires sozinho,
Faz um apelo ao S. Pedro!'
Fui à festa e não a havia,
É que o Santo, do seu posto,
Confinou toda a folia.
Foi num gesto altruísta,
S. João, sabemos todos,
E o Porto, solidário,
Lá acatou esses modos.
Era ver tantas esplanadas
Cheias de mesas vazias
E nas poucas ocupadas
Nem sinais d`outras folias.
Nem doces, nem manjericos,
Nem o cheiro das sardinhas,
Nem nada que nos lembrasse
Das tradições sanjoaninas.
S. João, quando puderes,
Vê se afastas este medo,
Se não conseguires sozinho,
Faz um apelo ao S. Pedro!'
M.A.
terça-feira, 23 de junho de 2020
Como 'cada dia é uma riqueza', aqui vai outra beleza
Surpresa de S. João
É véspera de S. João
E já o sol nascente
Que bate na janela vizinha
Em frente à minha
Faz nascer um sol poente.
Hoje tenho dois sóis
O nascente e o poente
Por causa de uma janela
E dos espelhos que há nela;
Um que nasce na montanha
E o outro, galhofeiro,
A imitar o verdadeiro.
Não deito nenhum deles fora;
Se vêm à mesma hora
Com tão dourada surpresa
É porque S. João assim quer
Mostrar que, se eu quiser,
Cada dia é uma riqueza.
Clémina
23 junho 2020
Ó meu rico S. João!
Se eu tivesse boa voz,
Cantava-te uma canção
Pra te fazer companhia,
Ó meu rico S. João!
Deves estar muito triste
Tu, meu querido santinho,
Estavas sempre acompanhado
E hoje ficaste sozinho!
Não podes sair à rua
Com martelinho e balão
Que lá se foi o tal milagre,
Mesmo que digam que não!
Vendo egoísmo ou desleixo,
Vais ficar muito afinado,
Porque muita gente pensa
Que está tudo desconfinado!
Não percas a alegria,
Ó meu santo folgazão,
Mas não queiras ir à festa
Que o vírus não brinca, não!
segunda-feira, 22 de junho de 2020
'S. JOÃO SEMICONFINADO'
'S. João é fogo que arde sem se ver
É festa na TV, mas que não se sente
Num semiconfinamento descontente
Das quadras faço sonetos sem querer.
É um sofrer pelos outros ver sofrer
É solitário ficar sem ver a gente
É esperar a notícia que não mente
É ouvir números, de pernas a tremer.
É ter de estar presa sem vontade
Testar, testar, testar... sem ver balão!
E, serenamente, querer sempre a verdade.
E como poderia ir ao S. João
Se proibiram fogareiros na cidade?
Asso eu as sardinhas, já é bem bom.'
Clémina
22/junho/2020
Obrigada! Que bela partilha.
Quando abri o mail e vi este poema, fiquei muito contente.
Grande criatividade e atualidade.
Feliz S. João em família!
Com boa sardinha assada!
domingo, 21 de junho de 2020
Em manhã cedo de domingo
Gosto do silêncio da manhã
cedo em que as pessoas devem
dormir ainda
e talvez
sonhar ou então com
pesadelos por tantas
incógnitas de todas as
horas
passadas
presentes
futuras.
e a manhã
continuam a ter
beleza
mais notada
quando há silêncio
e tudo parece
estar tranquilo
apesar de tantas
incógnitas de todas as
horas
passadas
presentes
futuras.
cedo em que as pessoas devem
dormir ainda
e talvez
sonhar ou então com
pesadelos por tantas
incógnitas de todas as
horas
passadas
presentes
futuras.
Porém
o silêncio da
manhãe a manhã
continuam a ter
beleza
mais notada
quando há silêncio
e tudo parece
estar tranquilo
apesar de tantas
incógnitas de todas as
horas
passadas
presentes
futuras.
sábado, 20 de junho de 2020
O convite
Há muito tempo que ele gostava dela. Era bonita, bem disposta, inteligente. Criava laços positivos com as pessoas. Dizia o que sentia sem ferir ninguém. Seria uma boa companheira.
Eram livres, colegas de trabalho e conheciam, mais ou menos, a história de vida de cada um. Ela ter três filhos pequenos a seu cargo não dava muito jeito porque os dele já eram crescidos e viviam com a mãe. Mas, realmente, não há bela sem senão.
Já se via a viver com ela e a voltar aos tempos antigos em que os filhos eram pequenos. Via-se, pacientemente, sentado no chão a fazer legos ou puzzles.
Como gostava dela, tudo se resolveria.
Num intervalo do trabalho, encontraram-se os dois a tomar café. Estavam sozinhos. Ele aproveitou o momento e convidou-a para sair. Podiam ir caminhar junto à praia e depois logo se veria.
Ela aceitou o convite. Os miúdos estavam na escola e assim podia ver o mar.
Encontraram-se à hora marcada. Ela trazia a roupa habitual, ele vestia uma camisa que parecia a estrear.
Enquanto caminhavam, ele olhava-a à espera do momento de poder dizer algo mais íntimo.
Enquanto caminhavam, ela olhava o mar com o fascínio de um reencontro amoroso.
Não havia mesmo maneira de ele poder dizer-lhe que gostava dela.
Talvez ela aceitasse ir dar uma volta de carro. Seria mais fácil e não haveria tantas distrações. Já tinha pensado nisso.
- E se fôssemos dar uma volta? Ainda é cedo. Tenho ali o carro. Depois levo-te a casa.
- Por falar em casa, desculpa, mas lembrei-me agora que não tenho leite para o lanche dos miúdos. Vejo ali um Pingo Doce. Importas-te que vá lá? Só esperas um bocadinho.
- Sim, sim, claro, eu espero.
- Depois, pedia-te então se me levavas a casa. É que os miúdos vão chegar daqui a 30 minutos.
sexta-feira, 19 de junho de 2020
Amanhecer?
Nos últimos tempos, tenho-me levantado cedo. Abro a porta e a Castanha (a minha cadela) vem logo espreitar. Vê-me e parece ficar feliz porque sabe que em breve lhe vou dar comida.
Vejo, desconsoladamente, que o meu pão acabou. E o pão sabe(-me) tão bem ao pequeno almoço.
E o que faço no forno não me tem saído nada bem.
Liguei a televisão. As notícias eram as de ontem. Não me apetecia ouvir as mesmas coisas.
Fui fazendo zapping. Parei num programa em que uma mulher negra falava de dez anos de violência doméstica com constantes humilhações. Não estava ali apenas para esmiuçar desgraças, mas para dizer como tinha conseguido sair delas.
Para reconquistar a liberdade, tinha recorrido a uma casa de abrigo, onde esteve uns meses com os filhos.
E contou que agora podia ler histórias (esta parte também me comoveu) para o filho mais novo, como não tinha feito para o mais velho.
E falou de uma refeição em paz, com os filhos, à volta de um frango assado que tinha um sabor maravilhoso como já não sentia há muitos anos.
Agora, vou voltar aos meus afazeres.
Mesmo sem pão ao pequeno almoço, o dia parece luminoso.
Será o amanhecer?
quarta-feira, 17 de junho de 2020
Gosto de cidades assim
Pequenas, acolhedoras, com gente que se cruza na rua e se conhece.
Com esplanadas, com lojas antigas, outras mais modernas, mas todas higienizadas.
Com livrarias como nas grandes cidades.
Com mar ao fundo, como não se encontra em qualquer cidade.
Com pedacinhos de cor e bom humor...
Tudo isto vi hoje em Espinho.
Não falo das obras que me fizeram andar às voltas.
Possam, quando estiveram prontas, fazer com que se diga:
- Gosto de cidades assim.
Com esplanadas, com lojas antigas, outras mais modernas, mas todas higienizadas.
Com livrarias como nas grandes cidades.
Com mar ao fundo, como não se encontra em qualquer cidade.
Com pedacinhos de cor e bom humor...
Tudo isto vi hoje em Espinho.
Não falo das obras que me fizeram andar às voltas.
Possam, quando estiveram prontas, fazer com que se diga:
- Gosto de cidades assim.
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