Tenho uma amiga que aproveita tudo que pode ser reutilizável. Em cima da mesa, tem sempre tecidos cortados, frascos com botões, fios variados...
O que eu não contava era ver flores feitas a partir de folhas que o outono atira ao chão.
Ela contou-me, com o habitual sorriso, que as viu numa rua. Estavam na cor e no ponto certo: inteiras e secas. Pensou logo numa nova função para elas.
Encheu um saco e, com elas, as suas mãos geraram flores.
E dizia-me feliz: repara como mantiveram o perfume da árvore!
Em casa, pu-las num pequeno recipiente e juntei uma romã.
Talvez goste também do perfumado aconchego.
sábado, 8 de dezembro de 2018
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
Van Gogh, Gauguin, Laval: vida curta, vasta obra!
A exposição, no museu Van Gogh, era vasta. A vida dos três
pintores e amigos tinha sido curta, mas haviam pintado intensamente e deixado
uma Obra à Humanidade.
Charles Laval era o menos conhecido.
Uma multidão juntava-se em frente aos Girassóis de Van Gogh. De vez em quando, ouvia-se uma voz tonitruante, vinda de um homenzarrão de
fato preto: No piiiictuuuures!!!
No piso da entrada, uma belíssima exposição: um grande espaço
de girassóis de vidro que mudavam de cor consoante a iluminação ténue da sala.
Uma obra de arte gerada por outra obra de arte. Esta, imortal.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
Pudera, com tantos "contos"!
Ao invés de cá, não há descontos seniores nos museus, nos transportes, etc na Holanda.
Nos museus, por exemplo, veem-se muitas pessoas à volta dos sessenta anos em trabalhos como venda de bilhetes, receção às pessoas, informações sobre as exposições... Sempre com muito bom ar e boa disposição.
De facto, não devem ser necessárias quaisquer reduções de preços, porque as condições sociais são muito boas ao longo de toda a vida. Julgo que o ordenado mínimo ronda os 1.500 euros e os preços nas lojas não são muito diferentes dos que temos nas lojas portuguesas.
Assim, pudera, com tantos "contos", para que precisam de descontos?
A rapariga do autocarro
Decidimos ir de autocarro para a estação do comboio. A paragem era mesmo em frente ao hotel. Talvez por ser manhã de domingo com o sol apenas a espreitar, esperámos uma boa meia hora, apesar de termos várias opções: o 1, o 5 ou o 10.
Estava frio. O gorro e o cachecol davam mesmo jeito até ao momento feliz de vermos os faróis do autocarro a aparecer na rua larga e ainda quase deserta. No autocarro, havia poucos passageiros. Pedimos os bilhetes ao condutor para Amsterdam Station.
- Não, não trabalho com dinheiro. Só cartão de débito ou crédito, disse, apontando o aparelho.
Já prevíamos isso e tínhamos o cartão à mão. Tentámos usá-lo das formas possíveis. Não dava de forma alguma.
- Tem funcionado sempre. Não entendo. Podemos pagar com dinheiro?
- Não vê que não trabalho com dinheiro?
- Mas a culpa não é nossa nem do cartão.
- Também não é minha.
No autocarro seguia uma rapariga com umas canadianas. Fez-nos sinal. Se quiséssemos, podia pagar os nossos bilhetes com o cartão dela e dávamos-lhe o dinheiro.
Aceitámos de imediato.
À saída, voltámos a agradecer à rapariga do autocarro: Have a very good day!
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
O taxista que filmava os percursos
Ele tinha longa experiência de taxista em Amsterdão. E de alguns acidentes com bicicletas. Dizia que por circularem em elevado número, os ciclistas não respeitam as regras e causam danos a automóveis porque querem passar sempre em primeiro lugar. Acrescentava que, quando acontece alguma coisa, a polícia dá sempre razão aos condutores das bicicletas. Assim sendo, filma a rua por onde passa para poder provar que tem razão, se lhe rasparem o carro ou provocarem outro dano.
E isto dizia-o calmamente, seguro de que queria trabalhar em segurança.
Mas, para mim, que conhecia a Holanda pela primeira vez, achei fantástico o uso enraizado da bicicleta. A existência de vias para as bicicletas e outras para os peões são fortes sinais da qualidade de vida instituída para todas as pessoas.
O facto de o pavimento ser plano facilita muito o uso da bicicleta. Quem anda a pé tem de prestar muita atenção, porque nem sempre as bicicletas assinalam a presença com o toque da campainha.
Mesmo que incomodem alguns, o bem que fazem à saúde dos utilizadores e do ambiente é, de certeza, incomparavelmente maior.
Um egípcio em Amsterdam
Entrámos no táxi, porque a distância até ao hotel era longa, não tínhamos muito tempo e já havíamos percorrido uma boa parte da cidade a pé.
O taxista usava uma boina cinzenta com bico comprido e tinha barba grisalha.
- De onde vêm?
- De Portugal. E o seu país qual é?
- Egito. Estão a gostar de Amsterdão?
- Sim, apesar do frio e da chuva miúda.
- Se cá viessem em pleno inverno, veriam então o que é frio. Hoje está bom.
- Também gosta de cá estar?
- Vim para cá aos dez anos. Aqui é trabalho, trabalho, trabalho.
- E vai ao Egito de vez em quando?
- Sim, duas ou três vezes no ano.
- Muito bem.
- Tenho necessidade de ver a minha família, os meus amigos...
- ... a sua comida.
- Claro, embora também a faça cá.
- Qual é um dos pratos típicos do Egito?
Pega no telemóvel, procura imagens e mostra-nos uma mistura de arroz com outros ingredientes envoltos numa folha verde.
Com pena, não compreendemos nem fixámos o nome do prato. Pelos olhos sorridentes do taxista, deve ser muito bom ou trazer-lhe boas memórias.
Apetite para o almoço ainda não seria, porque era de manhã.
O taxista usava uma boina cinzenta com bico comprido e tinha barba grisalha.
- De onde vêm?
- De Portugal. E o seu país qual é?
- Egito. Estão a gostar de Amsterdão?
- Sim, apesar do frio e da chuva miúda.
- Se cá viessem em pleno inverno, veriam então o que é frio. Hoje está bom.
- Também gosta de cá estar?
- Vim para cá aos dez anos. Aqui é trabalho, trabalho, trabalho.
- E vai ao Egito de vez em quando?
- Sim, duas ou três vezes no ano.
- Muito bem.
- Tenho necessidade de ver a minha família, os meus amigos...
- ... a sua comida.
- Claro, embora também a faça cá.
- Qual é um dos pratos típicos do Egito?
Pega no telemóvel, procura imagens e mostra-nos uma mistura de arroz com outros ingredientes envoltos numa folha verde.
Com pena, não compreendemos nem fixámos o nome do prato. Pelos olhos sorridentes do taxista, deve ser muito bom ou trazer-lhe boas memórias.
Apetite para o almoço ainda não seria, porque era de manhã.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
Um português em Amsterdam
Entrámos num pequeno café para o pequeno almoço. As mesas eram pequenas, havia pão escuro, sumos, ovos mexidos, omoletes,"eggcetera" (vi lá esta palavra e achei-a mesmo bem apanhada).
Escolhemos, pedimos e estávamos à espera, quando um rapaz franzino que lá trabalhava se aproxima da nossa mesa e, com ar sorridente, diz:
- Bom dia! Tudo bem?
E logo o diálogo:
- Ouviu-nos falar português, foi?
- Sim, claro. Donde vêm?
- Do Porto.
- O meu pai é de Barcelos mas nasci no Algarve.
- Gosta de cá estar?
- Não, mas ganha-se melhor. Uns 8/11 euros à hora.
- Bem bom.
- Mas pago 1.200 euros de renda num estúdio com a minha namorada.
- É caro, mas em Portugal também é caro e ganha-se menos.
- Já ouvi que sim.
- E a sua namorada é portuguesa?
- Portuguesa? Nãão. Holandesa.
Escolhemos, pedimos e estávamos à espera, quando um rapaz franzino que lá trabalhava se aproxima da nossa mesa e, com ar sorridente, diz:
- Bom dia! Tudo bem?
E logo o diálogo:
- Ouviu-nos falar português, foi?
- Sim, claro. Donde vêm?
- Do Porto.
- O meu pai é de Barcelos mas nasci no Algarve.
- Gosta de cá estar?
- Não, mas ganha-se melhor. Uns 8/11 euros à hora.
- Bem bom.
- Mas pago 1.200 euros de renda num estúdio com a minha namorada.
- É caro, mas em Portugal também é caro e ganha-se menos.
- Já ouvi que sim.
- E a sua namorada é portuguesa?
- Portuguesa? Nãão. Holandesa.
A sogra no avião
O avião vinha para o Porto, o voo era de duas horas e meia e o meu lugar num dos últimos bancos de trás. Eu levava um livro que queria acabar de ler, mas não conseguia deixar de ouvir uma conversa atrás de mim.
Depois de vários preliminares, a conversa foi parar à sogra e os passageiros próximos ficaram a saber como ela reagia com os filhos, com as noras e com todos à sua volta. O retrato era de sogra mesmo horrível.
Quem falava, com uma voz aguda, ritmo constante e imparável, fez a radiografia da sogra que parecia viajar no avião sem nele sequer ter entrado. Naquele momento, ela poderia estar, sei lá, a cozinhar ou a comer brócolos, porque foi várias vezes repetido que, ela, a nora, detestava brócolos mas que, quando jantava em casa da sogra, havia sempre brócolos. Só para a chatear.
O diálogo, mais monólogo do que diálogo, durou umas duas horas. Eu fechei o livro e guardei-o na carteira, porque aquele zum-zum constante e estridente impedia-me de compreender e saborear as histórias que se passavam em Paris.
Só houve interrupção quando foi servida a pequena refeição, recolhido o lixo e na altura da verificação dos cintos de segurança para a descida ou aproximação à pista.
As interlocutoras eram duas hospedeiras da TAP, sentadas uma em frente à outra, na cabine, junto às casas de banho.
Nunca me soube tão bem sair de um avião.
domingo, 25 de novembro de 2018
Diarinhando - ontem e sempre!
Maria Clara Miguel, pseudónimo de Isaura Afonseca, apresentou ontem o seu mais recente livro, com a chancela do Lugar da Palavra, Diarinhando.
O Dr Manuel Maria partilhou a sua análise muito atenta e muito competente da obra, manifestando entusiasmo por passagens que realçava de forma calorosa.
Juntaram-se muitos amigos da autora, da arte, da leitura, da escrita, dos bons e felizes encontros...
Lá fora, chovia, mas na Biblioteca da ESG o ambiente era de muito calor humano.
A unir as palavras e os abraços estava um livro cuja capa é uma bela porta para um belo Diarinhando.
quarta-feira, 21 de novembro de 2018
Maria Clara Miguel apresenta Diarinhando
Será um bom momento da tarde do próximo sábado ouvir o apresentador do livro, Dr. Manuel Maria, e a autora, Maria Clara Miguel, pseudónimo de Isaura Afonseca, falar sobre Diarinhando, obra que apetecerá folhear e ler, a partir da bonita entrada que é a capa.
São conhecidos o domínio da escrita e a empática vivacidade da autora.
Fica(m) o(s) convite(s). Será feliz e enriquecedor o encontro.
terça-feira, 20 de novembro de 2018
Felizmente há tantas coisas boas para celebrar!
Obrigada, A.P., pela divulgação do cartaz
de uma atividade que, como tantas outras, vocês tão bem dinamizam na 'nossa' escola.
domingo, 18 de novembro de 2018
Hoje lembrei-me do mar - por mais de 3m
Há tempos, numa oficina de escrita,
o formador sugeriu uma lista de cinco palavras.
As que logo me surgiram foram:
abertura
despojamento
tudo
nada
concentração
Atividade seguinte:
escolha de uma palavra e escrita de um texto por ela sugerido.
Em 3m.
Escolhi "concentração".
Tempo e texto concluídos,
o título teria de ser o antónimo da palavra selecionada.
Foi este o pequeno texto que me surgiu.
Dispersão
Olho o mar como há muito não fazia. Ele exige-me concentração. Por isso, o amo. Nada o substitui porque nele está tudo. Pelo menos, agora que olho a sua vastidão quando pretendo o despojamento.
Amo-te, mar, porque és a abertura para muitos outros mares.
sábado, 17 de novembro de 2018
Coisas importantes sem importância nenhuma
Gosto de começar o dia com o cheiro do café a ser deitado na caneca onde o café com leite me sabe melhor ao pequeno almoço.
Às vezes, penso que aquele momento tão simples é fundamental para o dia que começa. Como aconteceu hoje. Tal como ontem. Tal como espero que aconteça amanhã. E depois. E depois...
A vida vai-nos ensinando que as coisas simples e pequenas são cada vez mais importantes. Nem que pareçam não ter importância nenhuma.
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