Às vezes, acontecem estas coisas. Ou não?
Comigo, acho que já aconteceram. Por isso me diverti a escrever este texto, um dia, num ateliê de escrita em Serralves.
Saúde para todos!
- Senhor doutor, dói-me a cabeça. Ela vem assim que penso que me vai doer.
Aflige-me tanto que até me tira a vontade de comer.
Dá-me enjoos. Eu que procuro ter cabeça, quase a perco quando me dói assim,
São horríveis estas náuseas que me arrancam de mim.
Senhor doutor, arranje-me um medicamento para que eu fique melhor.
Ah, é verdade,
Esta dor faz-me perder o equilíbrio.
O que eu tenho é um verdadeiro martírio
Valha-me a Santíssima Trindade.
Sinto um martelar na cabeça do lado esquerdo
Que me parece sinistro.
Antes doesse a um qualquer ministro
Dê-me um remédio para isto me passar
Porque esta enxaqueca não me deixa trabalhar.
Eu sei que não sou nova, mas não sou tão velha assim,
Ajude-me, senhor doutor,
Tire esta dor de cima de mim.
Mas, por favor, não me mande fazer radiografias nem tacs.
Eu sei que o senhor não é curandeiro,
Mas diga-me só que isto vai passar.
Se me disser isso e eu vir que o senhor doutor está a ser verdadeiro
Basta a sua palavrinha para logo me curar.