Para a Inês
Era uma manhã
de sábado. Inês foi com a mãe e o pai ao jardim do Palácio de Cristal. A mãe de
Inês ia encontrar-se com uma amiga que também viria com a mãe.
No Palácio de
Cristal, havia umas barraquinhas com petiscos muito bons, caldo verde, docinhos
variados e deliciosos. Tudo tinha sido feito pelas pessoas que estavam a vender
com muita simpatia.
Pois bem, as
pessoas compravam o que queriam comer e pousavam os pratinhos em cima de uma
mesa muito comprida com uma toalha aos quadradinhos. O dia estava tão bonito
que as pessoas iam chegando sempre e já não havia mesas livres.
Foi então que
os pais da Inês e as amigas foram pondo os pratinhos em cima de um banco do
grande jardim do Palácio. Enquanto uns escolhiam e pagavam os alimentos, os outros iam
guardando o almoço que estava nos pratinhos.
Como cheirava
muito bem, junto das pessoas havia gaivotas e uns patinhos também passaram, mas
iam muito apressados para irem tomar banho nos lagos. Aconchegadinho a um ramo
de uma árvore, estava um pavão com uma cauda muito comprida e bem esticadinha. Um
bocadinho mais longe, havia outro pavão muito vaidoso. Abria as penas em leque para
todos verem como era jeitoso e colorido.
As gaivotas
eram muito bonitas mas um bocadinho indiscretas, porque aproximavam-se das
pessoas e eram preciso dizer xô xô várias vezes para que se afastassem. Parecia mesmo
que o bico se aproximava dos alimentos para os levar num abrir e fechar de olhos.
E uma gaivota mais
teimosa não se deixava convencer pelo xô xô e ia ficando sempre, andando de um
lado para o outro, conforme lhe cheirasse melhor. Essa gaivota, que era muito
comilona, e que podia ter o nome de gaivota-do bico-comprido, tinha deixado uma
gaivotinha do outro lado do rio porque ainda mal sabia voar e a mãe tinha medo que
ela se afogasse.
A gaivota
começou a olhar a comida que estava sobre o banco, mas não lhe podia chegar porque
ouvia sempre xô xô e uma mão a fazer o movimento de quem a mandava afastar.
De repente, o pai
de Inês viu que havia um bocadinho da mesa livre e assim todos se podiam
sentar, tendo onde pôr o prato sem segurar tudo na mão. Foram, então,
buscar tudo ao banco do jardim onde tinham posto os pratinhos.
Todos
transportaram os alimentos para a mesa. Quando a mãe da Inês vinha com os pratinhos
nas duas mãos, a gaivota levantou as asas, aproximou-se do prato e zás que se
faz tarde, deu uma bicada num rissol, prendeu-o bem e levantou alto voo a alta velocidade.
A mãe
de Inês deu um grito, porque a gaivota não se tinha aproximado dela sozinha.
Duas amigas tinham feito companhia à gaivota comilona, sobrevoando também o pratinho
dos rissóis para que fosse mais fácil a missão.
Quando se
sentaram à mesa, já sem o rissol, todos falaram da aventura. Bem no alto, no
céu azul, passou uma gaivota e outra mais pequenina a voar mais devagarinho.
A gaivota mais pequenina tinha atravessado o rio
com a mãe para ver Inês a fazer passos de balet na beirinha de um lago, perto de muitas
florzinhas brancas.
A gaivota
comilona olhou para baixo e disse à filha gaivotinha:
Vamos continuar a voar
porque o céu é muito bonito
Não quero voltar a assustar
A mãe de Inês que deu um grito!