Querido diário, ontem fui ao casamento do meu primo.
A minha mãe e as minhas irmãs
cismaram que eu tinha de ir com sapatos altos e meias
fininhas. Elas não devem estar boas da
cabeça. O que vale é que a minha irmã do meio disse assim: Mariana, acho que deves ir
como te sentires melhor e se te tens sapatos de que gostas, por que se há de
gastar dinheiro a comprar outros?!
Só que a minha mãe e a minha irmã
mais velha acham que se a gente gosta da pessoa que nos convida para o
casamento, devemos comprar tudo novo. Eu refilo mas nem me ouvem. Que nervos.
Mas o casamento foi altamente.
Até me esqueci que tinha os pés a arder (acabei por comprar sapatos novos mas
recusei-me a andar de tacão porque depois ainda se riam de mim. ‘Tou mesmo a
ver: olha a Mariana de sapatos altos. Coitadinha, nem parece ela! Como ela cresceu!)
Foi mesmo fixe o casamento. Os meus primos estavam muito contentes e toda a gente lhes dava
os parabéns.
Quanto a mim, nem sei se me caso
porque deve dar cá uma trabalheira. Na mesa onde fiquei, disseram assim: está
tudo muito bonito e muito bem organizado.
Como é que eu me posso casar se
em casa ‘tou sempre a ouvir que sou desarrumada e deixo as coisas para a
última?! Ainda chegava ao dia do casamento, eu a correr de um lado para o outro e a não saber onde estava o vestido. Devia ser lindo.
Para além disso, toda a gente diz que eu sou simpática mas não poder refilar com ninguém
durante todo o tempo deve ser um stress. Coitado, se calhar era o noivo (será que quando chegar a essa altura ainda ando com o Gi?) que
pagava as favas e também não concordo que se faça isso, porque acho altamente
quando as pessoas estão contentes por estarem juntas, riem-se, olham-se, dizem coisas meiguinhas. É mesmo fofinho quando é assim..
As cerimónias na Igreja não foram paradas e curti a música. Cerimónias sem música são um bocado seca. Quando
chegou a noiva, toda a gente se virou para ela porque a noiva é sempre a rainha
da festa. Como o meu primo era o noivo e eu gosto muito dele, eu olhava para os dois. Ele ‘tava
altamente: gravatinha, coletinho, fatinho… Também achei altamente o vestido da noiva. Não sei é como ela podia arrastar aquele véu tão direitinho. Se fosse eu, já sei que o deixava prender em qualquer lado e ainda o rasgava.
Depois das alianças, das promessas, dos beijinhos, fomos almoçar. Eles
estavam à porta a receber os convidados. Coitados, tiveram de dar e receber tantos
beijinhos e abraços! Depois da entrada, vieram as entradinhas. Nestes casos, do que mais gosto é de petiscar.
Na minha mesa, ficaram várias primas mais novas do que eu que eu mal conhecia De princípio, falávamos pouco, mas depois parecíamos todas da mesma idade. Passeámos pela
quinta (só de pensar que me queriam impor a seca de sapatos fininhos!).
Como a família é muito grande, nem sempre a gente se encontra. A
minha mãe até diz que só se veem nos funerais. Livra!
Fiquei a saber que uma das minhas
primas gosta muito de ler, outra curte fazer bolos, outra gosta de dançar; as
mais pequenas têm um cão pastor alemão… As que são mais novas do que eu três anos perguntaram-me se eu tinha facebook e ficaram admiradinhas por eu não ter.
Foi altamente ver toda a gente a
falar e bem disposta.
Apesar de eu achar que não, se
calhar até me quero casar. Mas não sei quando. Se calhar lá para o tempo em
que estiver habituada a andar de sapatos altos. O pior é se nunca me habituo!
Muitos abracinhos, querido diário
Mariana
Comentário: Grande final! Ou melhor ainda: ALTAMENTE!
Gostei muito do casamento, visto pelos olhos da Mariana!
bjinhos
IA