quinta-feira, 19 de junho de 2025

Será possível ainda falar de coisas simples e boas?

 

Hoje levantei-me cedo. O tempo estava fresco e orvalhava, não bastante para regar as plantas. Liguei a água do poço e, daí a nada, estava a regar. Água abundante. Até quando será assim?

Enquanto regava, fui cortando as rosas velhas. Iam caindo junto da raiz - também um modo de fortalecer as vindouras.

Estendi roupa que sempre seco ao sol e ao vento. E reparei nas florzinhas pequeninas e azuis que renasceram. Uma amiga tinha-me dado o vaso há bastante tempo por causa dessas flores que, disse-lhe eu, me faziam lembrar Londres, onde as via em bonitos canteiros. Ela deve ter reparado que me ‘estava a fazer’ à planta e, como é simpática e generosa, deu-me o vaso.  Agora, de novo com as florzinhas bem mimosas, vou tirar uma foto e mandar-lhe. Deve ficar contente por ver que estimei o presente que me deu.

Enquanto escrevia este post,  fui participando num grupo de amigas do WhatsApp. E vários assuntos vieram à baila, como, por exemplo, o último livro de Mário Cláudio, em cujo título entra a palavra cruzeiro. E como as palavras são como as cerejas (tenho comido algumas bem boas!), veio à baila o gosto de fazer um cruzeiro. Eu, não, disse eu de imediato. Sobretudo em mares revoltos! Morreria de medo! O único que fiz foi há muitos anos - um pequeno cruzeiro no Báltico. Ficou-me na memória a serenidade daquele mar naquele fim de tarde. Ainda nem se falava dos horrores e medos por guerras que abalam regiões próximas e vão chegando, por diferentes formas, a todo o mundo.

Por tanta violência que parece aumentar em cada dia, interrogo-me se ainda tem cabimento falar das pequenas alegrias do dia a dia. A resposta é-me dada logo pelos meus botões: são cada vez mais necessárias para que o mundo não fique ainda mais triste!


domingo, 15 de junho de 2025

A roupa

 

Sobre o tema do título, posso dizer que cada vez gosto menos de comprar roupa. Falta-me paciência. Se é pela net, muitas vezes, o tamanho não coincide com o meu; se é na loja, fico cansada e cheia de calor nos provadores.

Por outro lado, abro o meu guarda-fatos e concluo que tenho a roupa de que preciso durante bastante tempo e para diferentes ocasiões. Para quê então acumular mais, gastar mais dinheiro, ocupar mais espaço em casa?

Seja como for, de tempos a tempos, as arrumações vão separando roupas que já não se quer. Fui juntando assim algumas num saco que hoje meti na mala do carro para depositar num contentor. Logo que via algum, parava o carro, tirava o saco e lá tentava rodar o dispositivo para o introduzir, mas nada, porque estava cheio. Ao quarto contentor por onde passei, nem parei o carro porque muitas peças de roupa saíam, avulsas, pelo contentor fora, sem qualquer cuidado ou arrumação.

Moral da história: o saco ficou na mala do carro, à espera de contentor com espaço para o receber e a roupa poder seguir um bom caminho.

Ah, ainda não disse, mas tentei dar essa roupa; agradeceram-me muito, mas a instituição já não tinha espaço para tanta roupa recebida.

Há uns anos, fiz voluntariado numa instituição de pessoas sem abrigo, que recebia todo o tipo de objetos para serem vendidos e, assim, ajudar pessoas em situação de muita necessidade básica. Pois bem, dado o seu volume, muita roupa era vendida ao desbarato e uma grande parte - a que tivesse alguma mazela - voltava para os sacos e ia para reciclar.

Por isso, o excesso de roupa é um problema cada vez maior e mais sério. Doada ou depositada nos contentores próprios, pode ser muito útil para muitas pessoas ou instituições, mas, pelas notícias conhecidas, muita roupa vai parar a países muito pobres, aumentando ainda mais o horror da poluição. 

Quando há moderação nas compras, sabe melhor comprar uma roupa nova, como o vestido para casamento que comprei e que já está na cruzeta - no cabide, como se diz mais para o sul do país.


quinta-feira, 12 de junho de 2025

‘Para pior já basta assim’


 Fui assinante do jornal Expresso durante um par de anos e continuo a ler este semanário. Habitualmente, a minha filha compra-o ao sábado e na semana seguinte vem até mim. E há, atualmente, o suplemento Ideias que não dispenso, sobretudo pelas crónicas.

Pois bem, cancelei a assinatura há coisa de um ano. Estava tão irritada que também queria deixar de receber o Expresso Curto, que recebo, sem pagar, todas as manhãs, e que acho muito bom.

Ora, o  que me levou ao cancelamento da assinatura do jornal foi o destaque - na minha opinião, é claro - que era dado a André Ventura. Ele era título gordo de primeira página, ele era fotos enormes, etc. Julgo não errar se disser que não havia edição do semanário em que o A.V. não fosse uma das principais figuras e notícias.  A favor ou contra, lá estava ele a marcar o seu território que lhe era dado nas páginas principais.

Acho que agora o jornal - que continua a ser de referência - já está mais moderado quanto a essa opção. E ainda bem, porque o tempo também traz ensinamentos. Espero que vários leitores tenham também reagido.

As televisões, porém, continuam a andar atrás do Sr Ventura. Logo que ele se aproxime de um microfone, lá estão as televisões. Um dos exemplos mais ridículos foi quando Ventura se sentiu mal na campanha eleitoral e as televisões, julgo que sem exceção, o seguiram incessantemente até às consultas no centro de saúde. Mesmo depois de se saber que a má disposição não era grave.

É que isto das audiências deve envolver muito dinheiro que as televisões não querem perder.

A comunicação social - fundamental para a informação e formação dos cidadãos - terá de refrear muitos ímpetos. E nós, leitores, ouvintes, telespectadores também, mostrando o nosso desagrado por certos exageros que só contribuem para a desinformação. E para a normalização de casos muito graves de violência, vindos de grupos extremistas.

Quanto à selva das redes sociais mais comuns, nem me pronuncio, porque não as uso. Para ‘pior já basta assim’.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Hoje, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades

 

Neste dia, os elogios à seleção portuguesa  ainda se ouvem. E ainda bem, apesar das incontáveis fortunas que o futebol mobiliza.

A vitória veio também do trabalho persistente e do esforço para vencer e isso é bom, não só pela alegria coletiva (e tanto precisamos dela!), mas também porque dá exemplos às novas gerações. Muitas figuras públicas são conhecidas de todos não porque ajudam a Humanidade, mas pelo que fazem para manipular os outros e assim aumentarem o seu poder. Por isso, bons e estimulantes exemplos são bem-vindos.

Camões, que viveu no século XVI, não foi indiferente a temas que ainda persistem de forma notória: ambição, vaidade, falsidade…

Daqui a pouco, nos discursos públicos e políticos, surgirão, por certo, citações de versos do nosso Épico. Mais valia não os encaixarem tanto neste Dia e dar mais relevo à cultura no dia a dia.

Julgo que as cerimónias públicas deste 10 de Junho começam às 10,30. Gostava de ver e ouvir  sobretudo Lidia Jorge, personalidade que muito aprecio e de quem já li alguns livros.

Vejamos se as cerimónias públicas serão uma mais-valia para todos, dentro e fora do país. Nem que fosse um grão de areia.

E vejamos se os estrondos ou pesados silêncios diários, que lembram tanto desconcerto do mundo’ de que Camões também falou, se atenuam um pouco, mas deve ser difícil pelo que se vê e escuta.

Hoje, aqui pelo Norte, também se prevê muito estrondo de trovoada. Pudesse, no final de tantas tempestades, vir a bonança. De que o mundo tanto precisa.


domingo, 8 de junho de 2025

As motas de água e o jogo quase a começar


Hoje, domingo, fui almoçar com a família a um restaurante à beira-rio. O céu estava azul quase por completo e, por cima das nossas cabeças, havia redes finas para que as glicínias não nos caíssem no prato. Se fosse no cabelo, não fazia mal; era sinal de casamento feliz entre o verão e a alegria.

Já à mesa, e olhando o estreito mas comprido areal do outro lado do rio, muita gente desfrutava da água e do sol. Mas, se procuravam o calor no corpo e o silêncio na alma, pelo menos este seria interrompido. 

 Umas três motas de água não cessavam de fazer manobras aos esses e aos saltos. E, para que as sensações fossem ainda mais vibrantes, procuravam as ondas que os barcos grandes deixavam atrás de si, para que a mota subisse da água e caísse de repente na ondulação mais apelativa.

Isto durou o tempo todo em que estivemos no restaurante, incluindo a espera pelo polvo com filetes do mesmo. Ouvindo todos aqueles motores e choques na água, eu disse para o meu neto: Não gosto de motas de água, fazem muito barulho e assustam os peixinhos!

Ele, nos seus bonitos e vivos quatro anos, que não o deixam ainda pronunciar os erres, disse: Eu adoio poque adoio andá depessa!

Sorri e imaginei que se ouvisse as motas de água no seu continuo rodopio barulhento, durante toda a tarde, não acharia piada nenhuma. E, se pudesse, não andaria depressa, mas escapava-me de lá o mais depressa possível.

Como é habitual, saltando de assunto em assunto, em conversa amena, lá chegou o polvo e estava bom, tanto o que vinha dentro,  como o que vinha fora do arroz. 

Embora o polvo seja um molusco e não um peixe, a pouco menos de uma hora do jogo Portugal-Espanha, gostaria que Portugal jogasse como peixe dentro de água. E ganhasse, é claro, mas sem fazer o alarde que fazem as motas dentro de água. A menos que seja depois de golos vencedores.


quarta-feira, 4 de junho de 2025

Amanhecer


Hoje, quando abri a janela, chuviscava. Uma espécie de orvalhada ligada aos santos populares que se festejam em breve. A minha intenção era ir cedo regar a horta, mas já não fui, embora os espinafres, as couves e os alhos franceses apenas tenham sido refrescados na pele e não na raiz.

Ontem, vi um réptil bem perto de uma porta da minha casa. Não lhe conheci a forma. Não era sardanisca (essas conheço-as bem porque, leves e fugidias, moram nas redondezas dos vasos e nos canteiros), nem sardão, nem salamandra... O que seria, então, perguntava-me eu, intrigada e assustada. Fui à net: era uma osga. Como o dr Google sabe tudo, fiquei a saber que eram inofensivas e que têm até a vantagem de comer insetos, como moscas e mosquitos. Uma amiga disse-me, descontraída, que as via por toda a parte em Timor. Outra chamou-lhe 'bichinho que faz parte do ecossistema'. Eu queria era certificar-me que não me tinha entrado em casa. Ao fim da tarde, vi-a encostadinha a um canto da parede exterior mas perto da porta. Hoje, quando acordei, fui ver se lá continuava. Não estava. Pelo sim pelo não, fechei a porta. Onde estará a osga, pergunto-me eu. Daqui a pouco, vou varrer folhas do pátio e já sei que vou estar sempre a olhar para as paredes!



Enquanto tomava o pequeno almoço, de café com leite e pão com compota de mirtilo, que fiz há dias, lembrei-me das palavras que ouvi um dia destes: 'Desde que foi despedida do trabalho, não quer sair de casa e não quer falar com ninguém'. E pensei que a solidão não afeta só os mais velhos. Fazemos pouco, incluindo-me também nesse número, para ajudar pessoas que precisam e que vivem perto de nós. Não se sabe o que fazer, nem há tempo e sobretudo não haverá vontade, porque pensamos nos problemas que também se agarram a nós. Como osgas. Que nem sempre desaparecem.

Quando passo junto de alguns jardins públicos da zona onde moro, fico muito agradada por ver flores de muitas cores que estão a ser plantadas. E não só jardins, mas rotundas, à volta de chafarizes, etc. Porém, o meu lado crítico logo me diz: vê-se que as eleições estão à porta! Mas, de facto, é um regalo ver espaços públicos bem tratados. Oxalá continuem assim. Mesmo depois de setembro!


Há muito que amanheceu! 

                       Um bom dia para todos!


domingo, 25 de maio de 2025

As filas


Não, não vou falar das filas de imigrantes que esperaram ao sol do dia e ao frio da noite para acederem a um carimbo legalizador da sua vida em Portugal. Também não vou falar das filas que se vão formando para o jogo da Taça de Portugal de hoje à tarde no Jambor que se vestirá de verde e de vermelho.

 Pois bem, falo das filas na estrada em tardes de domingo. Muitas delas rumo à beira-mar, ou ao centro comercial, ou ao café do costume para a meia de leite espumosa com torrada a escorrer de manteiga…

Parece que o relógio toca à mesma hora para todos que, com paciência ou já com falta dela, continuam na estrada em marcha, tantas vezes lenta. E não venha a falta de estacionamento estragar ainda mais a tarde!

O tempo que se previa retemperador de energias passa a ser de nervoso nada miudinho e de frias respostas tortas. 

E novas filas haverá no regresso, porque o relógio continua a tocar à mesma hora para quem foi de carro e de carro vai regressar. 

Raisparta! Mais valia termos ficado em casa - dirão muitos. Porém, no domingo seguinte, a cena repete-se noutras direções que parecem combinadas.

Em dias de tanta solidão, as filas poderão dizer que queremos ir ao encontro uns dos outros? Porém, não será a solução, porque os rostos de quem vai dentro dos carros não parecem muito felizes!

Bom domingo para todos! Com palavras boas e  quentinhas, como o pão que se vende em filas a esta hora!


sexta-feira, 23 de maio de 2025

Assuntos chatos e beijos à passarinhos!


Enquanto fazia o caminho para a ‘minha cidade com mar ao fundo’, ia pensando no motivo desagradável que lá me levava: desleixo de um condomínio que não cumpre os seus deveres.

Como era quase hora do almoço, pensei num pequeno prazer antes de tratar da coisa chata. Estacionei o carro e, coisa boa!, na rua em que tinha lugar não se pagava. E rumei à outra coisa boa: almoçar num restaurante vegetariano com ambiente agradável e uma senhora muito afável a compor os tabuleiros. Comi devagar e deliciada, sem pensar na coisa chata que teria em breve de enfrentar.

Como estava muito perto da Biblioteca Municipal, fui lá tomar um café no pequeno bar, junto da porta que dá para o exterior onde oliveiras dão sombra e calma.

Dentro do balcão, um funcionário mal disposto dizia a uma cliente que ela o desestabilizava, como acontecia todos os dias. Ela vociferava baixinho e foi-se sentar sob as oliveiras.

Pedi o café, tomei-o e não tive vontade de dizer obrigada e boa tarde quando saí.

Como ainda não estava na hora de expediente para tratar do assunto desagradável, sentei-me num dos sofás do espaço de leitura. Havia apenas um jovem no computador e eu. Depois, chegou um homem velho com o jornal, e depois outro, e a seguir outro, e outro…

Eu era a única mulher e a única pessoa desconhecida naquele pequeno concílio que se cumprimentava e logo enterrava os olhos no jornal.

Olhei o relógio: estava na hora de ir tratar do assunto chato. Deixei a bíblioteca  e atravessei o jardim com mesas convidativas. Numa, duas jovens comiam e conversavam; noutra um par de namorados dava beijinhos como passarinhos felizes e tranquilos.

Como se a vida fosse um frondoso e lindo jardim, ou condomínio competente e honesto, onde todas as pessoas fossem afáveis como a senhora do restaurante. E não houvesse assuntos chatos para tratar!


terça-feira, 20 de maio de 2025

'Segue o teu destino'



'Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver
só.

Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe
a vida.

Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.'

Odes de Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa, 1916 

 





domingo, 18 de maio de 2025

E o segundo lugar vai para… as televisões!


Estou sentada no sofá e à minha frente está a televisão desligada. Desliguei-a quando ouvi as projeções da Universidade Católica, no canal 1.

Chocou-me ver Montenegro não ser nada penalizado por comportamentos nada éticos e pela habilidade espertalhona de se vitimizar e usar de toda a lábia para fugir aos assuntos que o comprometem. Tudo em proveito próprio. 

E a tática até lhe valeu a pena porque teve um prémio! Ao longo da campanha, foi levado em ombros e ao colo, como se fosse um poço solidário de virtudes.

O que se passa com tantos portugueses que se deixam enganar com manobras egocêntricas e vaidosas?

E que exemplos estamos a dar às crianças e aos jovens?  E os professores, coitados, terão cada vez mais a vida dificultada.

E o Ventura ter tantos votos também me chocou. Nem parece verdade! Assim se normaliza o ódio, o vício, o desrespeito, a mentira, a farsa, etc.

E, perante os episódios de desmaios recentes, as televisões, todas em simultâneo, correram atrás dele e da ambulância que o levou a fazer exames médicos, mas que nada de mal foi encontrado. Isto durante horas, assim como mostraram ao pormenor os pensos que não retirou da mão e do braço para se fazer de coitadinho.. Ele brinca com coisas sérias, chorando lágrimas de crocodilo e exibindo até a pulseira do hospital.

O tempo que as televisões dedicaram a este indivíduo, neste caso e em tantos outros, seria cómico se não fosse tão trágico.

Tinha razão quem disse que uma televisão pode fazer um presidente. No pé em que as coisas estão, tudo é possível.

Andamos sempre a correr como as televisões atrás da ambulância do Ventura. Neste momento, ele estará a rir de quem lhe deu tanta ventura, isto é, mais poder  e muita audiência! 

E a farsa continua! 


Ai esta constipação, mas quero ir votar!

 

Já tinha pensado no que ia fazer para o almoço de hoje. À mesa, não faltariam ovinhos de codorniz que me deram e de que o meu neto tanto gosta. Como habitualmente me levanto cedo, logo cedinho iria votar, deixando a mesa posta, com os pratos de domingo, como costumo dizer.

Mas prever alguma coisa não é o mesmo que poder realizá-la, seja nestas pequenas coisas ou em coisas maiores. Por isso, o melhor é não ter muitas certezas sobre o futuro, ainda que próximo. Não previa esta constipação, e chegou sem avisar. Ou então fui eu que não fui devidamente avisada. E lá se foi o almoço com o meu neto à mesa, porque isto de tosses, gripes, espirros e constipações voam de uns para os outros a grande velocidade. Basta respirar.

Como à mesa não haverá os pratos de domingo, conto ir votar à hora do almoço. Haverá, penso eu, menos gente. Não esquecerei a máscara - a que se compra na farmácia ou no supermercado e não a que muitos políticos usam e que nem sempre é visível a olho nu.

Não quero deixar de acreditar que cada voto conta e que vale mais votar do que apenas ser do contra.


E, apesar de não ser do Sporting,  que está em grande e em bonita festa, apetece-me dizer: 'Só eu sei porque não fico em casa'!

Bom domingo!


sexta-feira, 16 de maio de 2025

Lobito e Pedrito na Biblioteca Municipal de Gondomar

 




Algumas das palavras ditas no dia 10 de maio 2025:

Boa tarde a todos e muito obrigada por terem vindo, porque, com família e com amigos, todas as histórias ficam muito mais bonitas e a nossa vida também.

Em primeiro lugar, e pessoalmente, quero agradecer à minha amiga Isaura Afonseca, que escreve com o pseudónimo de Maria Clara Miguel, a alegria pelo tempo de escrita deste livro, a quatro mãos, que me proporcionou.

Ambas queremos agradecer à Biblioteca Municipal de Gondomar, e à sua diretora, dra Teresa Couceiro, o bom acolhimento a que já nos habituaram; ao dr João Carlos Brito, da Editora Lugar da Palavra, que permitiu que o livro, ao qual demos o título Lobito e Pedrito, fosse publicado; e à ilustradora Ana Bessa, cujos desenhos tornaram mais sugestiva e visível a história que quisemos contar.

E uma palavrinha muito especial aos amigos a quem demos a conhecer a nossa história, antes de ser impressa, e nos ajudaram com a sua leitura. Muito obrigada, Cecília, Clementina, Fernanda, Glória, Idalina, Manuel Maria. Muito obrigada pelo tempo que nos dedicaram e pelas sugestões sábias, amigas e generosas.

E outro agradecimento muito carinhoso à Margarida, aluna da Escola Secundária de Gondomar, pela leitura que, amorosamente, preparou, com a ajuda da professora Albina,  para nós todos e que vamos conhecer daqui a bocadinho.

Obrigada também à Marisa e à Liliana que estão a ajudar-nos na venda dos livros e que logo se mostraram disponíveis quando as convidámos.

Falemos agora um pouco do modo como nasceu este nosso trabalho.

Um dia, estávamos as duas a conversar e a ideia surgiu: e se escrevêssemos um novo livro a quatro mãos? Podíamos pegar num tema conhecido e desenvolvê-lo à nossa maneira, como fizemos com Uma história do João Ratão.

E se, desta vez, as personagens principais fossem um lobo e uma criança?  É que quase todos os meninos e meninas têm medo do lobo mau. Para mais, eu tinha a experiência sobretudo do meu neto que não foge à regra.

E logo tivemos algumas ideias para possíveis personagens e para uma floresta com lobos (não vou dizer se são bons se maus!), esquilos, um caçador de nome Pisto-tiro, um menino que tem medo do lobo mau e outros seres, uns humanos, outros animais, outros do reino vegetal.

Nos tempos que se seguiram, consoante a nossa disponibilidade, a história começou a avançar, a maior parte das vezes, pela internet ou pelo telefone, porque não era possível reunirmo-nos para a escrever em presença. Os afazeres profissionais da Isaura, ou seja, da Maria Clara Miguel, que está no ativo, eram mais que muitos, e surgiram percalços que tinham, para que a vida continuasse, de ser resolvidos.

Mesmo assim, foi sempre com entusiasmo que cada uma de nós, na sua casa, escrevia um episódio e enviava para a outra. Às vezes, concordávamos, outras nem tanto e refazíamos o texto até ficar a contento de ambas, pensando sempre nas crianças que iam ler ou ouvir ler a história que estávamos a construir.

E é com muita alegria que hoje estamos aqui a apresentar o nosso Lobito e o Pedrito. Oxalá os leitores gostem da história e das ilustrações que ajudam a contá-la. E se o nosso trabalho conjunto contribuir também para afastar as crianças um bocadinho do écran e valorizarem os livros, achamos que o nosso trabalho valeu a pena. Mas ficamos ainda mais contentes se, através do nosso livro, as crianças dialogarem sobre diferentes assuntos da realidade ou dos que parecem magia, como o Pedrito da história gosta de dizer.

Mais uma vez, muito obrigada por partilharem connosco estes momentos de magia que são o encontro, a escrita e a leitura.

 

(E passo agora a palavra à minha companheira de escrita, Maria Clara Miguel).

 

Lobito e Pedrito numa tarde feliz! E precisamos tanto de momentos felizes!

 

Muito obrigada, querido amigo Manuel Maria, pelo teu comentário e fotos. E, claro, pela amizade e gentileza. Sempre.

Tomei a liberdade de transcrever aqui o comentário, com orgulho e uma pontinha de vaidade. É humano, não é verdade?!



Farol das Letras13 de maio de 2025

Deixo texto publicado no Facebook ( https://www.facebook.com/farol.letras )

No passado sábado, dia 10, assisti ao lançamento de LOBITO E PEDRITO, livro infantil da autoria de Maria Clara Miguel e de Maria Dolores Garrido, com ilustrações de Ana Maria Bessa, que primam pela sua expressividade e pelo seu colorido particularmente apelativo.
Trata-se de uma narrativa em que as autoras – através de um modo absolutamente hábil, cativante, com uma linguagem que se adequa, perfeitamente, ao nível etário a que se destina – conseguem transmitir valores e preocupações tão atuais. De tal modo que até o Pedrito vai passar a comer a sopa de legumes com uma outra vontade, coisa que, até então, não era nada do seu gosto e da sua preferência.
Eis, pois, uma belíssima oportunidade para pais, avós e demais educadores lerem uma história de encantar às suas meninas e aos seus meninos, história que, apesar da similitude dos nomes das personagens, nada tem a ver com a fábula do Lobo Mau, a não ser um grau de parentesco.
Manuel Maria


segunda-feira, 12 de maio de 2025

Impressões de 2a f de manhã


O café da cafeteira ainda não arrefeceu. O que falta já bebi. Com torradas de pão escuro que a minha filha me trouxe ontem. E que prazer o pequeno prazer de chegar à cozinha e fazer café e torradas.

Ainda à mesa, liguei o telemóvel e vi a minha neta, que vive em Londres, com o seu vestidinho de festa a tocar piano num pequeno concerto. Ouvi e voltei a ouvir várias vezes. Emocionei-me. Partilhei o concerto. Não queria que o prazer de a ouvir ficasse só comigo. E para umas amigas mais próximas, comecei assim a mensagem: Desculpem se me estou a armar…

Vejo pela janela que o céu está carregado. Talvez vá chover, como aconteceu nos últimos dias. Ontem tirei alguns vasos do seu abrigo para serem regados pela chuva. A minha mãe dizia que a água que vem do céu rega melhor.

Ainda penso na apresentação do livro Lobito e Pedrito de sábado passado e que escrevi com a Maria Clara Miguel, pseudónimo de Isaura Afonseca. Foi bonito ter família e amigos connosco (em breve, partilho imagens) e a leitura do primeiro episódio, por uma aluna da Escola Secundária de Gondomar, foi maravilhosa. Merecidamente aplaudida.

O meu computador pifou quando 6a f passada introduzi uma pen antiga. Talvez com vírus e eu não sabia. Eu disse raisparta e não sei se disse outras coisas que o melhor é não repetir. Espero que tenha conserto e não perca o que lá tenho gravado.

Não sei se a campanha eleitoral já recomeçou a esta hora. Vai ser a última semana. Os políticos vão dar tudo por tudo para cativar os nossos votos. Para a semana já não haverá tanta paciência para tantos beijinhos e abraços em feiras e romarias Pela água abaixo, irão muitas promessas e a dona culpa, coitada, continuará solteira. Mesmo assim, oxalá encontremos faróis a sério. Bem precisamos.

Daqui a pouco, aqueço um pouco mais de café. Sabem bem pequenas coisas que nos aquecem os dias!

Boa semana para todos (ainda não me habituei a dizer todas e todos)!


sexta-feira, 9 de maio de 2025

Valha-nos Nossa Senhora!

 

Como se diz agora, faço a minha declaração de interesses: sou católica e gosto de ir a Fátima.

Contudo, ver campanha eleitoral em Fátima ou figuras públicas com câmaras de televisão atrás para filmar  choca-me profundamente. É usar a crença religiosa dos outros  para proveito próprio. 

Claro que uma arruada em Fátima dá votos e os políticos sabem-no bem. Também as figuras públicas que se ajoelham com poses estudadas para que a sua imagem seja ‘abençoada’ pelo público.

Valha-nos Nossa Senhora!


A partir de ontem, temos novo Papa, anunciado pelo fumo branco, tão esperado. Logo que soube, liguei a televisão e esperei para que fosse anunciado o nome do Sumo Pontífice e se mostrasse ao mundo, vindo à janela da Catedral de S. Pedro.

Confesso que, quando foi anunciado que o Papa era natural da América do Norte, senti desilusão porque logo pensei em Trump que, na sua colossal e louca autoestima, tinha divulgado a sua imagem vestido de papa. Não tardaria que se vangloriasse da eleição nas redes sociais.

Porém, ouvindo o discurso de Leão XIV, tentei banir de mim o preconceito e a acreditar que até poderá ser benéfica a sua influência na Paz de que o mundo tanto precisa. Vamos ver.

Talvez o Papa venha a Fátima, como fizeram vários dos seus antecessores. Se vier, quero crer que não é à procura de votos fáceis nem de imagem para vender mais.

Valha-nos Nossa Senhora!


sábado, 3 de maio de 2025

Corações ligados

 

💗1. A mãe foi buscar o filho pequeno à escola. O menino, quando viu a mãe, começou a correr pelo corredor fora ao seu encontro. Na mãozita pequena, com muito cuidado para não a deixar cair, trazia a prendinha feita na sala com a educadora, para a mãe, porque ia ser o seu Dia. Logo que chegou junto da mãe, disse a sorrir, na ternura tímida dos seus quatro anos:

- Mamã, o meu coração está ligado ao teu.

A mãe sorriu, deu-lhe um abracinho e os olhos dela encheram-se de lágrimas felizes.



💔 2. Numa sala de aula, a professora pediu aos alunos, adolescentes, que escrevessem uma carta à mãe. Vinha a propósito porque tinham dado a estrutura da carta e o Dia da Mãe era no domingo seguinte. Podiam até oferecê-la à mãe nesse dia. Ela ficaria feliz, com certeza.

Um dos alunos recusou-se a escrever. A professora perguntou porquê. 

- A minha mãe morreu há um ano e não consigo escrever.

Nos olhos da professora irromperam lágrimas tristes e, contra o costume, logo aceitou o pedido do aluno para ir lá fora apanhar um pouco de ar.


BOM DIA DA MÃE!

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Convite - Sejam bem-vindos!


 

No primeiro Primeiro de Maio fui para a rua; hoje não vou. Porquê?

 

Nesse dia, fui de mãos dados com o meu namorado com quem viria a casar. Ele tinha um mini e fomos para o Porto, como tanta gente, como um mar de gente vinda de todo o lado. Os nossos olhos abriam-se em liberdade naquela imensa multidão na Praça da Liberdade. Nunca nenhum de nós tinha visto uma coisa assim, habituados que estávamos a que mais do que uma pessoa já era ajuntamento. 

Que me lembre não voltei a nenhum comício, mas aquele ficou-me na memória e no coração.

Admiro muito quem vai para a rua lembrar os direitos e deveres de cada um, porque cada um tem um papel importante na sociedade. E assim lembram valores da Liberdade.

Neste âmbito, viu-se que o governo já não teve muita vontade de comemorar o 25 de Abril e, para animar os jardins de S. Bento, foi escolhido o Tony Carreira. A este propósito, gostei de ouvir o Pacheco Pereira, no passado domingo, no programa ‘O princípio da incerteza’ da CNN, dizer que  a festa do 25 de Abril em Portugal corresponde ao 14 de Julho em França. Por isso não pode ser minimizado. E concordei também com ele quando disse que em vez de Tony Carreira então  era melhor convidar o Quim Barreiros.

Agora digo eu: se fosse o Quim Barreiros o convidado, ele ainda faria algum jogo de palavras brejeiras a  rimar com jogos de poder e isso não conviria nada!

Na minha modesta opinião, os políticos são muito necessários para o bom funcionamento do país, mas é difícil encontrar um que entusiasme, no qual a gente se reveja. Às vezes, escolhe-se o que achamos melhor. Do mal o menos.  Aquele que se dedique à causa pública sem cinismos, sem tanta mentira ou meias verdades, sem fazer dos outros parvos…

Pois bem, prevejo e desejo que o meu dia seja tranquilo e doméstico. Por opção minha.  Irei ao meu quintal regar as plantas abrigadas da chuva e ver as que a aproveitaram.

Coisas pequenas e boas, mas feitas com o bem infinito que é a Liberdade. 


quarta-feira, 30 de abril de 2025

E depois do apagão


Segunda-feira, 28 de maio, 11.33 da manhã, vai ficar na história dos dias às escuras. Muitas prateleiras de supermercados ficaram vazias. Pelo que muitas pessoas disseram, esgotou a água, esgotou o leite, esgotou o papel higiénico, esgotaram as pilhas, esgotaram os enlatados… só se espera é que muita coisa açambarcada não se apague no lixo!

Mas, felizmente, não esgotou a paciência, a resiliência, a adaptação a novas situações, à aceitação de riscos que corremos cada vez mais.

Não sou frequentadora de redes sociais, mas, pelo se diz, bem acesa esteve a desinformação, que teve ainda mais espaço porque a Proteção Civil nada enviou para os telemóveis, como faz em tantas ocasiões. E não faltaram culpas atribuídas e desculpas de quem governa, como é costume.

E foram muitos os elogios para a rádio que, a cada minuto, informava as pessoas, num verdadeiro serviço público, que foi reconhecido. 

E também não faltaram as caricaturas cómicas sobre o apagão. Acho incrível essa capacidade de rir e fazer rir quase momentânea em situações problemáticas.

E, com este grande apagão, aprendemos muitas coisas. E vimos crianças a brincar sem estarem ligadas a vídeos. E demos mais valor às mercearias de rua. E houve interajudas até para aquecer a comida…

Ah, e tenho de comprar pilhas para um rádio antigo que tenho, e algumas latas de atum, alguns pacotes de leite, etc. Não vá outro apagão tecê-las!




terça-feira, 29 de abril de 2025

'O que fomos e o que somos'


Conheci esta canção de Lena D'Água no Expresso Curto de hoje. Gostei e quis agora partilhá-la. 

Para além da voz, que o tempo não estragou, a letra é bonita e a animação também. E lembra a esperança - tão importante nos dias que correm!

Oxalá gostem.

Um dia bom para todos, sem andarmos às escuras!



segunda-feira, 28 de abril de 2025

A mentira, afinal, tem perna longa!


Ensinamos às nossas crianças que não se deve mentir. E contamos-lhes histórias em que o conselho é apresentado de forma bonita e motivadora. Porém, o mundo real - embora muito do que se passa nos livros seja baseado na realidade - é bem diferente.

E os maiores e maus exemplos vêm de quem devia dar o exemplo, isto é, por quem quer governar o mundo ou o país. Mentem, cortam o que não interessa da verdade, referem apenas o que lhes é favorável, criando meias verdades ou completas mentiras. Como o Sr Ventura, que se quer fazer de pobre para cativar quem de facto o é, e diz que a sua casa é pequenina e, afinal, é em condomínio de luxo e tem mais do dobro do tamanho que tanto repetiu.  Porém, o closet é pequenino, disse ele em programa da tarde!!! Quantas são as casas que têm closet? Muito poucas, acho eu.

Isto faz-me lembrar a história da princesa que se dizia muito muito pobre: o palácio era pobre, o jardineiro era pobre, o motorista era pobre, as empregadas eram pobres!!!! 

E o pior é que a mentira vai sendo normalizada. Talvez porque os problemas de cada um são grandes, talvez porque as pessoas andam cansadas e não queiram mais chatices, talvez as pessoas fujam de mais problemas porque já bastam os seus, como o pouco dinheiro ao fim do mês, etc.

Hoje à noite, haverá o último debate entre os dois candidatos a futuro primeiro-ministro. Oxalá não haja muitas mentiras, embora não faltem de certeza muitas meias verdades, de modo a pincelar melhor a realidade. Felizmente há sempre a possibilidade de fazer zapping. Seja como for, oiça o que ouvir, quero ir votar no dia 18 de maio e já sei em quem vou votar. O voto de cada um raramente é desperdiçado. Oxalá continue a ser verdade.


domingo, 27 de abril de 2025

Apetece-me escrever, mas pouco tenho para dizer!

 

Há dias assim. Domingos assim. Levantei-me cedo. Queria fazer o almoço para a família, mas sem pressas. Ainda ontem não sabia bem o que fazer. Decidi fazer bacalhau espiritual. Nome curioso!  Foi a primeira vez que fiz. O aspeto é bom, mas ainda está no forno e ninguém se sentou sequer à mesa. 

Tinha bolinhos de bacalhau congelados e resolvi fritá-los. Se por acaso o bacalhau espiritual não estivesse bom, salvava-se o espírito da coisa e havia mais alguma coisa, para além da sopa que o meu neto, felizmente, não dispensa.

Pois é, enquanto fritavam, lembrei-me de mandar os parabéns a um amigo que fazia anos. Tenho o costume - ou mania, sei lá - de fazer uma quadra e enviar. Só que, desta vez, ou demorei a captar a inspiração, ou a fritura andou mais depressa, e… deixei queimar alguns bolinhos!!!!

Veremos o espírito dos meus comensais!

Para a sobremesa, fiz uma torta de chocolate: um rolo, como sempre dizíamos em casa.

Parece bom, visto por fora! Mas acho que tenho de aprimorar. Já sei que vão dizer que está bom, mas que nunca estou satisfeita com o que faço! Oxalá tenham razão!

Bom domingo! Só com algum açúcar e bem mais afeto!


sexta-feira, 25 de abril de 2025

A triste capa do medo


Vivi a minha infância e parte da juventude antes do 25 de Abril de 74 e o sentido da palavra medo estava presente por quase toda a parte.

Havia medo dos castigos de Deus, havia medo dos poderosos, havia medo de dizer não, havia medo de falar, havia medo de reagir, havia medo de fazer diferente, havia medo de discordar, havia medo de parar na rua em grupo, havia medo de ler livros que o poder condenava, havia medo de não aceitar a guerra colonial, havia medo de reivindicar, havia medo de mudar o ‘entre marido e mulher não metas a colher’ e muitos mais.

Agora, 51 anos passados do 25 de Abril de 1974, o medo continua a existir, sob formas antigas e outras mais sofisticadas. Como as guerras de toda a espécie.

Mas há uma diferença enorme: pode-se falar. Pode-se dizer a palavra Liberdade. 

Porém, muitos se interrogam até quando, porque o andar da carruagem não é muito promissor. Mas a esperança num mundo melhor ainda é possível. Não a percamos. De outro modo, a palavra Liberdade fica mais arruinada. 

E é triste ouvir dizer que, no nosso país, antigamente é que era bom. Não, não era. Havia mais respeito? Não, não havia; vestia era a triste capa do medo.

                  BOM 25 DE ABRIL!

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Páscoa Feliz para Todos!


Uma filha perguntou-me há dias: Mãe, o que vais fazer de manhã? Respondi-lhe: Nada de especial, filha, algumas pequenas coisas. Julgo que não disse, mas pensei: e que me são necessárias.

Embora não me possa queixar, tenho cada vez mais necessidade de dispor de algum tempo, sem obrigações, sem ter de fazer isto ou aquilo com horas marcadas. Ter tempo e programa por minha conta. Hoje, conto ter um dia assim e fico contente, embora goste de muitos afazeres do dia a dia e de sentir que posso ser útil sobretudo à família mais próxima.

Ao fim da tarde, vou ter a visita de uma ex-empregada, agora amiga. Trabalhou cá em casa uns quarenta anos. Ajudou-me e ajudou as minhas filhas a crescer. Como de costume, irá trazer-me hortaliças e ovos caseiros. E coisas para contar. E desabafos a fazer. E da vida que, com a sua força e vontade, vai fazendo renascer todos os dias. E da casa que alindou para receber o compasso e a Páscoa.


Há muitos muitos anos, passei alguns dias do final da Semana Santa numa paróquia de Vale de Cambra, onde um tio meu era padre - Senhor Prior, como os paroquianos diziam. Eu era adolescente e gostava de ouvir rádio. As estações que se ouviam eram a Emissora Nacional, a Rádio Renascença e o Rádio Clube Português. Lá em casa, o ambiente era austero e ainda mais em tempo de Quaresma. Porém, sempre que eu podia, ligava o meu rádio de pilhas para ouvir músicas de que gostava, com o transistor quase encostado ao ouvido, de tão baixinho que punha o som. Foi quando, na 6ª Feira Santa, ouvi a voz do locutor a anunciar, julgo que no Rádio Clube Português: A emissão será interrompida às três da tarde, hora da celebração da morte de Jesus Cristo. Será retomada amanhã, Sábado de Aleluia. 

O mesmo aconteceu nas outras rádios. Lembro-me que fiquei triste, mas nem disse nada à minha tia, que andava sempre ocupada com as tarefas da casa, e muito menos ao meu tio, recolhido que estava no escritório, talvez a reler textos bíblicos sobre a morte e ressurreição de Cristo. Falar-lhe da falta que fazia um rádio seria demasiado pagão.

PÁSCOA FELIZ PARA TODOS!

segunda-feira, 14 de abril de 2025

‘O ruído que há em nós’

 

‘Bom Dia!’

‘Começo por propor um pequeno desafio: no momento de começar a ler este Curto, feche os olhos, respire fundo e pare sete segundos só para ouvir o que se passa à sua volta. Se por acaso conseguir escutar o silêncio sinta-se feliz, mas o mais provável é ter ouvido carros a passar na rua, uma buzina, um avião, o toque de um telemóvel, a televisão na sala ao lado, gaivotas, uma máquina qualquer a trabalhar, vozes ou até um zumbido dentro de si. (…)’

Começa assim o Expresso Curto de hoje, ao qual Margarida Cardoso deu o título que utilizei. A jornalista refere experiências de profissionais e estudos feitos que comprovam os prejuízos do ruído na nossa saúde e que podem levar a que a vida seja bem mais curta.

Fiz o exercício proposto no início e ouvi o exaustor na cozinha, carros a circular na rua, chilreios de pássaros na japoneira do jardim, vozes de pessoas a passar. Nada mau, mas estou em casa e vivo entre aldeia e vila.

Porém, há lojas, sobretudo em Centros Comerciais citadinos, onde os decibéis da música são altíssimos. Trabalhar assim muitas horas não deve ser fácil; talvez por isso só são contratados os  muito jovens. E inúmeras situações existem em que as pessoas estão expostas continuamente ao ruído.

O mesmo acontece no lazer. Algumas esplanadas à beira-mar têm a música tão alta que as pessoas tendem a falar igualmente alto. O som do mar é completamente anulado e até a vista é desviada.

Se o silêncio é pesado, custa muito, mas criar para si próprio momentos de silêncio e proporcionar aos outros esse prazer, muitas vezes não custa nada. E a Vida de cada um agradece.


domingo, 13 de abril de 2025

Domingo com ramos


No Domingo de Ramos, há muitos muitos anos, a minha irmã e eu íamos à missa das nove e meia e levávamos um raminho para benzer. Era a minha mãe que o fazia. No ramo, havia sempre alecrim, oliveira e flores do nosso jardim. Lembro-me sobretudo dos goivos. Muito perfumados.

Benzido o ramo, a minha mãe conservava-o para ajudar a proteger-nos das trovoadas.

Hoje, logo de manhã, levei-lhe um raminho de flores variadas que colhi no meu jardim e pu-las na jarra, bem perto da foto em que está sorridente ao lado do meu pai.

Porém, no ramo que deixei, não havia oliveira, porque não tenho; nem alecrim porque me esqueci; nem goivos porque falta-nos sempre alguma coisa. Ou é alguém?


terça-feira, 8 de abril de 2025

A funcionária faladora


Chequei ao hospital para fazer análises. Não havia fila. Fiquei admirada e contente. Vi que a funcionária, que estava junto à máquina das senhas, era simpática e faladora.

A seguir a mim, chegou uma senhora com um belo ramo de flores. A funcionária faladora, enquanto retirava a minha senha, disse, olhando para ela:

- Hoje não faço anos!

Eu, já que o clima bem disposto estava criado, disse também uma graça, sorrindo:

- São para mim!

Foi então que ouvi da funcionária faladora:

- Sou  sincera, não gosto de flores!

- Não gosta? 

Perguntámos as duas quase ao mesmo tempo.

- Não gosto mesmo; prefiro uma carteira, uns brincos…

E outra pessoa chegou. A linha a seguir era a rosa. 

Que estranho e que estranha coincidência, pensava eu, enquanto esperava a chamada que em breve chegou: Senha 243, posto 1!


sábado, 5 de abril de 2025

Sentidos


Plantei rosas e floriram. E como gosto de só as ver no jardim!

Plantei alhos franceses. E com eles faço sopa e refogados que me deliciam.

Plantei tulipas há uns anos. No inverno, fecham-se na terra e abrem-se, belas, na primavera.

Cortei as ervas daninhas do quintal e, mesmo assim, florzinhas amarelas, também daninhas, aparecem e pintam o terreno. Com beleza e sem  dano.

Podei as trepadeiras do muro e voltaram a crescer. Não querem ver apenas um dos lados.

Tudo isto me dá alegria.


Liguei a televisão para ver notícias. 

Tudo isso me deu tristeza.


sexta-feira, 4 de abril de 2025

Adiamento

 


Afinal, a apresentação do livro, prevista para a tarde de amanhã, sábado, na Biblioteca Municipal de Gondomar, vai ser adiada por motivos de doença muito grave de familiares muito próximos da minha companheira de escrita - Maria Clara Miguel (pseudónimo de Isaura Afonseca) - pelo que  tomámos essa decisão.

Quando for marcada nova data e novo local, comunico. Oxalá possa ser na Biblioteca Municipal que é um lugar com muita luz e de que gosto muito. Vamos ver.


quarta-feira, 2 de abril de 2025

Ontem foi o Dia das mentiras?

 


Ontem foi o 'Dia das mentiras'. Ou será hoje? Ou seria anteontem? Ou seria nos dias anteriores e nos próximos? É difícil saber, porque os exemplos de quem devia dar  exemplos de verdade são maus.

'A mentira tem perna curta' é provérbio em queda porque mentir parece ter perna cada vez mais longa e o tamanho do nariz de Pinóquio mantém-se quando mente, e não cresce como acontece na história. 

Muitas crianças e jovens vão crescendo pensando que é legítimo mentir,  omitir o que os pode prejudicar, distorcer a verdade, culpar os outros do que acontece de mal, fugir do que lhes traz incómodo...


Ontem tirei algumas fotos a flores do meu jardim e partilho algumas. E pensei que ainda bem que a primavera, tal como as outras estações, cumpre rotinas de beleza, apesar de todas as formas de mentira e de violência que existem no mundo. Perante toda a dureza, ambição desenfreada, pontapés na verdade, até parece ingenuidade dizê-lo, mas se quem o faz olhasse para a natureza, incluindo a natureza humana, e não apenas para si próprio, tudo seria bem melhor. E o futuro seria menos perigoso.


Ontem respondi a mensagens que recebi com mentiras engraçadas e que não trazem mal ao mundo. Ri-me com algumas. Espero que tenham rido também com as que enviei. Será que rir com mentiras simples inventadas no dia 1 de abril pode evitar que tanta gente chore todos os dias por causa de tanta mentira e de tanto atropelo na verdade? Era bom que assim fosse.


domingo, 23 de março de 2025

Convite

 

Se puderem passar por lá, serão muito bem-vindos!




sábado, 15 de março de 2025

Continuo a amar-te, cidade com mar ao fundo!


Nunca se falou tanto de Espinho, pequena e bonita cidade com o mar por perto e saudáveis passadiços e gostosos restaurantes e atividades culturais e lojas ou mercados onde se encontra tudo o que é preciso e muitos olás porque quase toda a gente se conhece e muitas tradicionais devoções e os pregões na voz sonora das peixeiras e as belas ainda que mais curtas praias… 

… por onde circula o necessário e explicado dinheiro.

Porém, Espinho  entrou no mapa dos media sobretudo pela famigerada Spinumviva (até custa a dizer o nome!), a casa da família Montenegro donde se avista o mar e um mar de problemas, as influências da câmara municipal em cores diferentes…

… por aqui, a acreditar em notícias, circulam dinheiros que um cidadão normal acha mal explicados.

Contudo, não deixarei de ir à ‘minha cidade com o mar ao fundo’. Continuarei a amar a sua maresia, mas as coisas confusas que até espantam e roubam a alegria, não!


sexta-feira, 14 de março de 2025

Enquanto isto, sou isto; enquanto aquilo, sou aquilo!


Diz-se, e com razão, que todos temos várias camadas, como uma cebola, mas custa-me entender que figuras públicas que ocupam cargos de grande responsabilidade e de necessária isenção façam afirmações que negam qualquer  imparcialidade que, legitimamente, lhes é exigida.

Depois, perante questões sobre o que disseram, a justificação que habitualmente surge é que as palavras foram ditas enquanto exerciam a função A e não a função B. Neste caso está o presidente da Assembleia da República que afirmou, recentemente, que o líder do PS fez pior à democracia em meia dúzia de dias do que o líder do Chega  em meia dúzia de anos. Disse-o com a sua bem penteada candura, mas que não esconde a raiz da crítica feroz.

Instado sobre esta afirmação, lá veio a justificação do costume: as palavras foram ditas enquanto membro do seu partido e não como presidente da assembleia da república. Como se a política fosse um palco em que se veste e logo se despe uma camisola.

Todos agimos de forma diferente consoante os momentos e os contextos em que estamos ou que vivemos. Porém, quem se expõe publicamente por livre vontade, como é o caso dos políticos que exercem cargos que requerem  isenção terão, na minha modesta opinião, de saber gerir o que dizem e que terá eco em todo o país, não ficando apenas num grupo restrito  de amigos em conversa descontraída à mesa do café.

Isto de se dizer tudo até ao insulto e tudo se justificar depois para ficar bem na fotografia não é nada bom exemplo, sobretudo para os jovens. Por isso, estes desligam da política e procuram outras redes.

Enquanto anónima cidadã e sabendo que alguma imparcialidade também vive em mim, como em toda a gente, é isto que penso enquanto observadora de coisas esquisitas que se passam e que ‘vemos, ouvimos e lemos’. 

Venham alegrias! Venham também confrontos, mas menos agressivos; precisamos deles enquanto… Pessoas.


P.S. Ontem, vários deputados choraram pela morte de Miguel Macedo, figura muito apreciada no PSD. Apesar da tristeza do momento, apreciei ver aqueles homens grandes (mas nem sempre grandes homens) com a voz embargada e a chorar, dando um sinal de humanidade. Será que é também um sinal de que em vez da fúria de tantos debates haverá mais educação? Enquanto eleitora e sobretudo enquanto pessoa gostava que sim.


segunda-feira, 10 de março de 2025

'Tenho a perceção … tenho mesmo!’

 

Quem já não ouviu o que digo em título? Basta estar atento às notícias. O sr primeiro ministro e o líder parlamentar do seu partido repetem e repetem estas afirmações sobre os mais variados assuntos.

Quanto a mim, anónima cidadã, ‘tenho a perceção… tenho mesmo’ de que a vida está a  piorar para os homens, para as mulheres, para os jovens, para as crianças…

Felizmente há celebrações, como o recente  Dia da Mulher, mas não escondem um problema que se está a generalizar, como a erva daninha do meu quintal: O que acontece de mal é sempre culpa dos outros e o melhor é destacar o que corre bem, porque para o resto não há tempo nem paciência!

O sr primeiro ministro é acusado de recebimentos mal explicados, mas nem fala disso sequer nos seus discursos em que promete novos projetos e aproveita para culpar os outros. Para ele, a oposição e os jornalistas são os maus da fita que não o deixam governar. 

A omissão e o passa-culpas estão num crescendo, não só em Portugal, o que faz muito mal, sobretudo aos jovens que precisavam de exemplos que os ajudassem a formar-se e não apenas a olhar para o poder e para o dinheiro num salve-se quem puder.

‘Tenho a perceção’, como muita gente, de que a tempestade atual não é só meteorológica. ‘Tenho mesmo’. 

                 Boa semana, com boas perceções!


quinta-feira, 6 de março de 2025

'Sei um ninho'

 


'Sei um ninho.

E o ninho tem um ovo.

E o ovo, redondinho,

Tem lá dentro um passarinho

Novo.

 

Mas escusam de me atentar:

Nem o tiro, nem o ensino.

Quero ser um bom menino

E guardar

Este segredo comigo.

E ter depois um amigo

Que faça o pino

A voar…'

 

Miguel Torga


terça-feira, 4 de março de 2025

Carnaval


Por todo o país, há hoje divertidos festejos e desfiles carnavalescos. Durante umas horas, mostra-se o trabalho minucioso de longos meses. Apesar de reconhecer todo esse alegre entusiasmo, eu não teria vontade de enfrentar filas de trânsito e multidões para ver o corso passar. No entanto, o Carnaval de diferentes regiões do interior do país  seduz-me e está a atrair muita gente.  Poderá ter a vantagem de maior conhecimento e valorização de terras que tantas vezes são esquecidas. Pode ser que para o ano lá vá!

Caretos de Podence (Macedo de Cavaleiros).

Carnaval em Lazarim (Lamego)


Para além deste carnaval que nesta terça-feira tem o seu apogeu, o país e o mundo estão  a viver um carnaval cujo fim se desconhece. Por vezes com máscaras, outras sem máscara nenhuma.

Por cá, e à dimensão do nosso país, é o desfile mediático encabeçado pelo primeiro ministro com a sua famigerada empresa e muitos adereços a reboque, uns mascarados, outros não.

Do outro lado do Atlântico, no país mais poderoso do mundo, desfila um corso gigante com  cinco letras à frente, ainda mais gigantes, para que se possam avistar em todo o universo (tenho um familiar muito próximo americano que stressa de vergonha pelos desatinos do presidente do seu país).

Bom Carnaval para todos, com saúde e alegria. É que tristezas não pagam as dívidas que a humanidade já está a pagar.


domingo, 2 de março de 2025

Poder, dinheiro…

 

… culpa sempre dos outros… 

Isto vai mal também no reino de Portugal. Não é saudável ver políticos andar na passerele da vaidade, como se dissessem: ponham os olhos em mim: sou rico e poderoso. A mim, não me atinge qualquer mácula. Eu quero-posso-e-mando e o resto é conversa de quem é uma nódoa.

No imbróglio em que  se deixou enredar, o primeiro ministro, nas poucas vezes que fala, omite factos comprometedores como a avultada avença que recebe da instituição, que também depende do estado, preferindo a cabala que jornalistas e adversários políticos tecem, no seu entender. É triste o exemplo do passa-culpas, da vitimizacão, da omissão ou meias-verdades de quem ocupa cargos públicos de tanta importância.

Numa dimensão estratosférica, foi horrível  ver Zelensky a ser humilhado na sua visita a Trump - homem tresloucado que vê o mundo como um feudo que julga ter o direito de manipular pelo seu imenso poder e imenso dinheiro. Por isso, calca e humilha quem não  lhe interessa ou de quem não gosta. 

O vídeo sobre a impensável Riviera  de Gaza é um tremendo insulto à humanidade, é dar chutos nos mais fracos e querer brindar junto da estátua de quem domina o jogo do mais forte.

A ânsia do poder e do dinheiro corrompem cada vez mais o mundo, mas tentar demonstrar que a culpa é sempre dos outros - sobretudo dos seus adversários - arruina e mina igualmente a humanidade.

As novas gerações seguirão facilmente estes exemplos que se vão normalizando, em pequena ou grande dimensão, e aos quais  vamos assistindo perplexos e impotentes.

Assim, nem apetece brincar.

Bom domingo para todos, com coisas que nos façam felizes e aos outros também!