Em finais de novembro, foi apresentada a coletânea Promidades, com textos escritos por 29 autores de Gondomar. Eu, que nasci e sempre vivi em Gondomar, desconhecia que tantas pessoas gostavam de escrever e que tinham obras publicadas. Como o tempo está frio, escolhi este pequeno texto para partilhar, ao qual dei o titulo 'Neve'.
Neve
O menino, com alegre e real
vivacidade,
falava de neve como se
nela tivesse caminhado com os seus próprios pezinhos;
lembrava bonecos de neve,
feitos com o macio e frio material;
desenhava uma janela donde
se viam flocos de neve a cair, cobrindo o pequeno jardim de ondulada brancura;
contava jogos com bolas
de neve e fazia gestos redondos para os explicar;
repetia - «‘Adoio’ a neve»,
com os olhitos a brilhar. Como não sabia pronunciar os erres, substituía-os pelo
i, suave letra que cria palavras como infância, imaginação…
Quando um dia mais tarde
contaram ao menino, que já não era menino, este bocadinho da sua infância, ele sorriu
e recordou, nitidamente, paisagens de neve de que então falava e que causavam estranheza
a quem o ouvia. Sabia que existiam em
livros de histórias e em muitos dos seus sonhos.

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